
Em Seara, no Oeste Catarinense, uma aposta sustentável tem contribuído para ganhos surpreendentes na produtividade e no consumo mais barato de energia: o biodigestor. Há 15 anos, o produtor Rodrigo Bissolo mantém uma unidade produtora de onde anualmente saem 160 mil leitões. Manter a qualidade do ambiente e a climatização adequada para os animais é essencial e isso requer energia.
Há um ano, a conta de energia elétrica da propriedade chegava a R$ 70 mil. Hoje está zerada. E quanto mais aumenta a produção, mais crescem os desafios, como na questão dos custos com a energia e com os dejetos, que precisam ser descartados de acordo com as leis ambientais.
Os resíduos produzidos pelos animais impactam em todo o ambiente. O dejeto em uma esterqueira fermenta, liberando gás metano que, ao ser solto na atmosfera, produz mais gás do efeito estufa.
Um problema que pode vir a ser uma solução, como explica o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária da Seara, Vamiré Luiz Sens Jr “Quando você trata ele no sistema fechado, você captura esse gás, utiliza ele um gerador para a produção de energia elétrica.”.
Com o biodigestor, o processo de combustão do biometano acaba originando CO2, que é 28 vezes menos poluente do que o metano. O sistema funciona com bactérias que transformam matéria orgânica em biogás e biofertilizante.
Rodrigo Bissolo assegura que, no seu caso, o biodigestor, assim como outras tecnologias limpas, “transformou o que era despesa em ganho e renda”.
“Agrega em torno de 3,5% a mais no faturamento da propriedade”, comenta.
A energia fotovoltaica, que vem do Sol, completa e potencializa o negócio. Com esses dois sistemas, biodigestor e energia solar, a propriedade se torna autossuficiente – ou seja, é capaz de gerar toda a energia que consome sem precisar de outras fontes mais caras e não tão sustentáveis.
E tudo se consolida por meio de uma parceria com a empresa Seara, que assessora o produtor com informações e orientações técnicas. “Nós temos uma equipe de extensão. São os técnicos agrícolas que acabam interagindo bastante com os produtores, levando as vantagens competitivas da tecnologia”, conta Vamiré.
Uso de biodigestor garante gasto cinco vezes menor no custo de energia 4yx1f

Distante 80 quilômetros de Seara, chegamos ao município de Marema, onde está localizada a granja do empreendedor Gilson José Nardi, que produz dez mil leitões por mês. Ele instalou dois biodigestores na sua propriedade e afirma não imaginar mais a sua atividade sem o sistema.
“Sem a produção de energia com o dejeto eu tinha um custo entre R$ 52 mil e R$ 53 reais. Com o sistema de biodigestor, por exemplo, a minha conta veio em R$ 10 mil no mês ado”, relata o produtor.
O calor do motor que transforma o biogás em energia elétrica, também é bastante útil. Ele serve para aquecer água. No caso da granja, isso é essencial e requer volume. Já o resíduo que não é utilizado na geração de energia também tem seu destino assegurado: vira biofertilizante para atender as lavouras.
Para o gerente de Sustentabilidade Agropecuária da Seara o ganho para o produtor e para a empresa é mútuo. “O produtor ganha mais competitividade, agregando mais sustentabilidade, ambiental e econômica, no seu processo. Já a empresa acaba agregando valor ao seu produto e quem ganha com tudo isso é o nosso cliente”, ressalta Vamiré.