Cidadãos que procuraram a Dibea (Diretoria de Bem-estar Animal) de Florianópolis para recolher animais abandonados se depararam com as portas fechadas na última semana. Com superlotação, o órgão não está acolhendo novos bichos.

A sede no bairro Itacorubi está atendendo normalmente para consultas e castrações. Em 2024, foram realizados 6.734 atendimentos médico-veterinários para moradores de Florianópolis com renda de até três salários mínimos.
No entanto, não há vagas para recolher cães e gatos no momento. Conforme a Dibea, a superlotação se deve ao alto volume de abandonos e baixo índice de adoção em Florianópolis. O local atualmente abriga 200 animais e somente em 2024 foram resgatados 397.
De acordo com a Dibea, a época de fim de ano é ainda mais crítica e registra um aumento significativo nos casos de abandono. Em especial, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, quando muitos adotantes se desfazem dos animais após as festas de Natal e Ano Novo.
“O maior problema hoje é gerado pelo fato de que o animal é visto apenas como objeto e o descarte é feito assim que o dono julga necessário. Se o órgão abrir mais mil vagas, vamos recolher mil animais e assim por diante”, afirma a diretoria em nota ao ND Mais.

A Dibea utiliza as redes sociais para incentivar a adoção dos cães e gatos resgatados de situações de maus-tratos. A meta é dar aos bichinhos uma família acolhedora e amorosa. Segundo o órgão, a tristeza contribui para a morte dos animais idosos, que aguardam anos por um lar, sem nenhuma esperança.
“É preciso também contar com a colaboração e empatia da população local com a causa, reconhecendo que a Dibea não se trata de um depósito de animais, mas sim, uma casa de agem”, ressalta a entidade.

Dibea fiscaliza ocorrências de maus-tratos 21482t
A Dibea também fiscaliza diariamente boletins de ocorrência relacionados a maus-tratos. Se preciso, vai até o local, deixa um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), retorna para conferir se as providências foram tomadas e, em casos extremos, aciona a polícia e efetua a prisão.
É importante lembrar que maltratar animais é crime no Brasil, conforme a Lei Federal de Crimes Ambientais nº 9.605/98. Em caso de maus-tratos a cães e gatos ou abandono, a pena é reclusão de dois a cinco anos.
Segundo a DPA (Divisão de Proteção Animal) da Polícia Civil, foram instaurados 4.274 inquéritos para apurar crimes de maus-tratos a animais em Santa Catarina nos últimos cinco anos, até abril de 2024.

Campanha “Dezembro Verde” incentiva a adoção 184n3r
Para combater o abandono e os maus-tratos, a Semae (Secretaria do Meio Ambiente e da Economia Verde de Santa Catarina) lançou a campanha “Dezembro Verde” no mês ado.
Assim como nas campanhas da Dibea, o objetivo é incentivar a adoção responsável e sensibilizar a população sobre a importância do bem-estar animal. O mês escolhido para o Dezembro Verde está associado ao Dia Internacional do Direito dos Animais, celebrado em 10 de dezembro.
“O abandono de animais é um reflexo de um comportamento irresponsável, mas podemos mudar isso com atitudes conscientes e solidárias. A adoção responsável e a educação ambiental são essenciais para combater essa realidade”, alerta o secretário de Meio Ambiente e Economia Verde, Guilherme Dallacosta.
Dibea alerta para as principais causas de abandono 316l2k

De acordo com Fabricia Costa, diretora da Dibea, as principais causas de abandono de animais são:
- Cadelas e gatas prenhas;
- Ninhadas;
- Animais doentes;
- Mudança de domicílio;
- Chegada de crianças;
- Problemas comportamentais;
- Problemas relacionados a falta de espaço nas moradias;
- Estilo de vida dos tutores;
- Falta de informações sobre a responsabilidade e custos gerados pela guarda dos animais;
- Adoção ou compra de animais de forma impulsiva, principalmente em dezembro, onde as pessoas estão mais tocadas com o espírito natalino e também os familiares que querem presentear as crianças no período de férias.

Nesse sentido, a castração dos pets é a principal medida para reduzir o abandono.
“Os municípios precisam ter programas de controle populacional de cães e gatos, por meio da castração de forma planejada. A castração precisa chegar nos locais onde estão os animais em risco de procriação, com isso o resultado será visível, menos animais nas ruas e menos sofrimento”, aponta Fabricia Costa.
A Diretoria de Bem-Estar Animal Estadual criou o programa de castração de cães e gatos chamado “Pet Levado a Sério”, cujo edital de inscrição dos municípios deve ser lançado em breve.
Segundo a Semae, serão 281 cidades catarinenses atendidas até 2026, o que representa 95% do estado. Com investimento de R$ 19 milhões, o projeto visa castrar mais de 80 mil cães e gatos em toda Santa Catarina.