Uma menina de nove anos foi socorrida após ser mordida no dedo anelar da mão direita por um morcego, enquanto brincava perto de casa em Irani, no Oeste de Santa Catarina.

O caso foi atendido pelo Corpo de Bombeiros Voluntários na tarde do domingo (26), mas foi informado à imprensa nesta terça-feira (28).
Segundo informações dos bombeiros voluntários, a criança foi avaliada e apresentava quadro clínico estável. Ela foi conduzida ao Pronto Atendimento de Irani para avaliação médica.
Antes que os bombeiros chegassem, a mãe da criança matou o morcego. O animal foi levado com a criança para dar os encaminhamentos necessários.
“É importante ressaltar que morcegos podem transmitir diversas doenças, sendo a raiva a mais grave e potencialmente letal. Além da raiva, eles também podem transmitir tétano e infecções locais mais leves”, ressalta o Corpo de Bombeiros Voluntários.
Morcego foi enviado para análise no Lacen/SC f45g
A bióloga da gerência de Saúde da DIVE (Diretoria de Vigilância Epidemiológica) em Chapecó, Deyse Angelini, informa que o morcego foi enviado ao Lacen/SC (Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina), em Florianópolis, onde ará por análise.
“A criança recebeu a profilaxia pós-exposição, com vacina e imunoglobulina antirrábica”, acrescenta.
Deyse ressalta que a orientação à população é de sempre que encontrar morcegos deve ser acionada a secretaria de saúde do município para que eles enviam o morcego (de qualquer espécie) para o Lacen, onde é realizado exame para raiva.

Segundo a bióloga, sempre que humanos encostarem, forem mordidos ou arranhados devem procurar imediatamente atendimento médico para receber soro e vacina antirrábica, pois os morcegos podem ter o vírus da raiva, independente da espécie.
“Às vezes, as pessoas acham que apenas o morcego hematófago transmite raiva, mas não é verdade, qualquer morcego tem risco alto de transmitir”, alerta.
Espécies 1b69g
O gestor regional da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), de Chapecó, e médico veterinário, Ivan Ulsenheimer, explica que existem mais de 170 espécies no Brasil, o número é próximo de 1.200 no planeta.
Segundo ele, pela foto não tem como determinar a espécie. Para confirmar, será necessária a análise morfológica no animal. “É possível falar dos riscos relacionados à raiva, já que eles são vetores do vírus da raiva. Especialmente o hematófago, mas qualquer espécie pode estar contaminada”, comenta.
Grupos de morcegos 2m593j
Ulsenheimer cita que os morcegos são classificados em grupos conforme seu hábito alimentar. Sendo eles:
- Insetívoros: se alimentam de insetos;
- Frugívoros: se alimentam de frutas;
- Nectarívoros: se alimentam de néctar das plantas e pólen das flores;
- Carnívoros: se alimentam de pequenos vertebrados;
- Hematófagas: se alimentam de sangue;
Com relação as espécies hematófagas, o médico veterinário esclarece que são apenas três espécies, sendo que uma delas está presente na região (desmodus rotundus)
“A transmissão da raiva pode ocorrer para qualquer espécie de mamífero, como para humanos. Portanto, qualquer espécies de morcegos pode se contaminar com o vírus da raiva, mesmo que não sejam espécies hematófagas”.

Controle em SC 65176w
O gestor da Cidasc em Chapecó ressalta que a Companhia realiza atividades de controle populacional do morcego hematófago em Santa Catarina.
Ulsenheimer explica que são feitas atividades de controle no campo e, para isso, a Cidasc depende da contribuição dos produtores rurais para notificarem as ocorrências de mordeduras de morcegos em seus rebanhos.
“A partir disso, buscamos fazer a localização dos abrigos de morcegos, e, assim, fazer o controle populacional para reduzir a incidência de ataques desse morcego e a ocorrência da raiva”.