Um caso surpreendente foi relatado por um estudo científico no Rio Grande do Sul: uma fêmea híbrida entre um cachorro e um canídeo selvagem foi descoberta após um atropelamento na cidade de Vacaria, em 2021.
A criatura, de pelagem escura com poucos pelos brancos, é uma mistura dos dois animais, e se tornou a primeira espécime a ser registrada na América do Sul.

O atropelamento que acabou por revelar o animal, aconteceu dois anos atrás, mas o estudo completo do híbrido foi publicado somente neste mês, pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). As informações são do Portal UOL.
Fêmea híbrida tinha sido atropelada 3c1h5
Tudo começou com o acionamento da Patrulha Ambiental da cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul, após o atropelamento de um animal. Com o atendimento, os agentes classificaram o animal como um canídeo selvagem, possivelmente da espécie “graxaim”.
O mamífero estava com uma extensa lesão na lateral do abdômen e foi encaminhado ao Hospital Veterinário da UFRGS para receber cuidados médicos.
As características do animal chamaram a atenção de pesquisadores da universidade: ele tinha pelagem escura e com poucos pelos brancos, semelhante a um cão doméstico. Por outro lado, se recusou a comer ração, e preferiu se alimentar de ratos. Começou aí a investigação sobre a espécie real da fêmea.
Estudo científico 6r6r16
Após uma completa recuperação do animal, os pesquisadores realizaram um estudo detalhado da fêmea e fizeram uma descoberta surpreendente: ela era, de fato, um híbrido resultante do cruzamento entre um cachorro doméstico e um canídeo silvestre.
A partir de análises de amostras de pele e sangue da fêmea coletadas depois de uma sedação, a equipe descobriu que o animal teria ascendência materna de graxaim-do-campo.
Esse tipo de cruzamento, até então inédito na América do Sul, chamou a atenção da comunidade científica, que publicou um estudo completo no periódico “Animals”, no início de agosto.
Os autores do estudo são Bruna Szynwelski, Cristina Matzenbacher, Thales de Freitas, Flávia Ferrari e Marcelo Alievi, todos ligados à UFRGS, juntamente com o professor Rafael Kretschmer, da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
“Embora essas espécies tenham divergido há cerca de 6,7 milhões de anos e pertençam a gêneros diferentes, parece que poucas alterações ocorreram em seus materiais genéticos, o que possibilita a hibridização”, afirma Kretschmer.