Para seres humanos que se recuperam de lesões ou possuem alguma deficiência, usar uma cadeira de rodas não é incomum. Mas a rotina de Nano, um ‘cão salsicha’ paraplégico de Santa Catarina, ganhou grande alcance depois que ele teve os bastidores do dia a dia compartilhados pela tutora na internet.

Cão salsicha tem rotina de atleta
A aparência fofa é apenas uma das inúmeras características de Nano, um cão da raça dachshund que tem 4 anos e leva uma rotina de recuperação digna de atleta. Isso porque, há pouco mais de seis meses, ele perdeu o movimento das patas traseiras e ficou paraplégico.
A tutora relembra que, em outubro de 2023, o cão salsicha acordou cambaleando no meio da madrugada e minutos depois ela percebeu que ele já não movimentava mais duas patas.
“Após consulta e exames, descobrimos que Nano teve uma compressão da medula espinhal causada por uma hérnia de disco. Das classificações da hérnia de disco, Nano é um grau 5, ele perdeu os movimentos, a sensibilidade e os reflexos dos membros pélvicos”, explica a tutora Luiza Ramos Cardoso, de 28 anos.

Após o diagnóstico, Nano foi submetido à cirurgia e precisou ficar internado por cerca de quatro dias e a nova realidade também pedia cuidados especiais.
“A gente precisou adaptar toda a nossa casa e a nossa rotina para receber ele. No início foi muito difícil mas, com a prática e com a ajuda que recebemos dos nossos amigos e familiares, as coisas foram ficando mais fáceis”, diz Cardoso.
Predisposição a problemas de saúde
Os cães da raça dachshund possuem predisposição a problemas na região da coluna por conta de uma alteração genética chamada condrodistrofia – anomalia que afeta o crescimento ósseo e causa a degeneração precoce dos discos entre as vértebras.
Além do cão salsicha, raças como: pequinês, buldogue frânces e inglês, pug, poodle (mini e toy), lhasa-apso, shih-tzu, beagle, cocker spaniel americano, welsh corgi e basset hound, também podem ser afetados por problemas na região da coluna.
Sintomas de problemas na coluna em cães:
- Dor
- Fraqueza nas patas
- Mudança repentina no comportamento
- Dificuldade nos movimentos
- Dificuldades para urinar e defecar
- Alterações no apetite e gritos sem motivo aparente
O cão ‘Nanotecnológico’
A rotina de tratamento do cão salsicha Nano é quase uma preparação de atleta, envolvendo sessões na reabilitação duas vezes por semana, o que inclui: eletroacupuntura, magnetoterapia, laser, hidroesteira, ozonioterapia, aplicação de vitamina B12 e cinesioterapia, além de uma medicação específica para dor neuropática e suplementos.

Toda a movimentação feita na fisioterapia é não apenas para estimular os movimentos do cãozinho, mas também para evitar a sobrecarga nos ombros pela falta do trabalho das patas traseiras.
“Ele já teve diversos avanços, mas a recuperação é lenta e comemoramos cada pequena evolução”.
Para ajudar no tratamento, em dezembro do ano ado Nano ganhou um reforço importante: uma cadeira de rodas tecnológica que simula o movimento de caminhada nas patas afetadas pela lesão na coluna.
O equipamento foi feito especialmente para se adequar às necessidades do salsicha e as peças foram produzidas em uma impressora 3D – com direito à placa com o nome de Nano e até o rosto dele.
“Logo na primeira sessão de fisioterapia do Nano na clínica de reabilitação a fisioterapeuta nos indicou a cadeira de rodas com pedal fisioterapêutico, que é um ório que pode ser retirado e colocado conforme a necessidade”, comenta a tutora.

O pedal citado por Luiza funciona como um estímulo de marcha para as patas de Nano. Devido à lesão, ele agora precisa reaprender a andar. Mas além da cadeira, o cachorro tem ajuda da irmã Nala, outra salsicha cheia de energia que é responsável por apoiar o irmão nos exercícios diários.
Com vários seguidores e vídeos que já ultraaram 100 mil visualizações na internet, Nano e Nala já têm até parcerias com marcas famosas e fãs que se dedicam a acompanhar a rotina da dupla.
“Comecei a compartilhar a rotina deles no início no isolamento da pandemia, quando as aulas da pós-graduação que eu estava fazendo foram suspensas. Estava em casa com eles e meu namorado, comecei a tirar muitas fotos para registrar o crescimento da Nala e do Nano e quis compartilhar. Acabei criando um perfil para eles para mostrar a rotina dos dois da forma mais leve e real possível”, afirma Luiza.
Luiza compartilha registros da rotina do cão salsicha na internet – Vídeo: Instagram @nanoenala/Reprodução/ND
Cuidados
Luiza relembra que nos 15 primeiros dias após o procedimento, Nano ainda corria riscos sérios de vida e que quase encerrou as atividades do seu perfil na internet para se dedicar integralmente aos cuidados dele.
“Confesso que quando Nano ficou paraplégico, pensei em largar o perfil deles. Eu tinha medo de absolutamente tudo. A rotina ficou bem corrida, mas hoje vejo o perfil como uma oportunidade de ajudar as pessoas que estão ando pelo mesmo, como outros perfis nos ajudaram, e mostrar que um cão paraplégico pode sim ser muito feliz”.

“Nano voltou a ser como era, apenas com algumas limitações. Lembro que na 1ª sessão com a fisioterapeuta, ela me disse que sabia que ao olhá-lo eu não via mais o meu Nano, mas que em algum tempo eu iria falar para ela: ‘Ainda é o meu cachorro, ele só não anda’ e foi exatamente o que aconteceu”.
“Nano ainda tem chances de voltar a andar, mas digo que isso é um detalhe, o que mais importa é que ele é um cão muito feliz e saudável” – Luiza Ramos Cardoso.
Hoje, com a rotina totalmente adaptada a Nano e Nala, Luiza também conta com o apoio de familiares e amigos para dar todo o conforto que a dupla de salsichas precisa, mas sem esquecer, claro, do amor.