Santa Catarina é o primeiro estado brasileiro a proibir o agrotóxico Fipronil, que é utilizado em lavouras de soja, algodão e cana de açúcar. A portaria da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) define que o produto não pode ser utilizado em lavouras no estado, por ser apontado como um dos motivadores da morte de milhões de abelhas.

Em 2019, foi registrado um recorde de mortes de abelhas: em menos de um mês, mais de 50 milhões de insetos da espécie morreram no interior de Santa Catarina. O número assustou apicultores como Maurici Pedro Schmidt, que conta que na época tinha 30 colmeias e chegou a ficar com apenas sete. Técnicos da Cidasc analisaram amostras das colmeias afetadas e confirmaram a presença do agrotóxico.
O Fipronil utilizado nas lavouras pode afetar abelhas e colmeias inteiras mesmo a quilômetros de distância uma vez que estes insetos podem viajar em um raio de até 5 quilômetros para coletar o pólen. Segundo Ivanir Cella, presidente da Faasc (Federação dos Apicultores), “a abelha visita as flores e acaba coletando o néctar contaminado com o produto, então leva resíduos do agrotóxico para a colmeia. Como ele tem um grande poder de matar, acaba eliminando toda a colmeia”
Para tomar a decisão de proibir o Fipronil, produtores foram ouvidos para que não fossem prejudicados. O engenheiro agrônomo da Cidasc, Matheus Mazon Fraga, explica que existem outras formas de combate às pragas: “a gente conversou com o setor produtivo e eles demonstraram que não tem essa dependência para o controle da praga, o que facilitou o avanço da proposição que nós tínhamos de restringir o uso no estado.”
As abelhas são insetos essenciais na biodiversidade, na agricultura e no desenvolvimento da economia. Em Santa Catarina, por exemplo, grande parte da fruticultura é bem desenvolvida por conta da polinização da abelha. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação mostram que 85% das espécies de plantas com flores e 70% da agricultura dependem das abelhas, como polinizadoras, para a reprodução.
O uso do inseticida foi proibido apenas nas lavouras. A sua utilização de forma doméstica contra pulgas e carrapatos, e também a aplicação controlada em sementes, continuam permitidos já que estas formas de aplicação não afetam as abelhas.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.