Você já ouviu falar na “Cultura Maker”? O movimento tem ganhado cada
vez mais força nos últimos tempos, e pode ser simplificado e facilmente entendido pelos termos “faça você mesmo” ou “colocar a mão na massa”.
A ideia, em resumo, é ar a realizar certas atividades sozinho, em casa.
A prática, de acordo com especialistas, é de grande auxílio para a qualidade de vida de seus adeptos. Ela reforça a proatividade, o bem-estar, e ainda pode gerar uma série de benefícios para a saúde e até para o próprio bolso.

De acordo com a professora e pesquisadora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Clarissa Stefani, o período da pandemia foi um grande impulso para o movimento ao redor do mundo.
“A pandemia abriu uma oportunidade para mostrar a existência do movimento maker, o chamado DIY, Do It Yourself, presente nos Estados Unidos desde a década de 1940. Este movimento traz a visão de que qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa, ou seja, colocar a mão na massa para consertar, modificar, criar e produzir objetos”, explica.
A especialista ressalta que a prática foi de extrema utilidade em um momento de escassez de matérias-primas para insumos fundamentais para a saúde.
“A boa surpresa foi que os ‘fazedores’, aqueles que já eram adeptos ao movimento maker, apoiaram fortemente a produção de equipamentos de proteção individual para as pessoas da área da saúde, como médicos e enfermeiros, produzindo máscaras faciais de proteção ou ainda máscaras para serem doadas a comunidade geral. As ações realizadas na pandemia foram por vezes chamadas de coletividade de sobrevivência”, lembra.
Além disso, a Cultura Maker ajudou as pessoas a enfrentarem o lockdown com um pouco mais de qualidade de vida, aliviando o estresse e a tensão. Na visão da especialista, o movimento tem tudo para ganhar muitos novos adeptos nos próximos anos.
“Acredito que o movimento deve permanecer e que a pandemia tenha verdadeiramente impulsionado essa nova prática. Porém, o movimento deve ser fomentado, em casa, nas escolas e na própria universidade”, destaca.
Zum-zum-zum direto da sacada 316j3i
Ter uma colméia na sacada do apartamento pode causar pânico em algumas pessoas, certo? Mas essa é uma excelente opção para a saúde e
bem-estar. Segundo a engenheira sanitarista e ambiental Stefania Martins Hoffmann, que tem um projeto voltado para a prática, isso pode ser uma fonte de grande inspiração.
A startup Urbees é focado em meliponicultura urbana. “Assim ele surgiu, com a criação de abelhas nativas na cidade, que pode ser feito por qualquer pessoa que tem condições ambientais favoráveis”, conta Stefania.

A profissional explica que as abelhas são fundamentais para o ecossistema, e existe um altíssimo número de espécies que não oferecem perigos para as pessoas.
“O propósito é de regenerar os ecossistemas urbanos, porque as abelhas são fundamentais para os ecossistemas. O projeto veio para reconectar as pessoas com a nossa biodiversidade”, afirma.
Ok, a prática ajuda no resgate das abelhas e no meio ambiente, mas como ela auxilia o bem-estar das pessoas? Segundo Stefania Martins, há explicações biológicas para isso.
“Tem um conceito que eu gosto muito de utilizar, chamado biofilia, do biólogo Edward Wilson, que diz que todo ser humano tem tendência de se conectar com outras formas de vida. Isso porque em 99% da nossa história evolutiva a gente ou em contato com a natureza.
O contato com animais silvestres, como são as abelhas nativas, nos conecta com essa tendência natural, isso traz ganhos de qualidade de vida”, explica.
Fazenda de superalimentos dentro de casa 2vx5b
Imagine ter uma fazenda dentro do apartamento. Plantar e colher os vegetais frescos e nutritivos. Esse é o propósito da Fazenda Biomas, startup de Florianópolis co-fundada por Laíla Ribeiro e Leonardo Corrêa.
“As fazendas urbanas verticais inteligentes produzem hortaliças em qualquer lugar a partir de um ponto de energia. Nosso propósito é
conectar as pessoas aos alimentos e produzir alimentos super saudáveis e super frescos, de uma forma limpa, transparente e sustentável”, explica Laíla.
Os microverdes podem ter 40 vezes mais nutrientes do que as plantas adultas. “A gente gostaria de tornar esses superalimentos íveis a todos. As hortaliças perdem até 50% do seu valor nutricional nas primeiras horas após a colheita e, normalmente, quando elas saem do campo, demoram dias para chegar à cidade”, afirma.
“Trazendo a produção de alimentos para dentro das cidades, o mais próximo possível dos locais de consumo, através das fazendas modulares, as pessoas conseguem literalmente ver o seu alimento crescer”, completa.
A co-fundadora da Fazenda Biomas destaca também que esse é um nicho que tende a crescer muito nos próximos anos.
“De fazendas verticais e de agricultura urbana, a gente espera muito que no futuro tenhamos um grande aumento, uma rede de fazendas espalhadas nesse centro nos centros urbanos, e para isso a gente vai precisar de pessoas que cuidem dessas fazendas e que talvez possam até ter uma produção de micro verdes em casa e ganhe uma renda com isso. Acredito que é algo que tende a crescer muito. As pessoas, dentro da sua própria realidade, não necessariamente com tanto investimento conseguirem fazer coisas criativas, inovadoras que gerem resultado financeiro e também que gerem o bem-estar, da realização. Iniciativas mais voltadas à sustentabilidade, à inovação, à saudabilidade”.
A Cultura Maker, conforme Laíla Ribeiro, foi influenciadora na criação do que hoje já é uma empresa.
“Tem muito a ver com a nossa essência de empresa, foi justamente por aí que a gente começou. Pesquisamos muito sobre as fazendas verticais, fizemos a adaptação de equipamentos que existem no mercado para outros fins. Então, a gente mesmo que construiu todas as nossas fazendas”, explica Laíla.
Esse desenvolvimento ou pela automatização de hardware e processos de plantio. “Eu fico muito feliz que essa cultura tem crescido e se expandido cada vez mais, incentivando a criatividade, o empreendedorismo”.
Despertar maker 4y4b30
Clarissa Stefani ressalta que não faltam exercícios, atividades ou tarefas para quem quer começar neste movimento.
“O leque de opções é praticamente infinito. Podemos ter práticas de fazer objetos decorativos até a própria automação de casas. Em muitos casos, observa-se que as pessoas, especialmente aquelas da economia criativa, iniciaram suas atividades com apoio do movimento maker e fazem desta prática seu sustento. Como práticas reais, são encontradas peças de vestuário, como bolsas, relógios em madeira, embalagens personalizadas e alimentação, ou ainda desenvolvimento de maquinário como as impressoras 3D que também apoiam o fazer.”
A especialista pontua que as inovações tecnológicas têm um papel fundamental no aprimoramento das funções e a difundir a Cultura Maker.
“A tecnologia cada vez mais oportuniza meios para que os conhecimentos possam ser aplicados no mundo real. O movimento maker permite que as pessoas, com criatividade, utilizem de poucos recursos para fazer muito. Como o movimento é colaborativo há uma grande rede de apoio para que isso aconteça. Os próprios espaços makers, localizados em diversas partes do mundo, podem ser utilizados. No Brasil, existem muitos ambientes de inovação que promovem esse apoio. Mas você pode iniciar algumas conversas com amigos, entendendo o que eles estão criando.”