Será que vai ser bom? Será que ele/ela vai gostar? E o meu corpo? Luz acesa ou apagada? Será que vou agradar? Muitas vezes a própria pessoa ativa a sua falha sexual. Mas seria apenas a ansiedade a vilã?
A ansiedade é uma emoção vivenciada por quase todas as pessoas, ao menos em algum momento de suas vidas. No campo sexual é o sentir-se receosa(a), preocupada(o) diante de uma nova experiência sexual ou até mesmo em relacionamentos a longo prazo. Pode vir a ser um problema a depender da intensidade, do tempo e do sofrimento. Logo, não deve ser uma condição normalizada, mas sim compreendida e (re)elaborada.

A evolução dos estudos sobre o papel das emoções na queixa sexual nos revela que a ansiedade já foi a protagonista das emoções nas dificuldades e disfunções sexuais. Mas, nem todo sujeito terá seu funcionamento sexual inibido pela ansiedade. Hoje já sabemos que a ansiedade pode também ativar a função sexual. O que quero dizer com isso? A ansiedade afeta todas as pessoas, mas quais serão afetadas pela ansiedade sexual de forma a inibir a resposta sexual?
Saiba que o que vai valer na hora do sexo é a presença de suas emoções positivas (prazer, desejo, intimidade) e não a presença das emoções negativas (ansiedade, vergonha, preocupação).
Vou trazer hoje duas situações que podem ativar as emoções negativas em mulheres, incluindo a ansiedade, evidenciadas pela ciência e que também percebo e são recorrentes em meus atendimentos clínicos e na plataforma Sexo sem Dúvida. São elas: problemas com a autoimagem corporal e a ansiedade de desempenho.
As dificuldades com a autoimagem corporal é o não estar satisfeita com seu corpo, com a sua aparência física. Existe uma bagagem cultural e social que exige da mulher estar em um padrão de corpo que não cabe a todas as mulheres. E isto pode causar, além da ansiedade sexual a baixa autoestima.
Por exemplo, a preocupação da mulher com seu corpo pode trazer emoções negativas, uma hipervigilância nas posições sexuais e o que pode ou não mostrar do seu corpo, e assim desligar-se dos estímulos sexuais, Daí vem a falha sexual. Veja, não é apenas a sua ansiedade a protagonista, mas também o culto ao corpo e a baixa autoestima.
Já o sentimento de inadequação na cama, ou seja, a ansiedade de desempenho sexual relacionada a sua performance, pode ter emoções negativas não ligadas só a ansiedade, mas também a preocupação em se soltar na cama e “ser demais” ou mostrar-se “de menos” para conseguir um relacionamento. São situações culturalmente cotidianas na vida da mulher, na sua construção de identidade e que alimentam a vergonha, não apenas a ansiedade.
Como reverter tudo isso? O trabalho com a terapia cognitiva sexual é bem-vindo. A (o) profissional capacitada (o) vai trabalhar com você de forma colaborativa, para que você tome consciência de suas crenças distorcidas, aprenda a modificá-las e dar a devida direção na sua vida sexual prazerosa, satisfatória e saudável.
Você aprende o que significa sexo para você, o que te excita, quais distrações interferem na sua atividade sexual e vai aprendendo a se comunicar. Lembrando que a comunicação é um dos pilares da sexualidade, junto ao prazer e a reprodução. Logo, a terapia cognitiva sexual pode te ajudar a regular suas emoções e a ressignificar o sexo para você.
E o que você pode fazer? Focar no momento (mindfulness) e no seu corpo, enquanto instrumento de prazer e afeto (independente da forma). Muitas vezes a ansiedade estará presente sim, porém ela pode te ajudar na ativação sexual, e não necessariamente inibir sua atividade sexual.
Vai depender da forma como você a regular e também no que você aprendeu sobre o que é o sexo, o prazer, a intimidade. Respeitando seus valores e desmistificando crenças aprendidas. Dessa forma, você poderá ter uma vida sexual prazerosa e saudável.