Eu sou a caçula, ou melhor, a “rapa do taxo” de quatro irmãos. Minha mãe me teve aos 41 anos e, até então, seu filho mais velho já tinha 10 anos. Minhas outras três irmãs variavam entre 16 e 18 anos, ou seja, todos já grandes. Para ela foi um choque! Para mim também!
Ver meus irmãos viverem suas vidas me fez criar muitas expectativas sobre ser adulta logo! Vivi boa parte dos meus 25 anos com uma sirene me alertando que eu precisava crescer, amadurecer e ser independente o quanto antes, apesar de a minha família ser bem protetora.
Há cerca de um ano e meio eu vivo a vida adulta “de verdade”, longe da minha mãe e morando sozinha. E olha… É mais difícil do que eu pensei! Mas eu não estou sozinha nessa. Uma pesquisa feita pelo LinkedIn com mais de mil profissionais brasileiros entre 25 e 33 anos de idade identificou que 80% deles foram atingidos pela “Crise dos 25”.

Escrevo sobre a “Crise dos 25” vivendo o auge dela 4r6zn
Em inglês, o termo é conhecido como quarter-life crisis ou “crise do quarto de vida”, marcada como a época em que muitas pessoas am a reavaliar as escolhas que fizeram no início da juventude como formação, profissão e todos esses questionamentos que são um prato cheio para a ansiedade.
Ao todo, 65% dos jovens entrevistados afirmaram que a pressão maior é para a compra da casa própria, seguida por questões envolvendo carreira, entre elas, o desejo de encontrar um emprego apaixonante (46% dos entrevistados) e como ter as qualificações certas para o trabalho (39%).

Amanda Soares, 26 anos, é esteticista, decoradora de festas e mãe. Desde o início da vida profissional se dedicou ao segmento da beleza e, desde 2020, tem se equilibrado entre a carreira e a maternidade.

Seu primeiro emprego foi como auxiliar de cabeleireiro. Depois, ela atuou como monitora de ônibus escolar e, em seguida, começou um estágio em estética facial e corporal. Em 2018, Amanda empreendeu e abriu uma sala para atendimento como autônoma em estética facial e corporal em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina.
Na fase adulta, Amanda se deparou com muitas responsabilidades e se questionou se era possível dar conta de tudo sozinha, um sentimento comum entre os jovens na mesma faixa etária que ela.
“Existem muitas responsabilidades para que apenas uma pessoa seja capaz de lidar com elas sozinha. Com toda certeza a vida financeira é a parte mais difícil de istrar. Como autônoma não tenho controle do quanto vou ganhar a cada mês”, destaca.
Quando criança, Amanda achava que o mais legal em ser adulto era ter independência. “Gostava da ideia de ter autonomia. Hoje, além de cuidar da minha própria vida, cuido de outra vida que depende de mim. Ser uma mãe jovem é bom porque temos mais disposição. A dificuldade é lidar com as críticas, com as opiniões que não foram pedidas e com os olhares julgadores”, desabafa.

Voltando à pesquisa feita pelo LinkedIn, 37% dos jovens entrevistados têm verdadeiro pavor das dívidas. Além disso, a pressão por uma promoção no trabalho é a razão da ansiedade de 35% das pessoas ouvidas.
As pessoas que se sentem mais pressionadas a alcançar sucesso e estabilidade tem entre 32 e 33 anos. Para 75% delas, a crise atinge diversas áreas da vida como relacionamentos, além, é claro, da carreira profissional.
“Estou vivendo a crise dos 25 desde os 22” 30622p
Beatriz Vieira, 25 anos, é empresária, maquiadora desde os 14 anos e influenciadora digital. Ainda criança ela percebeu que tinha talento para trabalhos manuais. “Quando eu era pequena já fazia trabalhos manuais muito bem, desenhava muito bem e comecei a pintar meus desenhos com sombra de maquiagem”, relembra.
Ela percebeu que seria uma ótima maquiadora quando, após sair do salão de beleza, se decepcionar profundamente com o resultado da produção. “Eu nem quis ver as fotos, me senti horrorosa. Desde então decidi que iria maquiar a mim e as minhas amigas, mas não imaginava que essa se tornaria a minha profissão”, conta.

Após concluir o Ensino Médio, Beatriz ficou um ano sem trabalhar enquanto estudava estética. A fase, segundo ela, foi bastante difícil. “Eu tive depressão e fiquei mal, na cama. Na mesma época terminei um namoro e me vi improdutiva, o que me deixava ainda mais triste”, explica.
Enquanto estudava estética, ela se debruçava ainda mais sobre técnicas de maquiagem. “Conversei com uma menina que trabalhava dando curso de maquiagem e foi ali que despertou minha vontade de trabalhar com isso”, disse.
Beatriz faz parte da geração Z, que é tão marcada pela inquietação. “Quando coloco uma coisa na cabeça, eu faço. Estou aprendendo a frear meus impulso, mas os questionamentos sempre rondam: como não ser esquecida? Como continuar no auge? Estou na crise dos 25 desde os 22! Quando comecei meu novo relacionamento, pensei: ‘estou crescendo, sou adulta, tá na hora de me mexer!’ Meu namorado me ajuda em tudo. Instala luz, quebra parede, entra nas loucuras comigo”, conta ela.

A ansiedade também é uma marca dessa geração. Para Beatriz, os relacionamentos e as mudanças profissionais são as demandas mais difíceis de istrar.
“Eu penso que esta é a fase em que eu mais tenho que trabalhar e conquistar minhas coisas. Logo vem os 35 e eu tenho muitos objetivos a conquistar até lá. Quero crescer, quero que a minha empresa ande bem e que as pessoas que trabalham comigo, também. Isso me deixa muito ansiosa. A gente tem que istrar esses sentimentos e cuidar da nossa saúde”, desabafa ela.