O Mercado Público é um ícone de Florianópolis, mas sempre foi um poço de problemas. A prova mais cabal disso foi o incêndio de 19 de agosto de 2005, que destruiu o interior da ala norte porque as medidas mais elementares de prevenção foram ignoradas pela prefeitura e pela istração do estabelecimento.
A tragédia, contudo, era apenas a ponta de um gigantesco iceberg que escondia outros tipos de descasos com a segurança, irregularidades nos contratos, atrasos no pagamento de aluguéis ao município, enfim, uma série de ilicitudes que beneficiavam muitos comerciantes, com a complacência – ou a cumplicidade – do poder público.

Neste sentido, o fim das irresponsabilidades e a mudança no mix do Mercado, a partir de 2015, tiveram a importante participação do jornal Notícias do Dia.
Aliás, desde os anos 1990 a RIC interfere nos destinos da casa, porque fez uma campanha para viabilizar a pintura do prédio, então bastante maltratado pela falta de melhorias.
A partir de 2009, com reportagens denunciando o acúmulo de problemas istrativos e de gestão, a cidade foi se dando conta da bomba-relógio que era o histórico prédio construído em 1899 e ampliado, com a construção da ala sul, em 1931.
As reportagens do ND escancararam a transferência irregular de titularidade dos espaços, a precariedade das instalações, que traziam riscos para lojistas e usuários, e um mix que não acompanhou as novas demandas da população da Capital. Havia a necessidade de preservação, valorização e modernização do Mercado e a legalização dos boxes por meio de licitação.
A primeira tentativa de mudar o regime vigente ocorreu em 2008, mas encontrou muitas resistências entre os comerciantes. A situação foi se deteriorando, a ponto de em 2012 o Corpo de Bombeiros fazer um alerta de risco de sinistro porque as mangueiras do sistema de prevenção eram usadas para lavação e a fiação elétrica estava exposta.
Em maio de 2009, para surpresa geral, um projeto da Câmara de Vereadores propôs o adiamento, por 15 anos, da licitação dos boxes do Mercado Público.
Uma reforma era amplamente reclamada, mas faltava dinheiro, segundo a prefeitura, para iniciar os trabalhos. Em maio de 2010, a prefeitura itia que 45% dos boxes estavam inadimplentes com o município. No mesmo mês, a Justiça deu seis meses para que a licitação fosse realizada.
Dívida de quase R$ 3 milhões 6o426e
Foi em novembro de 2010 que uma comissão apresentou à prefeitura a proposta de mudança de modelo para o Mercado. O processo avançou em abril do ano seguinte, com a entrega de propostas feitas por empresários para ocupar os boxes disponíveis. Àquela altura, a dívida do Mercado Público com a prefeitura, por conta de aluguéis não pagos, chegava a R$ 2,8 milhões. Alguns lojistas estavam havia dez anos sem honrar suas obrigações.

Em junho de 2012, a prefeitura fechou 32 boxes de comerciantes que não cumpriram prazo para negociar o pagamento dos débitos. Em janeiro do ano seguinte um incêndio atinge o box 44 da ala norte. Em maio, a licitação para mudar o mix avançou, oferecendo opções como livraria, floricultura, padaria e alimentos regionais. Empresas que participaram do processo candidataram-se a ocupar os 82 boxes da ala norte e os 41 da ala sul.
A reabertura parcial da ala norte ocorre em junho de 2014, enquanto a ala sul continuava em obras. A reforma se arrastava, assim como o processo de licitação, mas em junho de 2015 os boxes da ala sul foram liberados para os comerciantes.
Finalmente, em 5 de agosto de 2015, o público invadiu o corredor da ala sul e o entorno para conhecer o novo Mercado Público. Shows marcaram a reabertura definitiva da casa. No final, 111 boxes foram ocupados nas duas alas, oferecendo 54 tipos distintos de atividade comercial.
No dia da reabertura, o ND e a RIC TV acompanharam as solenidades e a festa em tempo real, durante 12 horas. Depois de 19 meses de restauração, 104 permissionários (sendo 46 novos) avam a operar no Mercado.