Indenizações, traumas e sem culpados: incidente no Monte Cristo completa 2 meses 5k3143

Reservatório de água se rompeu e destruiu casas no Monte Cristo, em Florianópolis; Alesc ouve nesta terça-feira (7) responsáveis pela obra

Dois meses depois do incidente, nesta terça-feira (7), representantes da empresa que construiu o reservatório da Casan que se rompeu no bairro Monte Cristo, em Florianópolis, serão ouvidos por deputados na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina). A oitiva quer esclarecer a responsabilidade do caso que afetou 506 moradores.

Cenário foi de completa destruição no bairro Monte Cristo – Foto: Leo Munhoz/NDCenário foi de completa destruição no bairro Monte Cristo – Foto: Leo Munhoz/ND

O líder comunitário, Fernando Azevedo, afirma que a Casan tem prestado e, com o pagamento de indenizações, que começaram a ser desembolsadas três dias depois do fato.

As vítimas já receberam R$ 8,5 milhões em indenizações pelos danos do incidente de 6 de setembro.

Como a Casan pagou R$ 8,5 milhões às vítimas no Monte Cristo 4m3823

Ao ND+, a Casan informou que a maior parte das indenizações foram pagas para reconstrução de imóveis. Móveis vem logo em seguida. Veja:

  • Imóveis: R$ 3,3 milhões
  • Móveis: R$ 2,5 milhões (categoria abrange danos causados em móveis, eletrônicos, eletrodomésticos e bens pessoais)
  • Veículos: R$ 1,8 milhões
  • Despesas de Pronto Pagamento: R$315 mil
  • Demais valores (hospedagem, transporte, refeição, reparos, saúde): R$ 212 mil
  • Lucros Cessantes: R$ 104 mil
  • Aluguéis: R$ 19 mil

Incidente deixou trauma permanente no Monte Cristo 2d4d1j

Em questão de segundos, durante a madrugada de 6 de setembro, a água percorreu as ruas, invadindo casas e arrastando o que havia pela frente. Famílias perderam imóveis, veículos, móveis e as conquistas de muitos anos de trabalho. Duas pessoas ficaram feridas.

Aos poucos, a situação no local está se normalizando, de acordo com o líder comunitário. Ele considera, contudo, que o perímetro do bairro nunca mais será o mesmo. O impacto visual em comparação há dois meses mudou. A lama já não está mais aparente, com carros no meio das ruas, mas ainda há muros quebrados e paredes a serem reconstruídas.

Cenário no Monte Cristo na manhã do dia seguinte ao rompimento do reservatório – Foto: Valeska Loureiro/NDCenário no Monte Cristo na manhã do dia seguinte ao rompimento do reservatório – Foto: Valeska Loureiro/ND

Além dos danos materiais que estão sendo restabelecidos, Fernando Azevedo conta que os impacto na vida das pessoas ainda pode ser sentido.

Qualquer barulho diferente é o suficiente para comunidade ficar em alerta.

“Isso é inevitável. A pessoa tem medo de qualquer barulho que escuta. Mesmo sabendo que as caixas estão desativadas, é inevitável que tu es por esta situação sem ficar com medo. Não tem como escapar disso”.

Sobre o pagamento das indenizações, o líder comunitário vê com naturalidade o descontentamento de moradores sobre os valores.

“Casa tem preço, lar não tem. Quando destrói um lar é completamente diferente, todas as suas lembranças, aquilo que tem dentro de casa”.

Comissão na Alesc apura responsabilidade 4c625r

A Alesc criou uma Comissão Mista que apura a responsabilidade do rompimento do reservatório de água da Casan. Ela é composta pelo presidente, deputado Ivan Naatz (PL); pelo relator, Mário Motta (PSD); e Marquito (Psol), vice-presidente.

Nesta terça-feira está prevista a participação de três profissionais da Construtora Gomes & Gomes Ltda., responsáveis pela obra do reservatório, e o engenheiro civil e responsável pela elaboração do projeto estrutural do reservatório R4, no Monte Cristo, da empresa TOPOSOLO Arquitetura, Engenharia e Topografia.

O presidente, Ivan Naatz reitera que, como as indenizações estão sendo resolvidas de forma amigável, o objetivo do parlamento catarinense é apurar a responsabilidade da empresa, de quem certificou a qualidade da obra, quem deu a garantia de que ela poderia atender em segurança.

“Soubemos que há pagamentos de R$ 14 milhões antes mesmo da obra ser concluída. Esperamos com isso e com os novos depoimentos ao Ministério Público e a polícia, tudo possa ser esclarecido”.

A Comissão deve seguir os trabalhos até o fim do mês de novembro, quando o relator deve apresentar seus apontamentos e encaminhamentos sobre a avaliação da Alesc sobre a forma que a Casan tem atuado e também se organizou antes do dano causado à comunidade do Monte Cristo. “Vamos fazer com que a empresa que causou todo este prejuízo para Casan possa reparar todo o dano”, detalha.

O presidente da Companhia e a liderança da comunidade já prestaram seus esclarecimentos na Assembleia. Ao menos três investigações apuram os motivos que levaram ao colapso da estrutura que foi inaugurada em março de 2022.

509 moradores afetados no Monte Cristo 284a5e

Foram identificados 509 moradores afetados pelos dois milhões de litros de água que vazaram do reservatório. O presidente da Casan, Edson Moritz Martins da Silva, afirma que as indenizações seguem orientação do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

Conforme a companhia, os pagamentos tiveram início em 9 de setembro. A primeira modalidade foram referentes aos bens móveis, catalogados por meio de fotos. Um auxílio aluguel também é pago aos moradores por meio da avaliação dos danos estruturais.

O MSPC (Ministério Público de Santa Catarina) obteve na Justiça a determinação para o bloqueio de R$ 16,6 milhões da construtora responsável pela obra do reservatório da Casan.

O pedido de bloqueio visou garantir o ressarcimento da Casan e dos moradores atingidos pelo rompimento do reservatório.

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