Cinco mulheres se reuniram para debater o futuro feminino na live da Diversa+ nesta quarta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher. Na conversa, as profissionais refletiram sobre a sobrecarga como consequência de uma jornada invisível percorrida por mulheres, principalmente as mães.

O papo foi conduzido pela editora do Portal ND+ e apresentadora do podcast aDiversa, Luciana Barros, e a repórter da NDTV Karina Koppe.
O debate teve ainda a participação da psicóloga Fernanda Quadros; Bruna Fani Duarte, doutoranda em antropologia social; e Letícia de Assis, doutoranda em estudos de gênero da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
As jornalistas trouxeram dados e conquistas recentes, como a lei que criminaliza o feminicídio e as mudanças nos critérios para realização da laqueadura. No entanto, nem sempre os direitos são exercidos. Foi o que exemplificou a psicóloga Fernanda Quadros:
“Apesar da gente reconhecer algo por lei, isso não efetiva a realidade — disse a especialista, que lembrou de comentários depreciativos, que afirmam por exemplo, que mulheres não querem trabalhar em serviços braçais. — Quando a gente fala de equidade, a gente quer ter o mesmo direito que os homens mas quer ser respeitada na nossa individualidade. Além do trabalho, a gente carrega os filhos, a casa, a sobrecarga emocional.”
Bruna Fani Duarte, mencionou que os direitos adquiridos também significaram serviços acumulados, já que a jornada com casa e os filhos ainda é ignorada por homens e comunidade. Doutoranda em antropologia social, ressaltou a necessidade de se repensar a visão sobre mulheres, principalmente as mães.
“Maternidade é uma dupla jornada de trabalho, e com a casa, tripla. — disse. Em outro momento, exemplificou: — Se romantiza muito pais solos, que bonito, e uma mãe solo faz isso cotidianamente. A maternidade não cabe no lattes. A maternidade está ali, como um trabalho invisível”, afirmou.
Em meio a discussões sobre a ampliação da licença-maternidade para oito meses em Brasília, Quadros lembrou que os direitos das mulheres estão intrinsicamente ligados aos deveres de homens.
“A começar pela licença-maternidade, que se pensa é de seis meses, mas a licença-paternidade segue de 15 dias, uma semana. O entendimento continua sendo reducionista.”
Demissão após a gravidez e violência obstétrica 4513r
Relatos pessoais das três especialistas trouxeram mais de um depoimento sobre demissão após a gravidez e violência obstétrica. Os exemplos foram utilizados para exemplificar que as violências não são casos isolados.
“Eu sofri violência obstétrica no parto da minha filha. Depois que ela nasceu, fui demitida”, contou Assis.
“Já ouvi chefe falar que iria colocar anticoncepcional na água”, lembrou Quadros.
“O mercado de trabalho não está preparado para ter mulheres líderes que querem exercer a maternidade. Eu fui demitida cinco meses depois de ter meu filho, por uma mulher. Eu quero ter o direito de ser mãe, mulher e profissional”, completou a psicóloga.