
A cada minuto, 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente no Brasil em 2022. Diariamente, quase 51 mil mulheres sofreram violência no mesmo período, o que equivale a um estádio de futebol lotado. As informações são da quarta edição da pesquisa “Visível e Invisível”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Datafolha.
A violência contra a mulher é uma triste realidade que cresce a cada ano no Brasil, e Santa Catarina não está imune a esse problema social. A quantidade de medidas protetivas requeridas no Estado no último ano evidencia a gravidade da situação. Em 2022, foram solicitadas 23.308 medidas protetivas para mulheres vítimas de violência, e somente no primeiro semestre de 2023, este número já chegou a 14.215. Além disso, outro indicador alarmante é o registro de feminicídios em Santa Catarina, com 56 casos em 2022 e 30 somente entre janeiro e junho de 2023.
Diante deste cenário, Florianópolis dá um o significativo no combate a esse problema ao implantar o novo Centro de Atendimento à Mulher. O serviço estará à disposição, a partir de dezembro deste ano, no Complexo Integrado de Saúde – estrutura que estará localizada no antigo Aeroporto Hercílio Luz.

Com 384 m², a estrutura surge como uma resposta concreta para enfrentar esse aumento nos índices e proporcionará um espaço exclusivo de acolhimento e proteção para as mulheres e crianças de até 14 anos vítimas de violência. O centro foi idealizado pela Prefeitura da Capital, em parceria com organizações não governamentais e especialistas em violência de gênero, com o objetivo de oferecer uma abordagem multidisciplinar para o atendimento às vítimas.
“A situação de violência não deveria existir, mas infelizmente ainda está presente na nossa realidade. A política pública deve garantir que, caso haja necessidade, a pessoa tenha um atendimento humanizado e integral que não a fragilize e exponha em um momento de vida tão difícil”, ressalta a subsecretária de Saúde Pública de Florianópolis, Talita Rosinski.
Equipe pronta para prestar assistência integral 3r174v

De acordo com o município, o Centro de Atendimento à Mulher contará com uma equipe altamente capacitada, composta por psicólogas, assistentes sociais, advogadas e agentes de segurança, pronta para prestar assistência integral às mulheres que buscarem ajuda no centro. Dessa forma, será possível oferecer apoio emocional, orientação jurídica, acompanhamento psicológico e e social, tudo em um único local, simplificando o processo de denúncia e acolhimento das vítimas.
Hoje, por exemplo, no Centro de Atendimento à Mulher em funcionamento, o município registra cerca de 500 boletins de ocorrência por mês relacionados à violência doméstica sexual. São realizados quatro atendimentos diários referentes à violência sexual e 113 notificações por mês relacionadas à violência interpessoal.
“Ainda há uma dificuldade de acolhimento desta população, pois 70% dessas mulheres só procuram o serviço de segurança pública, não fazem o atendimento médico. A ideia é que no novo complexo ela possa ter à sua disposição tudo que precisa para apoio e cuidado”, ressalta a subsecretária de Saúde Pública de Florianópolis.
Como citado acima por Talita, além de preencher uma lacuna na rede de atendimento existente, a nova estrutura centralizará os serviços essenciais, evitando que as mulheres vítimas de violência sejam reexpostas ao traumático processo de buscar auxílio em diferentes locais. Ações que buscam proporcionar maior segurança e proteção às pessoas que já estão fragilizadas após arem por situações de agressão.
Atendimento 24h por dia, sete dias por semana 586r55
A subsecretária explica ainda que o local atenderá mulheres e crianças vítimas de qualquer tipo de violência, 24 horas por dia, sete dias por semana. “Nesse espaço haverá o primeiro acolhimento feito por profissional de saúde. Após esse primeiro atendimento, a mulher será direcionada para a assistência das suas necessidades, que podem incluir a avaliação de lesões físicas, necessidade de profilaxias e aplicação de protocolos para violência sexual, por exemplo”, esclarece.
Finalizada essa etapa, se necessário, a mulher ará os serviços de segurança pública como polícia civil e polícia científica, e terá, ainda no mesmo local, atendimento da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Além disso, o Centro de Atendimento à Mulher também desempenhará um papel crucial na conscientização e prevenção da violência de gênero na cidade. Através de palestras, workshops e campanhas educativas, a população será sensibilizada sobre a importância de combater esse grave problema social e de apoiar as vítimas.
A Prefeitura de Florianópolis e os órgãos envolvidos no projeto têm grandes expectativas em relação aos impactos positivos do Centro de Atendimento à Mulher. A intenção é que essa iniciativa pioneira possa ser exemplo para outras cidades do país, estimulando a criação de mais espaços seguros e acolhedores para combater a violência contra a mulher em todo o território nacional.
Aumento dos índices em todo o país 3b1d5i
A violência imposta por parceiros íntimos ou ex-parceiros é um problema grave e recorrente. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível”, mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022. Em comparação com as pesquisas anteriores, todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado. A pesquisa ouviu 2.017 pessoas, entre homens e mulheres, em 126 municípios brasileiros, no período de 9 a 13 de janeiro de 2023.
Ainda conforme o levantamento, 33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais sofreram violência física e/ou sexual por parte de parceiros íntimos ou ex. Essa taxa é maior do que a média global, de 27%, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
As consequências da violência contra a mulher não se restringem apenas aos danos físicos e psicológicos, mas também impactam negativamente a vida social e econômica das vítimas. Mulheres vítimas de violência são frequentemente impedidas de se comunicar com amigos e familiares (24,5%), têm o negado a recursos básicos, como assistência médica ou dinheiro (21,1%), e sofrem violência psicológica (12,9%).
É importante ressaltar que a violência contra a mulher não é um problema isolado, mas uma questão que envolve toda a sociedade. A pesquisa revela que 52% dos brasileiros acreditam que a violência contra a mulher aumentou no último ano, e 67,2% consideram a ampliação da divulgação de campanhas de conscientização e denúncia essenciais para enfrentar a violência doméstica.
Números da Violência contra a mulher em SC o53r
- 23.308 medidas protetivas requeridas em 2022 (Fonte: TJSC)
- 14.215 medidas protetivas requeridas entre jan/jun de 2023 (Fonte: TJSC)
- 56 feminicídios em 2022 (Fonte: SSP/SC)
- 30 feminicídios entre janeiro e junho de 2023 (Fonte: SSP/SC)