
Florianópolis avança no combate à violência contra a mulher. Desde o início deste mês, a prefeitura realiza, em parceria com o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), a reunião de grupos reflexivos tanto para homens autores de violência, por meio do projeto Ágora e conforme determinação da Lei Maria da Penha; como também para mulheres em situação de violência, pelo projeto Espelhos.
As duas iniciativas ocorrem por meio de um termo de cooperação firmado com o poder judiciário catarinense no final de agosto deste ano.
“Queremos cada vez mais prestar atenção nas vítimas e poder fazer esse acolhimento em um momento extremamente delicado, sem esquecer, claro, da prevenção, que é um trabalho realizado em longo prazo. Esta etapa é crucial para um futuro mais seguro e justo para todas as mulheres de nossa cidade”, destaca o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto.
De acordo com Andréa Vergani, assessora de Políticas Públicas para as Mulheres da Prefeitura de Florianópolis, o grupo das mulheres se reúne de 15 em 15 dias, presencialmente, na Policlínica da Mulher e da Criança, na rua Esteves Júnior, no Centro da Capital. “Também temos a opção para a mulher comparecer online, caso ela não possa vir pessoalmente”, explica ela.
O grupo dos homens também se encontra de 15 em 15 dias, na sede da Guarda Municipal de Florianópolis.
“A violência contra as mulheres é um fenômeno complexo que necessita de ações integradas para o seu enfrentamento. Não tenho dúvidas de que essa parceria para, juntos, avançarmos na implementação da Lei Maria da Penha, posiciona o município em um patamar mais elevado no que diz respeito à discussão e ao enfrentamento à desigualdade e violência de gênero na nossa sociedade, diminuindo, em consequência, os índices de reincidência e violência contra as mulheres”, ressalta Andréa.
Trabalho constante e integrado para enfrentar o problema 33w5g

Além disso, explica ela, as instituições trabalham em conjunto com ações de prevenção e outras medidas que possam contribuir para o enfrentamento à violência contra as mulheres, como a divulgação de cartilhas informativas no Centro da cidade, entre outras iniciativas.
“É preciso que haja um trabalho constante para que tenhamos resultados, pois, infelizmente, o enfrentamento à violência contra as mulheres não se esgota na judicialização do caso, uma vez que a existência de leis e, consequente punição, não são suficientes a alterar a questão cultural enraizada na nossa sociedade”, avalia a assessora de Políticas Públicas para as Mulheres do município.
Segundo ela, os grupos reflexivos são mais um instrumento no enfrentamento desta violência. “Não é à toa que a Lei Maria da Penha é considerada pela ONU (Organização das Nações Unidas) uma das três melhores leis do mundo e pelo quarto ano consecutivo, somos o quinto país que mais mata as suas mulheres. Somos responsáveis por 40% dos feminicídios da América Latina. Por isso, a formulação de estratégias para além da punição do autor da violência, são urgentes e necessárias”, finaliza Andréa.
Aumento dos índices em todo o país 3b1d5i
A cada minuto, 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente no Brasil em 2022. Diariamente, quase 51 mil mulheres sofreram violência no mesmo período, o que equivale a um estádio de futebol lotado. As informações são da quarta edição da pesquisa “Visível e Invisível”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Datafolha.
A violência contra a mulher é uma triste realidade que cresce a cada ano no Brasil, e Santa Catarina não está imune a esse problema social. A quantidade de medidas protetivas requeridas no Estado no último ano evidencia a gravidade da situação. Em 2022, foram solicitadas 23.308 medidas protetivas para mulheres vítimas de violência, e somente no primeiro semestre de 2023, este número já chegou a 14.215. Além disso, outro indicador alarmante é o registro de feminicídios em Santa Catarina, com 56 casos em 2022 e 30 somente entre janeiro e junho de 2023.
Crescimento de todas as formas de violência 5r4t5u
A violência imposta por parceiros íntimos ou ex-parceiros é um problema grave e recorrente. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível”, mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022. Em comparação com as pesquisas anteriores, todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado. A pesquisa ouviu 2.017 pessoas, entre homens e mulheres, em 126 municípios brasileiros, no período de 9 a 13 de janeiro de 2023.
Ainda conforme o levantamento, 33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais sofreram violência física e/ou sexual por parte de parceiros íntimos ou ex. Essa taxa é maior do que a média global, de 27%, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
As consequências da violência contra a mulher não se restringem apenas aos danos físicos e psicológicos, mas também impactam negativamente a vida social e econômica das vítimas. Mulheres vítimas de violência são frequentemente impedidas de se comunicar com amigos e familiares (24,5%), têm o negado a recursos básicos, como assistência médica ou dinheiro (21,1%), e sofrem violência psicológica (12,9%).
É importante ressaltar que a violência contra a mulher não é um problema isolado, mas uma questão que envolve toda a sociedade. A pesquisa revela que 52% dos brasileiros acreditam que a violência contra a mulher aumentou no último ano, e 67,2% consideram a ampliação da divulgação de campanhas de conscientização e denúncia essenciais para enfrentar a violência doméstica.
Números da Violência contra a mulher em SC o53r
- 23.308 medidas protetivas requeridas em 2022 (Fonte: TJSC)
- 14.215 medidas protetivas requeridas entre jan/jun de 2023 (Fonte: TJSC)
- 56 feminicídios em 2022 (Fonte: SSP/SC)
- 30 feminicídios entre janeiro e junho de 2023 (Fonte: SSP/SC)