Com sessões lotadas e uma “invasão” cor de rosa, ver o filme live action “Barbie” é, de fato, uma experiência. Entre grupos de amigas – todas de “look” rosa – famílias e casais, aproveitamos o primeiro final de semana do longa nos cinemas para logo descobrir se o lançamento é mesmo tudo que os fãs aguardavam.

Já na fila da pipoca, no aguardo de uma das sessões no Balneário Shopping, em Balneário Camboriú, Litoral Norte de SC, era impossível não notar a predominância cor de rosa.
Algumas pessoas vestiam pink “dos pés a cabeça”, e pareciam ter saído do filme, ou de uma caixa de boneca. Já outras usavam as cores em algumas peças chave, na maquiagem ou nas unhas – tudo para remeter ao mundo rosa da Barbie.
Além da pipoca, havia quem esperasse para garantir a foto dentro da famosa caixa da Barbie, e se sentir uma das bonecas por alguns segundos, eternizados em um clique.

Já na sala de cinema, majoritariamente – mas não somente – feminina, a experiência do filme parecia ser compartilhada com um grande grupo de amigos, ainda que fossem desconhecidos.
Com classificação indicativa de 12 anos, o filme de fato não foi feito para o público infantil. Nem tanto pelo conteúdo e imagens, mas especialmente pela mensagem principal da trama, voltada para quem um dia brincou de Barbie e hoje enfrenta os dilemas do mundo dos adultos.
Até certo ponto, o longa parece o “óbvio” que se imaginaria de um filme da boneca mais famosa do mundo: lúdico, colorido, divertido e animado. Mas uma virada de chave faz tudo mudar, e o foco da atenção da história também.
Barbie consegue emocionar e fazer o público refletir enquanto preserva o universo infantil da boneca com detalhes que só quem já brincou com ela sabe reconhecer.
As referências muito bem pensadas fazem toda a diferença na imersão na Barbielândia e no resgate das memórias de infância, quase esquecidas depois de tantos anos.
Ao mesmo tempo, o live action consegue trazer uma nova versão da personagem, longe da perfeição, com medos, angústias e sentimentos reais, ainda que protagonizados por uma boneca.
Barbie faz reflexão sobre mundo em que vivemos 3k3i2r
Essa Barbie, que um dia já foi símbolo de um “estereótipo a ser seguido”, mais tarde se transformou em um ideal de empoderamento e exemplo de que somos múltiplas e diversas. Todas essas facetas são exploradas na trama, assim como a relação de amor e ódio pela boneca.
O filme é um mergulho em reflexões sobre o que é ser mulher e qual o nosso espaço no mundo, já muito maior do que foi um dia, mas ainda longe do que gostaríamos que fosse.
Com humor ácido e ironia usados sem moderação, a maior parte do enredo carece de interpretação e reflexão, sem poder ser levado “ao pé da letra”.
Repleto de críticas à sociedade e ao patriarcado, ainda que em grande parte voltadas para os desafios femininos, o lançamento a longe de ser um filme somente “para mulheres”.
O filme questiona, com um ar de brincadeira, o porquê das coisas serem como são, e reforça a importância de buscar o autoconhecimento e a própria essência, deixando de lado tudo aquilo que um dia nos disseram que teríamos que ser.
Com certeza, o longa vale o hype e a experiência coletiva de voltar ao mundo da Barbie nos dias atuais, com todas as dores e alegrias de lidarmos com problemas do mundo real, assim como a boneca.