
O cultivo da cana de açúcar está atrelado à história do país. Durante o período do Brasil Colônia, ela simbolizou a primeira grande riqueza agrícola nacional – tanto que hoje somos o maior produtor e exportador de açúcar do mundo.
Pernambuco e Alagoas foram os primeiros grandes produtores brasileiros e há décadas São Paulo lidera a produção nacional. Em Santa Catarina, a relação com a cana de açúcar também é histórica, mas remete a uma cultura de subsistência, cultivada por imigrantes em pequenas propriedades e com mão de obra familiar. O nosso forte? Melado, cachaça e caldo de cana, é claro.
O caldo de cana e a saúde 6q6j1h

No verão, uma boa dose de refresco. No inverno, um reforço de energia e proteção. O caldo de cana está nas ruas, em mercados, praias, feiras e vai bem sozinho ou acompanhado de um pastel. Natural, barato e gostoso. Talvez o que atraia tanto os brasileiros seja o doce da cana, mas o que nem todo mundo sabe é que ele é uma pura dose de saúde.
Segundo a nutricionista Camila Nascimento, um copo da bebida possui sódio, potássio, magnésio e uma alta carga de ferro, cobre, cálcio, fósforo, manganês, zinco, além de vitaminas do complexo B e vitamina C.
“Ele ajuda no nosso sistema imunológico, na formação de energia do nosso corpo e, também, nos quadros de anemia – tanto por deficiência de ferro, como por deficiências de vitaminas do complexo B” – completa.
E se tiver limão, melhor ainda. Os dois juntos são um grande reforço para a prevenção de doenças. A presença de vitaminas e minerais facilita o bom funcionamento do metabolismo, a formação de energia do corpo, ajudando a aumentar a disposição, já que ele repõe a energia rapidamente e tem fácil absorção.
Tradição que permanece 2s146f

Mais do que um plantio rentável em grande escala, aqui em Santa Catarina, a produção de cana de açúcar está atrelada a uma tradição trazida por imigrantes alemães que permanece viva: pequenas propriedades que além da cana, agregam valor na fabricação de subprodutos.
O melado, por exemplo, é um xarope produzido a partir da evaporação do caldo de cana e mantém muitas propriedades nutricionais. Durante muito tempo ele foi a única opção de adoçante no meio rural. Sua fabricação vem de um trabalho centenário, que mantém as características artesanais, com a preocupação em entregar um produto bom e seguro ao consumidor.
Já o reaproveitamento do resíduo da cana em pequenas propriedades contribui no trato dos animais e na compostagem e cobertura de solo de outras lavouras. Mas em grandes quantidades, o que poderia ser um problema virou solução para a indústria de papel.
Atualmente, uma empresa com sede em São Paulo istra uma produção de papel na Colômbia e na Argentina, distribuindo seu produto para mais seis países e todos os estados brasileiros – incluindo um amplo mercado em Santa Catarina.
Ela é a única marca brasileira de papel A4 branco, confeccionado com 100% de bagaço de cana de açúcar e, por ano, retira 1 milhão de toneladas de resíduos do meio ambiente.
Cachaça catarinense é ouro 2r1x5k

Em Luiz Alves, a pouco mais de 130 km da Capital, imigrantes de diferentes nacionalidades se instalaram no final do século XIX. Alemães, italianos, poloneses e portugueses se dedicaram à terra e a culturas de subsistência e a região já foi a maior produtora de cana de açúcar do estado. Aos poucos os canaviais foram substituídos por bananais e o legado da cana deixou uma herança valiosa para a cidade, fazendo dela a terra da cachaça.
O município ganhou o título de Capital Catarinense em 2018. Se a atividade agrícola sempre foi a base dele, foi a aposta nela que projetou o nome da cidade e a fama dos alambiques. Em época de êxodo rural, a festa da cachaça fez com que pessoas de vários lugares fossem até Luiz Alves para experimentar variações da bebida.
Pela qualidade e características únicas do produto, o Sebrae está dando e no marketing e na obtenção do selo de indicação geográfica para a cachaça produzida no local. Bruno Fontana, consultor do Sebrae, explica que o objetivo é fazer com que mais pessoas conheçam essas cachaças.
“O Sebrae ajuda essas cachoeiras fazendo todas essas conexões e no desenvolvimento desses negócios de uma forma ampla, não só na comunicação e no marketing, mas em toda a estruturação que a empresa precisa para ter condições de ser projetada em um cenário nacional e até fora do Brasil”- completa.
Não é só o sabor, a qualidade e o modo de saber fazer que fazem da cachaça de Luiz Alves um produto único. Tem a ver com a alquimia entre a cana de açúcar e a levedura de fermentação, que é encontrada e utilizada só na região.
Rota da Cachaça 276g61
Nada como conhecer de perto o cultivo, o modo de produção e a história por trás de cada produto que a gente consome. Por isso é tão importante a conexão da cidade com o campo e de rotas turísticas que favoreçam esse encontro tão especial entre produtor e consumidor.
Rótulos premiados, uma diversidade de bebidas e um ambiente familiar e aconchegante fazem dos alambiques um verdadeiro deleite para os amantes da cachaça, história e belezas naturais. Em Luiz Alves, a hospitalidade é uma tradição, e a cidade ensina como a união faz a força. Através da Apcala – Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal de Luiz Alves, os produtores locais se uniram para criar a famosa Rota da Cachaça.
A rota já é um dos principais produtos turísticos da cidade e do estado. Ao todo, 10 empresas familiares espalhadas pela região oferecem diferentes experiências sensoriais e gastronômicas. Além de conhecer o modo de produção, adegas e alambique, é possível degustar e fazer harmonização.
E se você ficou com vontade de conhecer a Rota das Cachaças e saber mais sobre a produção de cana-de-açúcar em Santa Catarina, aproveite e assista ao episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação – um projeto desenvolvido pelo Grupo ND, em parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina, Sicoob e Fecoagro.