Para além do clima de Copa do Mundo, um recente movimento está pintando as redes sociais e as ruas novamente com as cores da bandeira do Brasil, mas agora não mais como um símbolo partidário, mas como forma de resgate do orgulho e da cultura brasileira.
O “Brazilian Aesthetic” traz as cores do país e toda a brasilidade como um movimento cultural e estético – além de político– pois torna os jovens, a começar pelos de comunidades periféricas, protagonistas da cultura brasileira.

Marcela Casagrande, produtora de moda especializada em política, explica que o movimento, conhecido também como “Brazilcore”, é apenas um nome para uma estética já utilizada pelas periferias Brasil adentro. E agora é comercializada também por estrangeiros.
No entanto, a proporção que ganhou após o lançamento oficial da nova camiseta da seleção pela Nike reascendeu a vontade de vestir a camisa do país e ressignificar o que se tornou um símbolo político.

“Junto com a massificação desse uso vem a ressignificação dele: o que era só de um lado volta a ser de todos. É como se o pessoal se apropriasse novamente das nossas cores, da nossa roupa. Acredito que o crescimento do movimento se somou à Copa do Mundo e ao espírito brasileiro nessa época também de eleições”, destaca Malu.
O papel das mulheres no ‘Brazilian Aesthetic’
A estética da brasilidade traz um papel importante para as mulheres no resgate da cultura e reapropriação das cores do Brasil como algo estético feminino também, dando poder às mulheres não apenas para vestir, mas para consumir e falar sobre esporte com autoridade.
Outro ponto apresentado por Malu é o empoderamento das mulheres brasileiras para além da sexualização de seus corpos. “Para as mulheres, essa estética pode servir como uma quebra de padrão: o estigma da brasileira. Usar e reafirmar por meio de roupas com as bandeiras e as cores do Brasil pode agir como uma força de dizer, sem palavras, que estamos aqui, que temos orgulho de ser daqui, que temos amor pelo nosso país”, reforça.
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A produtora explica que carregar o título de ser brasileira pode não ser algo positivo no exterior por conta dos inúmeros estereótipos criados sobre a mulher brasileira e a latinoamericana em geral.
“Bater no peito e não ter a vergonha de falar quem somos e de onde viemos é um o para acabar com essas ideias erradas. É falar ‘sim, sou brasileira, e aí?'” – Marcela Casagrande.
Por que é necessário uma validação externa?
Outro pilar importante desse movimento é que muitas influenciadoras digitais aram a ver valor no ‘Brazilian Aesthetic’ apenas quando a estética e o movimento foram reproduzidos e valorizados no exterior.
A problemática é sobre como a moda usada nas favelas chega até a elite por meio das blogueiras, e só aí se torna comercial e aceito para a sociedade em geral.
O fato é que sempre foi usado, sempre foi aceito, sempre foi comercial, mas para outro público e há muito tempo. A marca Piña é um exemplo. E fez isso antes do boom da estética, inclusive.