Em Florianópolis, renda de bilro atravessa gerações há décadas 3r533l

Nascida da cultura imigrante, a tradição mantém viva a história de boa parte dos que vieram habitar a Ilha, oriundos do Arquipélago dos Açores 164i3q

O dia 21 de outubro é lembrado com carinho pelos moradores de Florianópolis. A data marca o Dia Municipal da Rendeira e do Rendeiro, dando à renda de bilro, atividade tradicional em toda a região e expressão da cultura local, destaque na cidade.

Renda de bilro a por gerações diferentes e mantém tradição na cidade – Foto: NDTV/ReproduçãoRenda de bilro a por gerações diferentes e mantém tradição na cidade – Foto: NDTV/Reprodução

Mas cabe relembrar o que é e como é feita a renda de bilro. Pelas mãos dos chamados rendeiros, o material é produzido sobre uma almofada com enxertos. Os enxertos podem ser de algodão, serragem ou até mesmo capim.

A almofada fica sobre um cavalete, que é uma estrutura de madeira, na altura dos braços dos artesãos, que conduzem os bilros, equivalente às agulhas da costura tradicional.

É importante que essa almofada seja revestida com cores claras, para que as linhas da renda possam se destacar em cima da almofada. Ainda em cima da almofada há um molde com o desenho a ser bordado.

Como surgiu a tradição da renda 18h4x

Nascida da cultura imigrante, a tradição mantém viva a história de boa parte dos que vieram habitar a Ilha. Oriundos do Arquipélago dos Açores,  no século XVIII, milhares de colonos chegaram ao sul da América, incentivados pela Coroa Portuguesa, a partir de 1747, para ocupar e defender o território da atual Florianópolis, que ganhava as primeiras fortalezas.

Precisava-se de gente para guarnecer as fortificações, para alimentar as tropas ou simplesmente para ocupar o território, evitando que outros se estabelecessem.

Os colonos e colonas vieram e deram nova identidade à região, trazendo na bagagem cultural sua habilidade de produzir rendas, manipulando pequenas peças de madeira chamadas bilros.

Mas esta história começa um pouco antes. Em meio às disputas territoriais com a Espanha, a Coroa Portuguesa decidiu proteger a Ilha de Santa Catarina.

A Dona Didi, que ainda faz renda de bilro, também estava presente no dia da inauguração da estruturaRenda de bilro é tradição na Capital de SC e nas cidades vizinhas  – Foto: Flavio Tin/Arquivo/ND

A região, com características de porto natural para conserto de embarcações e reabastecimento de tropas, oferecia vantagens para a retaguarda nos enfrentamentos entre as duas nações no Rio da Prata.

Em 1738 foi criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina e nomeado como governador o brigadeiro José da Silva Paes. No ano seguinte, por ordem do rei e com projetos de Silva Paes, a Ilha de Santa Catarina começou a ser fortificada, ganhando pontos estratégicos para a defesa militar.

O brigadeiro começou a concretizar seu projeto defensivo através da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, cujas obras se iniciaram em 1739. No ano seguinte, foi a vez de começar a Fortaleza de São José da Ponta Grossa e a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones.

Essas três primeiras ficam na baía norte, formando o que ficou conhecido como Triângulo Defensivo. Em 1742, tiveram início as obras da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na baía sul.

Embora a estratégia do brigadeiro começasse a mudar a segurança da posse lusa da Ilha de Santa Catarina, faltava gente para habitar o local. A então Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, era apenas um povoado.

Havia uma guarnição militar que o próprio Silva Paes destacou para a região, mas, somando todos, ainda era pouca gente. O brigadeiro escreveu ao rei explicando que faltavam pessoas para viabilizar a posse da região e garantir o funcionamento das fortalezas. Assim, começava a chegada dos imigrantes, muitos rendeiros, à Capital.

Participe do grupo e receba as principais notícias
da Grande Florianópolis na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Cultura 2p1e18

Cultura

15 fotos icônicas que marcaram a carreira de Sebastião Salgado 36wy

Em mais de 50 anos de trajetória, as fotos de Sebastião Salgado revolucionaram o fotojornalismo e se ...

Cultura

FOTOS: Por que Sebastião Salgado só fotografava em preto e branco? Entenda a escolha 6o691e

Aclamado mundialmente, Sebastião Salgado usava o preto e branco para intensificar emoções, evitar di ...

Cultura

Saiba como Sebastião Salgado se tornou ativista contra mudanças climáticas 206w5f

Fotógrafo realizou exposições focadas em temas como aquecimento global, preservação da Amazônia e de ...

Cultura

Ícone da fotografia, Sebastião Salgado morre aos 81 anos 1h4g2w

Fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ficou conhecido mundialmente pelo seu trabalho, que aborda os ...