O dia 21 de outubro é lembrado com carinho pelos moradores de Florianópolis. A data marca o Dia Municipal da Rendeira e do Rendeiro, dando à renda de bilro, atividade tradicional em toda a região e expressão da cultura local, destaque na cidade.

Mas cabe relembrar o que é e como é feita a renda de bilro. Pelas mãos dos chamados rendeiros, o material é produzido sobre uma almofada com enxertos. Os enxertos podem ser de algodão, serragem ou até mesmo capim.
A almofada fica sobre um cavalete, que é uma estrutura de madeira, na altura dos braços dos artesãos, que conduzem os bilros, equivalente às agulhas da costura tradicional.
É importante que essa almofada seja revestida com cores claras, para que as linhas da renda possam se destacar em cima da almofada. Ainda em cima da almofada há um molde com o desenho a ser bordado.
Como surgiu a tradição da renda 18h4x
Nascida da cultura imigrante, a tradição mantém viva a história de boa parte dos que vieram habitar a Ilha. Oriundos do Arquipélago dos Açores, no século XVIII, milhares de colonos chegaram ao sul da América, incentivados pela Coroa Portuguesa, a partir de 1747, para ocupar e defender o território da atual Florianópolis, que ganhava as primeiras fortalezas.
Precisava-se de gente para guarnecer as fortificações, para alimentar as tropas ou simplesmente para ocupar o território, evitando que outros se estabelecessem.
Os colonos e colonas vieram e deram nova identidade à região, trazendo na bagagem cultural sua habilidade de produzir rendas, manipulando pequenas peças de madeira chamadas bilros.
Mas esta história começa um pouco antes. Em meio às disputas territoriais com a Espanha, a Coroa Portuguesa decidiu proteger a Ilha de Santa Catarina.

A região, com características de porto natural para conserto de embarcações e reabastecimento de tropas, oferecia vantagens para a retaguarda nos enfrentamentos entre as duas nações no Rio da Prata.
Em 1738 foi criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina e nomeado como governador o brigadeiro José da Silva Paes. No ano seguinte, por ordem do rei e com projetos de Silva Paes, a Ilha de Santa Catarina começou a ser fortificada, ganhando pontos estratégicos para a defesa militar.
O brigadeiro começou a concretizar seu projeto defensivo através da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, cujas obras se iniciaram em 1739. No ano seguinte, foi a vez de começar a Fortaleza de São José da Ponta Grossa e a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones.
Essas três primeiras ficam na baía norte, formando o que ficou conhecido como Triângulo Defensivo. Em 1742, tiveram início as obras da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na baía sul.
Embora a estratégia do brigadeiro começasse a mudar a segurança da posse lusa da Ilha de Santa Catarina, faltava gente para habitar o local. A então Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, era apenas um povoado.
Havia uma guarnição militar que o próprio Silva Paes destacou para a região, mas, somando todos, ainda era pouca gente. O brigadeiro escreveu ao rei explicando que faltavam pessoas para viabilizar a posse da região e garantir o funcionamento das fortalezas. Assim, começava a chegada dos imigrantes, muitos rendeiros, à Capital.