Os desfiles e festas eram pra lá de animados, regados a marchinhas e muita serpentina. Há quem diga que o blumenauense não gosta de Carnaval, mas de acordo com os acervos históricos da Fundação Cultural da cidade era assim que a população celebrava a festa no feriado carnavalesco.
A historiadora e coordenadora do Arquivo Histórico de Blumenau, Sueli Petry conta que as primeiras manifestações carnavalescas no município se iniciaram no século XIX.
Carros bem enfeitados e regras bem severas 572169
Os festejos no Vale do Itajaí abriam com o Baile de Carnaval, tradicional evento que ocorria sempre no fim de fevereiro ou início de março na Sociedade dos Atiradores Blumenau, que hoje é o atual Tabajara Tênis Clube.
“Os jornais da época anunciavam o Baile de Carnaval, sendo que o período da tarde era para as crianças e a noite a festa era para os adultos”, diz.
Naquele tempo, segundo Sueli, as moças não podiam frequentar as festas sozinhas, todas tinham que vir acompanhadas por algum familiar. Inclusive, existiam regras no Baile de Carnaval “as moças tinham que dançar somente com o familiar que a acompanhou no baile” relata a historiadora.
Já no final do século XIX, em 1897 conforme Sueli formou-se um clube carnavalesco na região chamado “Filhos do Inferno” que se organizavam para desfilar no centro da cidade com carros temáticos, item exclusivo da alta sociedade.
Jornal de Carnaval 54o50
Em 1910, existiam jornais de carnaval. A historiadora relata que esses jornais aproveitavam a época carnavalesca para criticar as autoridades e a população de uma forma engraçada. “Tudo era levado em forma de brincadeira” explica.
Na primeira metade do século 20 as festividades saíram dos clubes e foram para as ruas. Sueli relembra que a tradição se manteve forte na cidade até o fim dos anos 1930.
Carnaval deixa de existir na Segunda Guerra Mundial j2t2l
Sueli explica que a chegada da Segunda Guerra Mundial combinada à nacionalização de Vargas impediu que as manifestações tidas como alemãs se mantivessem.
“Blumenau ou por privações emocionais e perseguições principalmente as pessoas que falavam em alemão, portanto o Carnaval ou a não existir”, explica.
A historiadora acrescenta que o Carnaval em Blumenau não era propriamente dito alemão, mas era promovido por descendentes de alemães.
O retorno do Carnaval em Blumenau v5l2z
Após a Segunda Guerra Mundial, Sueli explica que as Festas de Carnaval retornam ao Vale do Itajaí, porém, em salão. “Os lugares mais procurados em Blumenau era o América, Teatro Carlos Gomes, Clube Guarani e Tabajara”, relata.
De acordo com Sueli, os carnavais para as crianças eram nas terças á tarde, aonde a criançada ia bem enfeitada. “Os homens naquela época se vestiam de mulher e o carnaval era vivido com mais intensidade”, finaliza.
Não demorou até que a elite perdesse o interesse pelos bailes e o Carnaval de salão sumisse do calendário de Blumenau. Em 1970 e 1980 a municipalidade tentou reavivar a festa, mas não fluiu. Aquela emoção de organizar e participar acabaram.
O Carnaval perdeu a força em Blumenau principalmente porque as pessoas começaram á ir para as belas praias de Santa Catarina, trocando a folia pelo descanso.