Elas estão entre os primeiros povos que viveram em Santa Catarina. As mulheres de Taquara e Itararé moraram no litoral catarinense há aproximadamente 1.500 anos e foram as protagonistas de um dos primeiros períodos registrados do Estado. Ao todo, são três fósseis expostos no museu do Homem de Sambaqui Padre João Alfredo Rohr, em Florianópolis.

A museóloga Caroline de Bastos explica que as moradoras pré-históricas viveram cerca de 3.000 anos depois dos Homens de Sambaqui, o primeiro povoado de que se tem registro no Estado. Segundo Bastos, elas foram as principais responsáveis por fabricar as cerâmicas taquara e itararé, que deram nome ao período histórico.
A maneira como os três fósseis foram encontrados conta a história de como as mulheres foram enterradas. Uma estava encolhida, o que, segundo pesquisadores, demonstra que ela foi enterrada em um cemitério da época. Já as outras duas estavam deitadas, uma de frente e outra de costas, ambas com uma das mãos próximas à virilha, posição que indicaria que os corpos foram enterrados em casa. Tanto a causa da morte quanto a estimativa de idade não foram descobertas pelos estudiosos.
De acordo com a museóloga, as mulheres da época eram responsáveis pela construção de ferramentas para a caça, coleta e tecelagem dos povoados. Nesta quarta-feira (8), é celebrado o Dia Internacional da Mulher, e para Bastos, o estudo de delas na pré-história é importante para entender a evolução e o papel das mulheres na sociedade, mesmo atualmente.
— Ela tinha um valor marcante na sociedade, como provedora, quem dava a luz e garantia a expansão e desenvolvimento do grupo. O valor que era atribuído a elas de certa maneira é o que a gente busca hoje de novo na sociedade — pontua a museóloga.
A mulher de Sambaqui 1j193c
Em Santa Catarina, já foram encontrados entre 400 e 500 fósseis humanos desde a época do Homem de Sambaqui. No Museu Padre João Alfredo Rohr é possível encontrar a ossada de uma mulher dessa época, um esqueleto.
Os Homens de Sambaqui são considerados pelos pesquisadores o primeiro povoado a viver no Estado. Sambaqui é uma palavra em tupi que significa “monte de conchas”.
De acordo com Luciane Zanenga Scherer, arqueóloga do MArquE (Museu de Arqueologia e Etnologia Oswaldo Rodrigues Cabral da Universidade Federal de Santa Catarina), discutiu-se por um tempo se as estruturas eram naturais ou construídas. Alguns acreditavam que era uma espécie de “lixeira pré-histórica”. Mas segundo ela, “as pesquisas indicam que era uma construção, grande parte usada para enterrar os mortos. Colocavam esqueletos e pequenos montes de conchas por cima, junto com oferendas funerárias, com comida, objetos”, explicou a pesquisadora quando foi entrevistada pelo Grupo ND, em 2018.
O que eram as cerâmicas de Taquara e Itararé 15p4i
As cerâmicas de Taquara e Itararé foram posteriores aos sambaquis e antecederam o período da tradição Guarani. Segundo Bastos, as estruturas são mais escuras, possuem menor quantidade de conchas e são mais rasas.
