A arte centenária de tecer a renda de bilro, trazida ao Brasil pelos povos açorianos no século 18, continua viva e ainda se multiplica em Floripa. A atividade é considerada Patrimônio Cultural de Florianópolis e responsável pelo sustendo de várias famílias que vivem da economia criativa. A cidade tem um dia especial para comemorar a arte, que foi celebrado no último sábado (21): o Dia Municipal da Rendeira e do Rendeiro.

A jornalista Kelly Borges, do Grupo ND, visitou alguns locais em que a renda de bilro é produzida e conheceu artesãs que propagam a arte na Ilha da Magia. Maria da Glória Pereira, ou Dona Glorinha, como gosta de ser chamada, foi uma delas. No auge de seus 73 anos, ela esbanja habilidade aos mexer os pauzinhos de madeira e cruzar os fios. “É uma terapia, um vício”, brincou.
Ao som da ratoeira, uma espécie de versos cantarolados enquanto as mulheres teçam renda de bilro, Glorinha ensinou os primeiro os para produzir a renda de bilro à jornalista. A paixão pelo artesanato, aprendido com mãe, vem de infância.
“Comecei aos sete anos, irando minha mãe fazer a arte. Naquela época ela não queria me ensinar, dizia que não era futuro. Naquele tempo as mulheres tinham vergonha de ser rendeiras. Eu tenho é um orgulho enorme em ser e de levar profissão e arte a quem quiser aprender”, explicou Dona Glorinha.
E assim, hoje é ela quem ensina a fazer renda de bilro em Florianópolis, não só às filhas e netas, mas a todos que quiseram aprender.

Como a arte da renda de bilro veio parar em Florianópolis? 1183w
O historiador Joi Vletison explicou como a tradição da Renda de Bilro chegou a Florianópolis. A Ilha de Santa Catarina ainda estava sob domínio da coroa portuguesa, que temia invasões. Por isso, começou a construir as fortalezas e ocupar a então cidade de Desterro.
“Naquela época a proposta da coroa portuguesa era trazer casais açorianos para migrarem ao litoral de Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul. Este povo carregou na bagagem suas culturas e tradições. A renda foi uma delas. As pessoas se vestiam muito com as peças, deixando arte popular, e fortalecendo o ofício da renda de bilro”, disse.
Vletison também enfatizou o porquê do Dia Municipal da Rendeira ser celebrado em 21 de outubro. “Se escolheu esta data porque foi em 21 de outubro que os primeiros navios com as famílias açorianas zarparam da Ilha Terceira, nos Acorres, rumo à Ilha de Santa Catarina para povoar nossa cidade”, concluiu.
Confira na reportagem veiculada no Balanço Geral Santa Catarina, da NDTV Record TV 2d476y
Floripa 350 y4k5m
O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.