Porto Alegre alagada há quase um mês: gaúchos perdem a paciência com o poder público 443a3z

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Instalação de bombas flutuantes, em algumas regiões de Porto Alegre, não estão sendo suficientes para conter a inundação; moradores estão fora de casa há 25 dias

A chuva que atinge o Rio Grande do Sul não impediu que dezenas de manifestantes fossem às ruas exigir celeridade para conter os danos causados pela enchente que assola o estado.

Pelo menos três protestos foram realizados nesta segunda-feira (27) em Porto Alegre e um em São Leopoldo, na região metropolitana. Em todos os casos, o pedido é para acelerar o processo de drenagem de bairros e ruas, que seguem submersos.

Moradores do bairro Sarandi, em Porto Alegre, protestaram após 25 dias debaixo d’águaMoradores do bairro Sarandi protestaram após 25 dias debaixo d’água – Foto: Vivian Leal/ND

Na parte da tarde, moradores do bairro Sarandi, que está debaixo d’água há 25 dias, se reuniram com faixas e cartazes pedindo soluções para conter os alagamentos.

“Enquanto eles não resolverem essa situação, todos os dias a gente vai estar aqui, até a gente ser ouvido por quem pode resolver esse problema”, declara Maurício Miranda, empresário e morador da região há 18 anos.

Cerca de 30 mil pessoas foram prejudicadas com a inundação do bairro. Recentemente, a Secretaria de Serviços Urbanos do município confirmou o rompimento, em dois pontos, do dique do Arroio Sarandi, o que dificulta o processo de drenagem e aumenta o nível da água na área.

Cerca de 30 mil pessoas foram prejudicadas com a inundação no bairro Sarandi – Vídeo: Reprodução/ND

“A prioridade para nós, hoje, é que alguém venha aqui e feche o dique porque não adianta drenar a água, devolver pro Rio Gravataí e ela voltar pra dentro do bairro porque o dique está quebrado”, destaca o empresário.

O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) informou que duas bombas flutuantes estão em funcionamento no bairro e reforçou que fará uma vistoria na região na terça-feira (28).

Protestos bloqueiam rodovias 6y472i

Como forma de demonstrar a indignação pela situação que estão vivendo, os manifestantes bloquearam alguns os à capital gaúcha. Pela manhã, a BR-290 (Freeway) e a BR-116 tiveram fluxo interrompido, durante algumas horas, por moradores do bairro Humaitá, um dos primeiros a ser invadido pelas águas do lago Guaíba.

O grupo que vive próximo à Arena do Grêmio reivindicava o a normalização de funcionamento da Casa de Bombas que atende a área, que está funcionando com capacidade reduzida. Como resposta, o DMAE realizou a instalação de uma bomba flutuante para ajudar na drenagem da água.

À tarde, foi a vez da Avenida Assis Brasil, uma das mais movimentadas, ser invadida pelos protestantes. Na região, a prefeitura construiu um terceiro corredor humanitário para facilitar o o à capital vindo da região metropolitana. O trânsito foi liberado no início da noite, quando os moradores encerraram a mobilização pacífica.

Empresários querem respostas 661r35

A região do Quarto Distrito, que abrange os bairros Floresta, Navegantes, Humaitá, São Geraldo e Farrapos, ou por um grande processo de revitalização e se transformou, nos últimos anos, em um dos pólos gastronômicos da capital gaúcha.

Diretor do DMAE, Maurício Loss (de casaco amarelo) ouviu empresários em protesto no bairro Anchieta – Foto: Divulgação/NDDiretor do DMAE, Maurício Loss (de casaco amarelo) ouviu empresários em protesto no bairro Anchieta – Foto: Divulgação/ND

Com as enchentes que atingem a cidade, boa parte dos restaurantes, bares e cervejarias da região tiveram perdas significativas. Cerca de 90 empresas se mobilizaram nesta segunda-feira (27), pedindo mais atenção para a área.

Levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no RS, aponta que 55% das empresas do setor, no estado, ainda não têm água para trabalhar e 94% lidam com problemas no faturamento.

“Dentro da mesma cidade, como Porto Alegre, você tem tanto estabelecimentos que perderam tudo, como alguns que não foram afetados pela cheia, mas vão precisar reconquistar faturamento e cobrir os prejuízos dos dias fechados”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

Manifestação na Grande Porto Alegre f126s

Em São Leopoldo, na região do Vale do Rio dos Sinos, moradores do bairro Campina estão há 23 dias fora de casa, em decorrência do nível do Rio, e pediram auxílio da istração pública para a drenagem da área.

A prefeitura informou que duas bombas móveis foram instaladas na área e a estação de bombeamento do bairro está funcionando normalmente. Nesta tarde, o Rio dos Sinos atingiu a cota de 7 metros na cidade de Campo Bom, o que preocupa e mantém as autoridades em alerta.