Essência, de acordo com o dicionário Houaiss, é “aquilo que é o mais básico, o mais central, a mais importante característica de um ser ou de algo”, e para o jornalista florianopolitano formado também em cinema, Olavo Pereira Oliveira, 37, é também a palavra central quando se trata de storytelling.

O termo americano vem de “storyteller” ou contador de histórias – em português, e está relacionado com uma narrativa e a capacidade de contar histórias de maneira relevante. Olavo começou a contar essas histórias há oito anos, em uma empresa em São Paulo, fazendo as apresentações de palestrantes. Segundo ele, no mesmo período, o termo começou a ser pensado para agir dentro de empresas. “Ele remete a uma coisa muito essencial nossa, sobre conectar histórias, ideias, a forma como a gente se relaciona com as pessoas”, explica.
Parece algo até ancestral, mas a transmissão de conhecimento é algo básico, que pode ser feito de maneira oral e simples, como também por documentos, mas na hora de apresentar sua própria história para outras pessoas com o intuito de impactar e impressionar, a ajuda de um mentor de storytelling pode ser de grande valor.
A história de Olavo com o termo começou há oito anos, mas ele abriu em Florianópolis o próprio negócio há pouco mais de dois anos: a Narrative, no Sul da Ilha. Ele atende de maneira geral empresários que já têm alguma necessidade prévia, seja uma apresentação dentro da empresa, uma palestra para o público externo, um texto para um site institucional ou conteúdo para vídeo. “São pessoas que querem resgatar a essência, o propósito, enxergar o valor humano no que faz, saber o papel disso no mundo. O storytelling vai despertando outras perguntas sobre aquilo que você está fazendo para então expor”, diz Olavo.
Mapa de narrativa
Esses pontos a serem resgatados na hora da conversa com o cliente fazem diferença para prender o olhar do público durante uma palestra, por exemplo. É nesse momento que entra o Mapa de Narrativa, um método desenvolvido por meio de estudos e pesquisas de Olavo.
O mapa tem começo, meio e fim, algo que parece básico, porém, é construída uma linha narrativa que precisa fazer sentido. Por meio dela, é preciso criar um pensamento que se ligue a quem vai acompanhar a história, e isso precisa ser real, verdadeiro e possível. “Tem que trazer um conflito para a história, uma dificuldade, porque ela aproxima as pessoas, mas também é importante ter imagens e vivências reais”, acrescenta Olavo.
Feito isso, o mapa explica que é preciso mostrar que foi possível a mudança e sair da dificuldade dando exemplos, para então construir um clímax, mostrar insights, uma mensagem que tenha a ver com a empresa e finalmente algo que amarre o final.
Dicas de um contador de histórias
A dica do mentor é trabalhar bem o início, causando um impacto para fazer a pessoa querer acompanhar aquela história até o final. “Alguma pergunta, falar do futuro, uma estratégia dentro da história, e não demorar para chegar no ‘conflito’”, diz. Para ele, a questão de como manter a tensão da pessoa em você é sobre estar preparado para contar, sem se perder no assunto, senão, não é possível cobrar isso de quem está assistindo.
“Quanto mais a gente se prepara, mais criamos essa musculatura interna para ter um bom desempenho”, diz ele sobre o medo de algumas pessoas de estar em público. O Narrative chega a dar algumas dicas sobre oratória e técnicas vocais, mas se notar que o cliente precisa de uma ajuda aprofundada, ele indica um profissional da área.
“A essência é esse olhar mais sensível da história, uma olhar mais humano, simples, de menos técnica, menos persuasivo, sedutor, com cara de venda. Mas não é só contar uma história bonita, é ter uma história para contar. Isso me incomodava no antigo trabalho, mas não é porque a pessoa tem algo ruim para oferecer, mas tem que encontrar o que é verdadeiro”, salienta Olavo.