Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, luta para conquistar o selo de identificação geográfica para o aipim plantado na cidade. O selo pode ser dado ao produto cultivado em uma área de 300 hectares em três comunidades: São Roque, Rio Novo (Colônia Japonesa) e Espinheiros.

Nas últimas semanas, o Pemi (Planejamento Estratégico do Município de Itajaí), em parceria com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) promoveu um ciclo de reuniões e debates técnicos sobre o tema com o Sobrae/SC (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina). O objetivo da iniciativa é reconhecer e valorizar a produção do aipim em zonas de turfa na cidade.
O selo reconhece qualidades do aipim cultivado em solos turfosos de Itajaí (terra preta), que só é identificado nas localidades de Itajaí. Este cultivo dá ao aipim alto valor agregado por ter uma qualidade superior.
O diretor-executivo do PEMI 2040, Alcides Volpato, afirma que a produção de aipim e os derivados em Itajaí, como farinha, beiju, pirão d’água, entre outros, são peculiares da cultura local, e devem ser cuidados e elevados ao patamar de patrimônio material e imaterial do município. “Isso é um legado cultural, social e ambiental para as futuras gerações”, reforça Volpato.

Aipim plantado em solo diferente 2x4s2q
Antônio Henrique dos Santos, pesquisador da Epagri de Itajaí, as áreas de solo turfoso são recursos naturais necessários, mas escassos, e demandam atenção para sua manutenção e preservação ambiental.
Além disso, estes locais são ricos em polifenóis, que garantem sabor e maciez ao aipim por ter menos fibras. “Sem desconsiderar que os polifenóis são anticancerígenos”, destaca.

Essas particularidades do aipim de Itajaí foram destacadas durante reuniões pelas equipes envolvidas na solicitação da Indicação Geográfica, para preservar o produto, a cultura e a zona de plantio na cidade. A proposta de IG já está em elaboração pela prefeitura, a Epagri e o Sebrae.
Além disso, nesta segunda-feira (17), representantes do PEMI e técnicos da Epagri de Itajaí e Florianópolis se reuniram com o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Valdir Colatto, que acolheu a ideia e deve liberar os recursos financeiros necessários para implementação do processo.
“Precisamos dar prioridade às tecnologias sustentáveis e à agricultura familiar características de nossa Santa Catarina, pois o agronegócio e as commodities são estruturas já consolidadas e que não necessitam tanto do poder público”, destacou Colatto.

O que é o selo de Indicação Geográfica 2k4x4t
Conforme o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), a IG identifica a origem de um produto ou serviço com certas qualidades graças à sua origem geográfica, ou que tem origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço.
É uma proteção concedida que, além de preservar as tradições locais, diferencia produtos e serviços, melhora o o ao mercado e promove o desenvolvimento regional, produzindo efeitos para produtores, prestadores de serviço e consumidores.
Santa Catarina, por exemplo, já tem outros produtos com Indicação Geográfica. Entre eles: Vales da Uva Goethe, para vinhos e espumantes de Uva Goethe; Banana da Região de Corupá; Campos de Cima da Serra, para o Queijo Artesanal Serrano Brasileiro (que envolve os estados de SC e RS); Mel de Melato de Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro (que envolve os estados do PR, SC e RS); Maçã Fuji da Região de São Joaquim; e Vinhos de Altitude de Santa Catarina.