Depois da popularização dos aplicativos de transporte, viver como taxista ficou cada dia mais difícil. Em Florianópolis, a categoria está sem reposição de perdas inflacionárias há sete anos.

Considerando, ainda, o aumento no preço dos combustíveis, a profissão que sustentava três a quatro famílias antes, mal paga as contas do dono da placa hoje.
Na segunda-feira (18), entretanto, os taxistas da Capital tiveram um alento: um decreto da prefeitura corrige a tarifa dos serviços em 17%.
A mudança deve entrar em vigor em até dois meses. Com isso, a bandeirada, valor mínimo de uma corrida comum, que era R$ 4,60, a para R$ 5,50. Na tarifa de aeroporto, o custo da bandeirada, que era R$ 7,00, vai a R$ 8,40.

O presidente do Sinditaxi (Sindicato dos Taxistas de Florianópolis e Região), Ivan Roberto da Silva, 44 anos, está na Capital desde 1996 e é taxista há mais de uma década. Para ele, a reposição é satisfatória, mesmo ficando bem abaixo da inflação de 2015 a 2022, de 47%.
“Estamos com a corda no pescoço e precisamos trabalhar. Temos uma concorrência e o preço deles é um pouco abaixo, dependendo do horário, do clima, do trânsito. Para nós, portanto, não seria interessante chegar aos 47%”, explica.
Custos operacionais k6237
Conforme o secretário Municipal de Mobilidade, Michel Mittmann, a falta de aumento por tanto tempo foi uma opção da própria categoria. “Depois de muito segurar essa demanda, temos, nos últimos meses, um aumento gigantesco no preço dos combustíveis, custos e órios, ou seja, existia uma demanda reprimida”, frisa.
A prefeitura fez uma avaliação de custos operacionais, comparando com outras cidades e consultou a categoria para mudar a tarifa aplicando um preço justo e que atenda a demanda da população.

“Essa média de valor alivia a pressão para o taxista manter a operação e afeta menos do que uma reposição integral da inflação no período”, destaca Mittmann.
Reativação de placas cassadas 5g4e60
Três fatores dificultam a vida dos taxistas atualmente: a concorrência dos aplicativos, os serviços clandestinos e o preço dos combustíveis.
“Oito em cada dez táxis da nossa frota usam GNV (Gás Natural Veicular), que disparou. Hoje, está a R$ 6,39 e a nossa tarifa era a mesma de 2015, quando o GNV custava R$ 1,40”, lamenta Ivan.
Para aumentar a competitividade, os taxistas estão se organizando de diversas formas. Atualmente, a Capital tem uma frota de 709 táxis, com aproximadamente 500 em circulação. Quem resiste tem uma rotina exaustiva, às vezes começando às 4h, 5h da manhã e indo até 17h.
O sindicato fez uma programação para dividir os motoristas em turnos e para que se revezem nos fins de semana. Além disso, eles estão há cerca de quatro anos no aplicativo Unitaxi Grande Florianópolis.
Outra demanda da categoria é reativar as placas cassadas no ado. “A Lei 729 já prevê que sejam devolvidas. Haverá sorteio ou outro método para retornarem”, registra Ivan.

De acordo com o sindicalista, a secretaria de Mobilidade promete articular isso com a categoria, após a revisão do Plano Diretor.
O secretário de Mobilidade disse que a reativação das placas cassadas será avaliada no contexto da nova lei do táxi e que os procedimentos deverão ser regulamentados por decreto, ou portaria, conforme o município for absorvendo a transição da lei.