A famosa Linguiça Blumenau, que ganhou popularidade ao longo dos anos no prato dos catarinenses, acaba de ter sua produção regulamentada. O documento do governo do Estado de Santa Catarina estabelece os padrões mínimos para o embutido ser considerado uma verdadeira e típica Linguiça Blumenau.
A emissão da norma é uma vitória para os produtores do Vale do Itajaí, pois reconhece a receita criada pelos imigrantes alemães. Mais de 20 empresas na região têm como carro-chefe a iguaria, e a maioria fica nas cidades de Blumenau, Indaial, Gaspar, Timbó e Pomerode.

Luiz Antonio Bergamo é sócio de uma delas. Ele conta que a receita como é produzida hoje surgiu na antiga Weege Indústria Alimentícia. A empresa foi fundada por uma família que veio da Alemanha em 1900 e se instalou em Pomerode.
Na época, a cidade pertencia a Blumenau e com o ar do tempo o produto caiu no gosto dos catarinenses. Logo, se tornou comum que moradores de outras regiões do Estado pedissem pela linguiça de Blumenau. Daí surgiu o nome tão tradicional, que chegou a ser registrado junto ao Ministério da Agricultura em 1977.
Anos mais tarde a empresa fechou, e só voltou às atividades em 2003, com outro nome, mas deixou de produzir a iguaria.
Mercado regional 5xc6q
Três anos depois, Bergamo assumiu o negócio e resolveu investir no produto, seguindo a receita original da família Weege. Uma aposta que deu certo e, atualmente, uma média de 30 toneladas do produto saem da empresa todo mês. O mercado regional é o principal consumidor.
E justamente por manter a tradição e garantir a qualidade do embutido que a regulamentação da receita é tão importante. O processo para estabelecer os padrões e características levou praticamente quatro anos para ser concluído, e foi aberto na Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural pela empresa da qual Bergamo é sócio.
Agora, a próxima etapa é buscar a Identificação Geográfica, emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial. É um registro que aponta a procedência do alimento e assegura que ele pode ser produzido apenas no Vale do Itajaí.

A produção 591d2g
A norma do governo do Estado é clara: o produto precisa ter carne suína de cortes nobres – como paleta, pernil e lombo e sobrepaleta -, além de pimenta, sal e alho.
Jader Nones, gestor do Departamento Estadual de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Cidasc, pontua ainda que a Linguiça Blumenau obrigatoriamente deve ar por um processo de defumação natural. “Outros condimentos e especiarias são opcionais. Ou seja, cada agroindústria tem a liberdade para dar seu toque especial, utilizando receitas dos anteados ou adicionando novos temperos”.
A Linguiça Blumenau tem outras peculiaridades que a diferem de outras encontradas nas gôndolas dos supermercados, como pontua o produtor Luiz Antonio Bergamo.
“O clima, a seleção da matéria prima, o tempo de cura, a defumação natural. Porque hoje nós poderíamos simplesmente moer a carne, temperar, colocar dentro da tripa e levar pra defumar (artificialmente como feito em algumas empresas). Mas não. Ela exige esse tempo de cura, que vai dar outro sabor na carne. É um processo longo. Outra característica também é não ter embalagem plástica”.
Na empresa de Pomerode o processo todo é dividido em oito etapas. Começa no picador, avança para moedor e depois é feita a mistura com os temperos. Na sequência, a mistura vai para a câmara fria, onde fica por um dia.
Só depois é embutido e precisa obrigatoriamente ser em tripa suína natural. Depois disso volta, novamente, para a câmara fria por mais um dia. Só então vai para o defumador, um espaço fechado onde as linguiças ficam penduradas no alto e no chão é feita a queima de serragem. adas 24 horas, em média, o produto está pronto e segue para a expedição.
A regulamentação da produção do produto foi tema de reportagem no ND Notícias. Confira abaixo: