Alimentação escolar é trabalhada por meio da ludicidade em Neim de Florianópolis 2a4e3t

Com atividades que incentivam o contato com os alimentos, crianças aprendem sobre alimentação escolar 2f4i4d

Não há como negar: nós também comemos com os olhos – eles são responsáveis por instigar o desejo. No Núcleo de Educação Infantil Municipal de Florianópolis (Neim) Zilda Arns Neumann, o visual é pensado para incentivar a alimentação escolar. As 250 crianças desfrutam dos pratos nas principais refeições do dia – lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar –, consumindo tudo o que o corpo precisa: carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais.

Apresentar os alimentos é o primeiro o para trabalhar a alimentação escolar com as criançasApresentar os alimentos é o primeiro o para trabalhar a alimentação escolar com as crianças – Foto: Marcos Campos

O cuidado com os alimentos e o valor nutricional são garantidos por algumas normas, incluindo a Lei Federal nº 11.947 e a Resolução nº 6/2020 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que estabelece aquilo que deve ser consumido em cada idade, de acordo com o tempo de permanência nas unidades municipais.

Em Florianópolis, a Portaria nº 183/2020 também preconiza que apenas alimentos saudáveis entrem nas escolas. Mas se engana quem pensa que os encontros no refeitório são sempre os mesmos.

Isso porque a ludicidade é parceira no processo, transformando a comida em instrumento de educação. “A alimentação é muito mais do que sanar os valores nutricionais. Entendemos que ela é uma dimensão humana e que agrega na dimensão pedagógica”, explica a diretora do Neim Zilda Arns Neumann, Lucila Malagoli.

No caso em que o foco são as turmas iniciais, a adaptação aos gostos e texturas pode ser um desafio, mas o formato acaba incentivando o consumo.

“É diferente você apresentar para uma criança uma salada de tomate, sem vida, sem cor, numa travessa qualquer, num jeito qualquer e apresentar uma salada de tomate com um bichinho em cima, com uma decoração, de uma forma colorida”, conta a chefe do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação da Capital, Cleusa Regina Silvano.

Conforme os itens disponíveis e o cardápio definido, as cozinheiras ficam com a missão de encantar os olhos, criando animais e personagens a partir dos alimentos — as produções recebem até nome, como a tartaruga Juju, feita de kiwi.

A consistência e o formato também são primordiais na ludicidade. Mais do que reconhecer o legume ou a fruta no prato, é essencial que cada um conheça o alimento in natura, tocando, sentindo o cheiro, observando o formato e descobrindo as características de cada um.

A diversão é o primeiro o para explicar a importância da alimentação escolar e como os nutrientes devem ser consumidos. Com a rotina na escola, que deve permanecer em casa, a boa alimentação deixa de ser uma obrigação e a a ser um hábito.

O segredo é trabalhar o mesmo item diversas vezes, adequando a preparação de acordo com os gostos e preferências do grupo, até que o ato de comer bem seja um prazer e não uma obrigação.

A ação é primordial em um país que registra números preocupantes quando o assunto é obesidade infantil. De acordo com dados da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, disponíveis no Obesidade Infantil, com números de 2018 e atualização em 2020, 8,6% das crianças entre zero e nove anos convivem com sobrepeso. Quando o assunto é obesidade, o índice é de 5,9%.

Para acompanhar o desenvolvimento do consumo de alimentos, as crianças também am por avaliação do estado nutricional, que pode ser feita por amostragem ou grupos.

Nos casos em que a nutricionista encontra alguma irregularidade com o Índice de Massa Corpórea (IMC) – relação entre o peso e a altura – existe uma conversa com a família e, quando necessário, o encaminhamento para o centro de saúde. Algumas atividades também podem ser planejadas para a unidade, buscando a conscientização.

Alimentação escolar e as atividades as frutas 502m24

O cuidado com o que é consumido já ultraou o muro do Neim Zilda Arns. As famílias, presentes em todas as etapas do processo, acompanham a alimentação escolar por meio de um cardápio digital. Mas o papel dos responsáveis vai além: eles também precisam colocar a mão na massa. Isso porque o projeto “Dia da Fruta” movimenta toda a comunidade.

Semanalmente, o primeiro o é o estudo sobre algumas frutas, verduras e legumes. Além da internet, os grupos vão até a feira, ao mercado e até na horta dos vizinhos.

A última etapa consiste na experimentação, quando as famílias compram os alimentos e entregam o item, possibilitando às crianças ver, tocar e provar.

Esse é um dos projetos mais antigos da unidade, que já resultou na produção de tinta. A experiência foi feita durante os encontros com a professora Juliana Alves Bezerra de Andrade. Com a turma do G2 e G3, tudo começou quando um pai levou algumas pitayas para a unidade.

Como a maioria ainda não conhecia, a experiência rendeu mais do que sabores. “A pitaya foi toda a vivência da semana. Tiramos a casca, fizemos tinta natural e extraímos a cor da casca colocando água quente e sal. Depois tingimos o arroz e eles brincaram com a tinta”, conta a educadora.

Mesmo que de forma inconsciente, os componentes curriculares vão sendo inseridos no dia a dia, como a comparação do peso de uma fruta e outra.

No ato de cortar ou dividir o alimento, muitas crianças começam a consumir algumas opções depois da prática. “Temos crianças que entram no G1 comendo só arroz e saem no G6 comendo todas as frutas, todas as verduras”, menciona a diretora. Os restos são depositados na composteira da unidade.

No início de cada semestre, os familiares são acolhidos na unidade com uma recepção completa, unindo o lado literário, com poesias, e a alimentação saudável — momento em que eles consomem da mesma forma que os filhos.

Com o incentivo dos pequenos, existem aqueles que já estão levando a boa alimentação para dentro de casa, inspirado no que é servido. “As famílias dizem que pelo nosso projeto, pelo incentivo à alimentação saudável, em casa chega o sábado ou domingo, quando a família senta para tomar café da manhã, a criança pergunta pela fruta”, conta a diretora Lucila.

O padrão é seguido até mesmo nas festividades, momentos em que algumas adequações no cardápio são feitas para oferecer pratos diferenciados sem deixar de lado os cuidados essenciais — com menos açúcar e sal, tornando preparações típicas em alimentos mais saudáveis.

A promoção da saúde e da educação alimentar e nutricional e a oportunidade de provar ingredientes novos são os principais ganhos.

Cuidado ao que vai à mesa 6j6j54

Manter o lúdico e a imaginação ativa durante todo o dia é um desafio multidisciplinar, que precisa envolver os professores, a nutricionista e as cozinheiras.

Com tarefas que começam na aula e se estendem ao refeitório, todas as vivências são pensadas conforme os horários da cozinha, considerada o coração do Neim.

A preparação começa um dia antes, com a escolha da proteína. Grãos, saladas e frutas são preparados na hora, mas se engana quem pensa que o time fica apenas no fogão ou na pia.

Elas também acompanham as crianças, percebendo e atendendo algumas preferências. A cozinheira Lucimeire Miranda Dias, que aprendeu a profissão com a avó e a mãe, conta que a paixão vem de berço.

“Eu gosto muito de cozinhar. Quando eu não estou cozinhando, estou doente”, declara a profissional, que traz alguns temperos da própria horta, como cebolinha, tomilho e coentro, para o Neim.

Para comprovar a qualidade, todas as preparações são submetidas à coleta de amostra. Os itens são colocados na cozinha, antes de serem levados ao refeitório, em recipientes específicos e ficam armazenados por três dias.

Acompanhando de perto t485h

No caso em que existem Necessidades Alimentares Especiais (NAE), a alimentação escolar é pensada de acordo com a individualidade. Na Rede Municipal de Florianópolis, são 130 estudantes que apresentam restrições e demandam um atendimento direcionado.

“Temos um programa em que esses estudantes são cadastrados, é solicitado o atestado médico, por se tratar de uma patologia e/ou alergia/intolerância alimentar, e é feito um cardápio específico”, explica a nutricionista do Departamento de Alimentação Escolar, Lidiamara Dornelles de Souza.

Quando o problema é com o glúten ou com a lactose, por exemplo, os pratos são pensados com substitutos, mantendo a textura e o gosto conhecido. O cuidado começa no momento da compra, quando são selecionados os itens.

Além das alergias e intolerâncias, as seletividades também são levadas em consideração. Nas situações mais sérias, as cozinheiras utilizam as fichas para saber o que pode e o que não pode ser oferecido.

Os vegetarianos também são incluídos no cadastro, entendendo que a preferência precisa ser respeitada. No Neim Zilda Arns Neumann, por exemplo, duas crianças convivem com a diabetes tipo 1, e a verificação da glicose é feita durante as refeições, tudo para garantir o bem-estar.

O caminho até o prato 223o4i

Para garantir a entrega correta dos itens, existem diversos processos que devem ser seguidos. Desde a licitação até o preparo, alguns setores e equipes são responsáveis pela alimentação das crianças e estudantes. Confira:

  1. Departamento de Alimentação Escolar: responsável por determinar critérios e elaborar os cardápios, avaliar as necessidades, fazer a especificação dos alimentos para as licitações, manter contato com os fornecedores, pensar na substituição de alimentos, no valor nutricional e assegurar o cumprimento do Programa de Alimentação Escolar.
  2. Fornecedores: levam as compras até os Neims e escolas, entregando semanalmente carnes, frutas, verduras e legumes. Os gêneros alimentícios menos perecíveis (arroz, feijão, farinhas etc) são entregues mensalmente. Também são entregues alimentos da Agricultura Familiar, sendo que muitos deles são orgânicos ou agroecológicos.
  3. Nutricionista da unidade: responsável pelo acompanhamento do trabalho das cozinheiras, pelo estoque dos alimentos recebidos na unidade, verifica a qualidade dos alimentos, coordena as preparações, pensa em soluções exclusivas para cada unidade seguindo o cardápio, confere a higiene do local e da equipe e oferece capacitações sobre limpeza do ambiente de trabalho e conservação dos alimentos.
  4. Cozinheiras: responsáveis por manusear os alimentos e preparar as refeições, mantendo a qualidade, as especificações e o cardápio saudável.
Participe do grupo e receba as principais notícias
da Grande Florianópolis na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Revista its teens 3n2i1u

Revista its teens

Fórum Undime 2025: educação integral em debate na capital catarinense 4w3h11

O evento traz o tema "Gestão Participativa na Educação”, visando fortalecer a gestão educacional e p ...

Revista its teens

Florianópolis abre quatro mil vagas para o primeiro ano no Ensino Fundamental 5a1wl

As inscrições ocorrem entre os dias 23 e 25 de outubro com duas etapas de validação para matrícula d ...

Revista its teens

Inscrições abertas para a Olimpíada de Física do Ensino Fundamental 2024 6c4g67

Estudantes do 8º e 9º ano têm até 12 de setembro para se inscrever em uma das principais competições ...

Revista its teens

IA na educação: como trabalhar a inteligência artificial em sala de aula? Especialista dá dicas 306v5q

Jornalista, educador, escritor e mestre em Inteligência Artificial e Ética, Alexandre Sayad, apresen ...