Quando se pensa em um animal perigoso, qual vem a sua cabeça? Geralmente, as primeiras respostas são: cobra, tubarão, aranha, crocodilos. Mas há outro bichinho que pode dar uma grande dor de cabeça e que está mais perto do que imaginamos: o escorpião.

Nos últimos anos, o número de acidentes envolvendo esses aracnídeos peçonhentos aumentou no Brasil. Segundo a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), somente em 2021 foram 290 vítimas da picada de escorpião no Estado.
Em períodos de temperaturas mais altas e de grande volume de chuvas, os animais se aproximam de áreas urbanas em busca de abrigo e alimentação (em especial as baratas), o que eleva o número de ocorrências.
É possível encontrar cerca de 100 espécies no nosso país, mas a maior quantidade de acidentes é causada pelo escorpião-amarelo (Tityus serrulatus). O veneno deste animal atinge o sistema nervoso da vítima e causa dor intensa, por isso é necessário tomar todos os cuidados possíveis.
Maneiras de impedir a invasão 651a1t
Os escorpiões possuem hábitos noturnos, por isso ficam escondidos durante o dia, geralmente em lugares escuros e úmidos, como redes de esgoto e entulhos. Ao anoitecer, os aracnídeos vão em busca de alimento e, assim, podem invadir quintais e moradias.
De acordo com o Ministério da Saúde, produtos químicos — como os pesticidas — não mostram eficácia no controle dos animais, no entanto, existem maneiras simples de prevenir a proliferação e os acidentes.
Confira alguns cuidados:
- Manter jardins e terrenos limpos, sem entulhos, lixos e folhas secas;
- Proteger ralos de chão, pias e tanques com o uso de telas;
- Fazer a manutenção das caixas de esgoto e de gordura;
- Deixar o lixo da residência em sacos bem fechado para evitar baratas e outros insetos;
- Examinar e limpar regularmente móveis, cortinas, assoalhos e outros lugares da casa;
- Agitar roupas, toalhas e calçados antes de usar;
- Vedar as frestas das portas, janelas e buracos das paredes;
- Afastar as camas e os móveis das paredes.
Segundo a médica veterinária Caroline Itner Andrade, outra dica importante é a preservação do meio ambiente.
“Assim também protegerá os inimigos naturais dos escorpiões, como aves de hábitos noturnos, como a coruja, lagartos, sapos, gambás e quatis. Além deles, as galinhas também se alimentam dos escorpiões e podem ser criadas na zona rural como uma forma de controle natural”, explica.
Fui picado; e agora? 2ev60

Se mesmo com os cuidados ainda houver acidente, é necessário agir corretamente para evitar o agravamento da situação.
A picada do animal causa dor imediata e pode ser acompanhada de vermelhidão, adormecimento e suor; já os sintomas mais graves incluem tremores, náuseas e agitação.
Uma recomendação importante é lavar o local da picada somente com água e sabão, para aliviar a dor, mas nunca com a água fria ou gelada.
Em seguida procurar uma unidade de serviço da saúde para que os profissionais avaliem a situação, iniciem o tratamento e, caso necessário, apliquem o soro antiaracnídico e antiescorpiônico.
Para facilitar o processo, se possível, é indicado levar o escorpião causador do acidente em um pote com tampa (tomando todos os cuidados) ou uma foto do animal, para que as autoridades da saúde possam realizar mais rapidamente o diagnóstico clínico.
Mas como o escorpião chega às áreas urbanas? m5k3n
Alguns fatores levaram ao aumento dos casos. Os animais, originalmente do clima tropical e subtropical, tiveram que se adaptar a diferentes habitats — de desertos a florestas tropicais — para sobreviverem às mudanças do tempo.
Para garantir a sobrevivência das espécies, os escorpiões buscaram em áreas urbanas o seu novo lar. O aquecimento global e o desmatamento foram alguns dos principais motivos que levaram esses aracnídeos aos centros das cidades.
O aumento da temperatura contribui para o crescimento das aparições, já a desflorestação faz com que os animais invadam outras áreas em busca de comida e abrigo. Além disso, o destino incorreto de resíduos atrai a presença dos animais em meios urbanos.
“A alta produção de lixo orgânico nas cidades, o descarte inadequado e a falta de saneamento são aspectos que estimulam a proliferação desses insetos”, conclui Caroline.
Atenção! 64386s
Caso encontre um escorpião, a recomendação é procurar informação no setor responsável pela prevenção de acidentes, inspeção e capturas do seu município.
Neste processo, tome todos os cuidados, evite colocar a mão ou pisar no animal e, se possível, mantenha o escorpião vivo, para que os responsáveis façam a identificação e o monitoramento da região, a fim de evitar novos casos.