Mais do que deixar de comer carne, adotar o vegetarianismo ou veganismo significa seguir uma filosofia de vida. E essa forma de viver e enxergar o mundo em um primeiro olhar pode parecer estereotipado e um tanto quanto difícil, mas a tendência que faz parte da realidade de muitas famílias ganha cada vez mais adeptos e já chegou às escolas de Florianópolis.

Para a tatuadora Júlia Harger e a filha, a rotina de uma alimentação saudável e sem o consumo de alimentos, vestuários ou qualquer outro tipo de atividade que envolva sofrimento animal vai muito além da casa. Na escola em que a pequena vegana Dominique, de quatro anos, estuda, no bairro Pantanal, a merenda é adaptada.
Além de Dominique, a unidade escolar também tem outra aluna vegana. No início do ano, quando a mãe foi matricular a filha e avisar aos professores sobre a alimentação, a escola já estava preparada para isso. No cardápio, salada e verdura nunca faltam.
Ao respeitar a decisão da família de não consumir carne em nenhuma das refeições, a creche municipal Nossa Senhora Aparecida oferece lanches e uma “jantinha caseira e vegana deliciosa”. E, para adoçar, a última festa julina contou até com bolos veganos.
“Foi ótima a adaptação. Quando cheguei na escola, nem precisei falar sobre o que era ser vegana. Como já havia outra criança, a escola estava acostumada e foi tranquilo. Como ela estuda à tarde, os lanches normalmente são frutas. À noite, as funcionárias separam a comida quando é carne moída com marcarão ou canja”, disse Júlia.
Em casa, Júlia divide a rotina da família no Instagram @veganaesuamae. Nos posts, além de pratos simples e deliciosos, a jovem também fala sobre maternidade de forma descontraída em perfil para lá de criativo.
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Dieta fez parte da formação das merendeiras
Desde 2015, uma lei municipal autoriza a prefeitura a implementar um cardápio vegetariano nas escolas espalhadas pela cidade. Neste ano, com a expectativa de receber mais alunos que necessitam de atenção especial à mesa, a Secretaria de Educação de Florianópolis ofereceu um tópico especial sobre alimentações restritivas na formação anual das cozinheiras.
De acordo com a nutricionista do Depae (Departamento de Alimentação Escolar), Renata Brodbeck Faust, a formação incluiu opções de pratos sem carne, com os alimentos disponíveis na pauta de compras da alimentação escolar. A ideia foi integrar também dietas restritivas que são seguidas por alunos que possuem alguma patologia como, por exemplo, intolerância à lactose.
“Introduzimos o assunto para as cozinheiras. Agora, a gente está mais atento a essa necessidade e, já que é uma tendência e uma demanda que estava reprimida, o departamento tem que ficar atento e construir estratégias para atender os alunos com algum tipo de restrição”, disse.
A prefeitura faz, também, um levantamento junto às escolas para mapear quantos vegetarianos e veganos há na rede municipal de ensino. Além disso, a secretaria também busca entender quais tipos existem, para, então, planejar cardápios completos e outras ações.
