A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) amanheceu com as entradas bloqueadas nesta terça-feira (11). O protesto dos servidores técnico-istrativos em educação também ocupou os dois prédios da reitoria.

A greve dos servidores técnicos de universidades e institutos federais em todo o país já dura três meses. A paralisação nacional começou no primeiro dia do ano letivo da graduação na UFSC, em 11 de março.
Segundo o Sintufsc, sindicato que representa os servidores técnicos da universidade, a categoria acumula uma defasagem salarial de 54% nos últimos sete anos.
Representantes do Ministério da Gestão e do Ministério da Educação devem se reunir com os grevistas às 16h desta terça-feira em mais uma tentativa de negociação.

Além do reajuste nos salários, a greve reivindica a reestruturação da carreira dos servidores técnicos, reajuste de bolsas estudantis, recomposição do orçamento das instituições federais e revogação de normas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro.
O reajuste salarial proposto pelo governo é de 9% em janeiro de 2025 e 5% em abril de 2026, mas nenhuma parcela em 2024. O Ministério da Gestão alega não haver espaço orçamentário para um aumento este ano.
A pasta defende que, se considerado o reajuste de 9% concedido aos servidores técnicos em 2023, a oferta representa aumento médio de 28% até 2026, sendo 37,6% no estágio inicial da carreira.

O governo já acordou um reajuste de 52% no auxílio-alimentação, que ou de R$ 658,00 em 2023 para R$ 1.000,00 em 2024. A categoria também garantiu a correção do valor médio do auxílio-saúde em 49% e do auxílio-creche em 51%.
“Em 3 meses de greve, é preciso coragem para apresentar um percentual de reajuste que seja minimamente condizente com as perdas salariais acumuladas nos últimos 7 anos: 0% não é proposta!”, defendeu o Sintufsc nas redes sociais.
O sindicato faz referência à declaração de Lula durante a reunião com os reitores na segunda-feira (10), em Brasília.
O presidente afirmou que “no Brasil está cheio de dirigente sindical que é corajoso para decretar uma greve, mas não tem coragem de acabar com a greve”.
Governo anuncia investimento em universidades federais 493n2e

Na reunião com os reitores, o presidente Lula anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões para todas as instituições federais de ensino superior. O valor é destinado à expansão das universidades e hospitais universitários.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, os recursos contemplam 223 novas obras, sendo 20 em andamento e 95 retomadas em salas de aula, laboratórios, auditórios, bibliotecas, refeitórios, moradias e centros de convivência.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) inclui R$ 3,17 bilhões na consolidação de estruturas, R$ 600 milhões para expansão e R$ 1,75 bilhões para hospitais universitários.

Serão dez novos campi vinculados a universidades já existentes e oito novos hospitais universitários, mas nenhum em Santa Catarina.
O governo também acrescentará R$ 400 milhões no custeio das instituições. Com a recomposição, o orçamento para as universidades federais será de R$ 6,38 bilhões em 2024, enquanto dos institutos federais será de R$ 2,72 bilhões.
“Nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra vocês vão perceber que não há muita razão para essa greve estar durando o que está durando. Quem está perdendo não é o Lula, quem está perdendo não é o reitor, quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros”, argumentou o presidente.
Veja as 21 reivindicações locais dos servidores técnicos da UFSC 1f734w

Além das exigências nacionais da categoria, os servidores técnicos da UFSC entregaram à reitoria uma lista com 21 pontos da pauta local. Confira a seguir:
- Fora Spyros e Eleições diretas para superintendência no HU e outros cargos diretivos;
- Volta do SASC para a comunidade universitária;
- Realização de exames periódicos para os servidores RJU;
- Revisão das avaliações dos laudos de insalubridade do HU com participação dos trabalhadores;
- Realização de novos laudos sobre a insalubridade nos demais setores;
- Reestruturação do Restaurante Universitário;
- Priorização da manutenção da infraestrutura existente pela gestão, com disponibilidade e transparência do orçamento;
- Reorganização da Prefeitura Universitária;
- Recomposição dos recursos para a assistência estudantil;
- Recomposição imediata das equipes de trabalho dos setores (chamamento de concurso dos códigos de vagas em aberto);
- Redimensionamento de pessoal e abertura de novas vagas para concurso;
- 30 horas para todos;
- Regulamentação do Projeto piloto das 30h;
- Regulamentação do Projeto piloto do Teletrabalho;
- Efetivação da CISSP e implantação de uma política de prevenção e promoção à saúde do trabalhador;
- Facilitar o processo de movimentação interna, com maior frequência e transparência dos editais de remoção;
- Paridade nos conselhos e instâncias de deliberação;
- Implementação de uma política efetiva e permanente de prevenção e combate ao assédio moral no trabalho;
- Reestruturação das avaliações de desempenho e estágio probatório conforme proposta já encaminhada pelos TAEs;
- Posicionamento da Reitoria em relação à Auditoria Cidadã da dívida;
- Não ao ponto eletrônico.