Tornar a escola um lugar inclusivo é ir além de adaptar os espaços – o que também é importante e necessário para as pessoas com deficiência. É a garantia de que todos os alunos façam parte do mesmo processo de ensino e aprendizagem, sem deixar ninguém para trás.

Partilhar de um espaço diverso, com múltiplas habilidades, é o pontapé inicial para fazer com que a escola contribua na formação de todo cidadão e preserve seus direitos garantidos na Constituição.
A inclusão de alunos com deficiência no ambiente pedagógico do ensino regular, além de somar no desenvolvimento socioemocional de todos os estudantes, tem efeito positivo na aprendizagem, na autonomia e diminuição na evasão escolar.
Ao falar em deficiência é preciso destacar que existem diferentes tipos: visual, auditiva, múltipla, intelectual, psicossocial e física – essa última é o caso de Iudi Elimar Grave, 15, estudante do nono ano da Escola Municipal Anaburgo.
Amigo da galera, youtuber, gamer e apaixonado por tecnologia, ele foi diagnosticado com Atrofia Muscular Espinhal (AME) Tipo 2 com um ano e três meses e, por conta da fraqueza muscular, faz uso de uma cadeira de rodas.
Inserido na rede desde a Educação Infantil, Iudi frequenta o ensino regular graças a uma alteração na abordagem da educação brasileira por meio da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, que ou a exigir que escolas públicas pudessem oferecer no ensino regular atendimento para estudantes com deficiência.
Com o sonho de crescer em uma sociedade sem preconceito, Iudi diz ter sofrido discriminação pela sua limitação física apenas uma vez. “Eu estava na educação física, ainda no primário. A professora fez a amarelinha e eu fui pular de cotovelo e depois ela falou pra eu ficar olhando quem pulava errado para refazer. Aí, um menino fez errado, eu falei e ele me xingou. Falou que eu não podia nem pular amarelinha”, relembra. O episódio, apesar de não ter causado incômodo no garoto, não saiu da sua mente.
Na unidade em que estuda, o espaço de Atendimento Educacional Especializado (AEE) oferece o serviço de e individualizado para 25 alunos, além de ajudar a identificar as habilidades de cada um, a organizar recursos pedagógicos que sirvam para suprir as necessidades dos estudantes e a garantir a eliminação de barreiras no seu desenvolvimento.
“O Iudi não faz acompanhamento no AEE porque tem o cognitivo preservado. Claro que se precisar de adaptação, aí, sim, a gente entra com isso. Mas adaptar o conteúdo para que ele compreenda não precisa”, comenta Anna Paula Peters Vieira, professora de AEE da unidade.
Isso porque a dificuldade de Iudi na escola é motora, já que se torna cansativo copiar ou fazer atividades que necessitem do apoio das mãos. Para isso, o aluno conta com a assistência de Luziana Souza Machado, auxiliar de educador na unidade, que o acompanha durante toda a sua permanência na escola.
No comando de uma cadeira de rodas motorizada, Iudi circula pelos espaços íveis da escola, tendo a liberdade de ear e estar nos mesmos ambientes que todos os seus colegas da unidade. E aí, na sua unidade educacional, você já notou se os ambientes têm ibilidade? Observou como a inclusão é desenvolvida na prática?
Construir um espaço respeitador e igualitário é uma atitude que pode partir de todos, incluindo alunos. “Aqui na comunidade escolar, os alunos acolhem, sem preconceito, e com todas as turmas a gente vê isso”, diz Pamela Müller Stock, supervisora.
Ser uma escola inclusiva também é compreender que não existe um único método de ensino. “O nosso foco na escola é aprendizagem e são diversos tipos. E todos os nossos recursos são usados para que todos aprendam. Para o Iudi, qualquer avanço na parte física é gratificante”, destaca Milena Voss, diretora na EM Anaburgo. “É um movimento que a gente tem para que todos aprendam, cada um no seu tempo.”
Você sabe o que é capacitismo? 201v56
O termo capacitismo tem ganhado espaço e discussão, principalmente, nas redes sociais, mas ainda é algo que nem todo mundo sabe o que significa na prática.
Tem origem na palavra inglesa “Ableism”, que significa destratar uma pessoa pela sua deficiência, ou seja, colocar à prova a sua capacidade de desenvolvimento. Conhecer o termo é muito importante para aprender, refletir e mudar comportamentos que podem ser preconceituosos.
Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 6,7% da sociedade brasileira é diagnosticada com algum tipo de deficiência. Então, para tornar o lugar em que vivemos mais igualitário é necessário começar, primeiro, por uma mudança de pensamento e compreensão sobre o preconceito estrutural instalado na sociedade.
– capacitismo, + inclusão 6m666n

Na escola ou fora dela, a inclusão não requer apenas melhorias no espaço, mas de pensamento também.
Para isso é preciso que comportamentos sejam mudados para que o seu direito e o do outro sejam garantidos. Veja como:
– Toda vez que você estiver em um carro na companhia de uma pessoa adulta, oriente para que respeite as vagas de estacionamento reservadas para deficientes.
– Nos banheiros íveis, respeite esse espaço e deixe livre para que pessoas que realmente tenham necessidade de usá-lo possam encontrá-lo limpo e higienizado.
– Seja gentil com o próximo e, em situações que observar que tem alguém precisando de ajuda, pergunte se ela aceita seu auxílio.
– Se na sua sala de aula tiver um estudante com deficiência, observe como é a relação dele com a turma e sugira propostas, atividades e brincadeiras para que todos possam participar.
– Se você não tem conhecimento sobre as limitações de uma pessoa com deficiência, transtornos globais, caso tenha abertura, escute-a sobre suas limitações e aprenda sobre diversidade na prática.
– Observe seu vocabulário e as expressões que usa no seu dia a dia que podem conter preconceitos e fazer de xingamento questões de limitações de uma pessoa.