‘Maioria tem nível de 6º ano e está no 9º’, diz diretora de Educação de Florianópolis 66c32

Após o levantamento Avalia Floripa revelar dados alarmantes de ensino, a Secretaria Municipal de Educação tem implantado ações para reverter a situação; caso do 9º é o mais crítico, avalia a pasta 12351h

Levantamento evidencia atraso dos alunos da rede pública de FlorianópolisLevantamento evidencia atraso dos alunos da rede pública de Florianópolis – Foto: Divulgação/ND

A educação pública de Florianópolis recebeu um duro choque de realidade com os resultados do primeiro diagnóstico do sistema de avaliação educacional de Florianópolis, Avalia Floripa, aplicada pela Secretaria Municipal de Educação em abril deste ano. Voltado para os alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental das escolas municipais, o levantamento revelou dados alarmantes que exigem medidas urgentes e profundas.

O dado mais preocupante vem do 9º ano, etapa final do ensino fundamental. Dos 2.142 estudantes avaliados nessa fase, apenas 61 apresentaram desempenho considerado adequado em matemática para o ano em que estão matriculados.

Em dez escolas da rede, nenhum aluno atingiu esse nível mínimo de aprendizado. Em matemática, 97% dos alunos do 9º ano não demonstram domínio sequer dos conteúdos do 8º ano; muitos, segundo dados da secretaria, estão no nível do 6º ano. Em língua portuguesa, o cenário também é grave, 67% dos alunos da rede pública de Florianópolis apresentam aprendizagem insuficiente.

A situação não se restringe ao 9º ano. A rede municipal de Florianópolis apresenta queda contínua nos indicadores de qualidade educacional desde 2011, segundo o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

A Avalia Floripa, que utiliza metodologia inspirada no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e coletará dados três vezes ao ano, mostrou que apenas 16% dos estudantes das três séries avaliadas atingem o nível adequado simultaneamente em língua portuguesa e matemática.

Níveis mínimos 1f392v

No 2º ano, por exemplo, 77% das crianças não atingiram o nível mínimo de proficiência em língua portuguesa — muitas, segundo a subsecretária de Gestão de Educação, Fabrícia Luiz Souza, não conseguem sequer ler palavras simples como “casa” ou “sapo”.

Em matemática, 66% também apresentaram desempenho insuficiente. Já no 5º ano, 39% dos estudantes não dominam os conteúdos esperados do 1º ao 4º ano em língua portuguesa, e 67% ficaram abaixo do esperado em matemática.

“O 9º ano apresenta os resultados mais preocupantes. Em torno de 31% dos nossos estudantes estariam prontos para iniciar o 7º ano e 36% para iniciar o 8º e somente 33% prontos para o 9° ano. E quando a gente fala de matemática, esse dado assusta ainda mais, porque são 97% de nossos estudantes. Ou seja, não estão prontos para iniciar o 8º ano”, comenta a diretora de Educação Fundamental da rede municipal, Karla Hermans.

“A maioria desses alunos estaria em nível de 6º ano, e estão lá no 9º” — Karla Hermans, diretora de Educação Fundamental da rede municipal de Florianópolis

Três em cada quatro alunos da rede pública de Florianópolis não conseguem ler palavras simples – Foto: DIVULGAÇÃO/PMF/NDTrês em cada quatro alunos da rede pública de Florianópolis não conseguem ler palavras simples – Foto: DIVULGAÇÃO/PMF/ND

Ações emergenciais da secretaria para alunos da rede pública 1y5f27

Diante do colapso revelado, a secretaria tem buscado agir em múltiplas frentes para reverter a situação de não aprendizagem. A principal medida colocada em prática desde o início deste ano foi a expansão da educação em tempo integral, com os estudantes do 2º e 5º ano permanecendo na escola durante os dois turnos.

As aulas de língua portuguesa e matemática também foram ampliadas de quatro para seis por semana, equiparando-se à média nacional. Além disso, a secretaria também mobilizou um grupo técnico que acompanha de perto o trabalho pedagógico em todas as escolas, oferecendo e direto aos diretores e professores.

Há, ainda, formação continuada para os professores, com foco na recomposição das aprendizagens essenciais. “A partir desse diagnóstico, a secretaria está realizando uma reforma pedagógica olhando para as necessidades e direitos de aprendizagem dos estudantes”, ressalta Fabrícia.

A Secretaria Municipal de Educação implantou um sistema mais rigoroso de acompanhamento da presença escolar, com ações imediatas junto às famílias já a partir da primeira falta do aluno. Equipes da secretaria estão indo às escolas para verificar presencialmente, sala por sala, a frequência dos alunos da rede pública de Florianópolis.

Outro ponto de apoio pedagógico foi a adoção do Educa Floripa, um material didático complementar que, ao contrário dos livros tradicionais que olham para o conteúdo futuro, foca em recuperar as habilidades não consolidadas nos anos anteriores. “É um livro que vem para trabalhar as habilidades do 1º ao 5º, muito específico para a realidade de Florianópolis. Esse material olha para onde a gente está na avaliação diagnóstica e de que forma a gente recupera a aprendizagem para seguir adiante”, explica Karla.

Diagnóstico permite ações concretas e direcionadas 2q6261

Segundo o secretário de Educação, Thiago Peixoto, o Avalia Floripa se diferencia por fornecer dados individualizados, que permitem ações concretas e direcionadas. “A prova nos mostra não só como está a rede, mas como está cada estudante, em cada escola, em cada turma”, explica.

Peixoto destaca ainda que a infraestrutura das escolas, frequentemente apontada como fator crítico em redes públicas de ensino, não é um problema central em Florianópolis. “O Tribunal de Contas do Estado já reconheceu que nossas escolas têm boa infraestrutura. Nosso foco agora precisa ser pedagógico.”

Segundo ele, as novas medidas pedagógicas inicialmente causaram preocupação, mas os professores têm respondido positivamente. “As evidências de transformação começam a ser percebidas na rede”, afirma o secretário.

Avalia Floripa servirá como bússola para definir próximos os 6e7324

A segunda aplicação do Avalia Floripa está prevista para julho. E a terceira, para o final do ano letivo. Os resultados vão servir como bússola para medir o avanço das estratégias implementadas.

Embora os dados iniciais tenham exposto com clareza a gravidade da situação, a secretaria acredita que os primeiros efeitos das ações emergenciais já estão sendo sentidos em sala de aula. “Temos desafios urgentes e estamos agindo para fazer uma grande virada educacional”, pontua a subsecretária Fabrícia.

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