Ter o conhecimento mínimo sobre a relação de espaço dos seres humanos e animais silvestres, além de garantir a reprodução e o desenvolvimento da espécie, também estimula a consciência de que não estamos sozinhos no mundo, temos necessidades biológicas e podemos partilhar o mesmo ambiente sem interferência.
Ao menos foi assim que as crianças do Centro de Educação Infantil (CEI) Doce Infância aprenderam com o projeto “Eu, o CEI e os esquilinhos”.

Moradores da nossa Mata Atlântica, os esquilos estão mais próximos da nossa realidade do que se pode imaginar: na pesquisa de campo feita para o projeto do CEI, em 13 bairros de ville, moradores alegaram terem visto a presença desses roedores.
Em 2020, foi a primeira vez que eles resolveram dar o ar da graça na unidade – já que estava fechada por questões sanitárias da Covid-19 – e encontraram o lugar perfeito para fazer morada: árvores para viver na toca e frutas e sementes para se alimentar.
Com o retorno do ensino presencial, o convívio dos esquilos na unidade despertou a curiosidade das crianças – já que era algo visto por eles apenas nos desenhos e filmes animados.
“Quando chegaram, eles queriam explorar e a natureza traz um encantamento”, comenta a professora Andrezza Azevedo, responsável pelo projeto, que aproveitou a presença do animal silvestre para trabalhar com a turma do segundo período os direitos de aprendizagem na Educação Infantil.
Assim como cada ser humano, os esquilos que vivem no entorno do CEI Doce Infância possuem um nome próprio: eles são conhecidos como Alvin e Brittany. Os dois aram a ser o objeto de estudo das crianças, que se tornaram pesquisadoras do seu próprio processo de aprendizagem e vivenciaram experiências de forma interdisciplinar.
“A curiosidade natural da criança, quando tem a intervenção da professora, se expande demais”, destaca a diretora da unidade, Simone Policarpo.
Com os animais silvestres identificados, durante três meses o Centro de Pesquisa criado na unidade pela professora Andrezza teve a presença da doutora Nara, personagem desenvolvida por ela para orientar as pesquisas e os materiais de uso científico – como binóculos e caneta microscópica – além de uso de ferramentas manuais e tecnológicas para iniciar o processo investigativo.
“Esse mundo da criança é encantado, porque eles entram no mundo de faz de conta”, diz a diretora. “Isso revela o encantamento da Educação Infantil que entrou no mundo da fantasia com a professora sendo bióloga.”
Presentes na natureza e com pouco ou zero contato com os humanos, os animais silvestres são importantes porque são dispersores de sementes, o que contribui no plantio de novas árvores, além de manter a espécie sempre em reprodução.
Nas atividades desenvolvidas no CEI, o estudo prático e lúdico respeitou a alimentação natural e os limites necessários para o convívio entre os esquilos e os seres humanos. “Ele (esquilo) não some, fica observando a gente. E eu vejo que isso tudo foi a questão de respeitar esse espaço dele”, acredita a diretora.
O que poderia ser apenas uma simples presença de um animal com cerca de 20 centímetros de comprimento ao redor da unidade, pelo olhar pedagógico de Andrezza foi muito mais.
O projeto “Eu, o CEI e os esquilinhos”, desenvolveu habilidades e competências por meio de brincadeiras, experiências, participação e criatividade. Para a professora, os esquilos não estimularam apenas os recursos de ensino, mas uma aprendizagem necessária dentro e fora do espaço educativo: “Precisamos uns dos outros”, conclui a educadora.
Animais silvestres: cada um no seu quadrado 3b3t2l
Todo ser humano pertence a uma família, saboreia os alimentos oferecidos pela natureza, necessita do oxigênio produzido por ela para respirar e, principalmente, tem uma anatomia singular.
Mas isso não é privilégio de um determinado grupo – e será que você já parou para pensar que todos esses fatores também fazem parte da vida dos animais silvestres? Eles são parte fundamental dessa cadeia e importantes para o equilíbrio da natureza.
Entretanto, diferente dos animais domésticos, os silvestres podem apresentar riscos e serem transmissores de doenças quando estão fora do seu hábitat. Ainda que pareçam fofinhos, cada animal tem seu espaço de vivência – e respeitá-lo garante a segurança e a saúde dele e a dos humanos.
Em seu hábitat, o animal silvestre tem a alimentação apropriada, a natureza como sua morada e a reprodução da espécie garantida, além de conviver com outros animais. Dessa forma, “cada um no seu quadrado”, respeitamos o meio ambiente e o equilíbrio da nossa cadeia e o nosso ecossistema agradece.