Para desenvolver a cidadania, o respeito ao outro e aos direitos humanos, na Escola Municipal Prefeito Geraldo Wetzel os próprios alunos têm entendido na prática como isso funciona: com arrecadação de roupas, alimentos e produtos de higiene para doação como parte de um projeto escolar, os estudantes cultivam a empatia e o espírito de solidariedade, habilidades que se somam na formação de cidadãos conscientes e colaborativos.

Na escola, promover ações que estimulam boas práticas pode servir de inspiração e incentivo para que o estudante participe e se envolva com movimentos solidários dentro ou fora do espaço educativo, diminuindo os efeitos de uma sociedade desigual.
“Eu gostei muito do projeto, porque faz a pessoa pensar: um pouquinho, que para mim não é nada, pode ajudar o próximo. E eu nunca tinha participado de algo assim”, comenta Guilherme da Mota, 13, aluno do oitavo ano B.
Projeto criado pela professora de geografia, Luciane de Lima Cunha, usou as áreas de conhecimento do componente curricular para desenvolver as atividades – e os dados sobre a fome chamaram a atenção dos estudantes.
“A gente sempre trabalha as questões da sociedade que se vive agora. Trago dados atuais e a gente sempre discute, observa”, pontua. “Eu já tinha trabalhado com eles (alunos) a questão social, que era uma das habilidades a serem trabalhadas, e meio que estava latente neles.”
A preocupação com o projeto partiu de dados reais da sociedade. Para se ter uma ideia, os números sobre a insegurança alimentar vêm aumentando e a pandemia causada pela Covid-19 deixou a situação ainda mais desafiadora: de acordo com relatório apresentado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, no final de 2020, 19,1 milhões de pessoas viviam na linha da fome no Brasil. Em 2022, esse número saltou para 33,1 milhões de brasileiros que não têm o que comer em casa. Sabe o que assusta? Cada número representa um ser humano sem comida.
Na escola, para diminuir a realidade de insegurança alimentar, as ações saíram da sala de aula e mobilizaram todo o grupo. Resultado? Foram cerca de 700 quilos de alimentos arrecadados e 80 cestas básicas distribuídas na comunidade escolar.
Além disso, aproximadamente 500 peças de roupas foram doadas. “Eu fiquei bem feliz depois que descobri os resultados que tinham pessoas recebendo comida”, comenta João Deunizio Neto, 14, aluno do oitavo B. “O total de cestas que a gente fez, a gente não esperava. Todo mundo ficou bem feliz.”
Toda a mobilização partiu de ações dos estudantes, que produziram panfletos, cartazes e vídeos explicativos sobre o projeto. “A gente tentou ar de uma forma mais clara o problema da fome. A gente ainda apresentou o projeto e falou para as pessoas ajudarem a todos os necessitados”, diz Erick Chaves Fiamoncini, 14, aluno do oitavo B, um dos responsáveis pela produção audiovisual.
Para a professora Luciane, todas as ações foram organizadas pelos próprios estudantes e “a percepção e o olhar mais próximo da gente” foram alguns dos objetivos de toda essa ação.
Integração de projetos 6w384b

A arrecadação de produtos para doação, protagonizada pelas turmas dos oitavos anos A e B da escola, com orientação da professora de geografia, Luciane de Lima Cunha, está atrelado ao projeto institucional da escola “Nós fazemos a diferença”, implementado pela supervisora da unidade, Angélica de Borba Rosa Deunizio. Com o intuito de trabalhar a responsabilidade estudantil, o projeto consiste em pilares que avaliam comportamento, tarefas e faltas de toda a turma.
“Os professores preenchem um quadro todos os dias e, no final de cada trimestre, eu faço a contagem de verdes e vermelhos. A turma que teve mais verde é a que teve mais foco nos estudos e a gente dá uma premiação – junto com a entrega de honra ao mérito”, explica a professora. “No final do ano, a turma que mais tiver verde, ganha uma premiação.”
Solidariedade na escola: como desenvolver na prática? 4c194r
Cultivar uma escola humanizada, atenta para as questões sociais, tem muitos ganhos: além de formar estudantes ativos, empáticos e empoderados socialmente, torna o espaço respeitoso, acolhedor e receptivo.
“Eu gostei bastante do projeto e fiquei bastante pensativo sobre quantas pessoas ajudamos com as cestas. Eu vou continuar trazendo alimentos para continuar fazendo mais cestas”, comenta o aluno Alisson Yuri Matos dos Santos, 14, do oitavo A.
Para ajudar na formação de alunos mais conscientes, a escola pode promover práticas que vão além de doações, mas na própria atitude. Para despertar boas ações, veja como aplicar e levar essa discussão para a sua escola na prática:
Ajudar o colega de sala que está com alguma dificuldade no estudo.
Integrar os alunos nas brincadeiras.
Fazer um calendário com promoção de ações solidárias na escola.
Criar espaços de diálogos para ouvir e entender as necessidades do colega.
Convidar voluntários para oferecer palestras na escola e entender melhor sobre seus projetos.