Projeto Envolva-se transforma artesãos em empreendedores muito mais conscientes 30184s

Programa do Sesc-SC, desenvolvido pela primeira vez no ano ado, acabou por criar uma grande rede colaborativa e solidária, onde a sustentabilidade é levada a sério no processo criativo 6t6w4i

Uma Capital única, que reúne o crescimento e as características cosmopolitas dos grandes centros urbanos com o aconchego do interior. Com 42 praias, paisagens de tirar o fôlego e, hoje, um berço de empresas tecnológicas que a tornaram referência nacional no segmento, Florianópolis é o celeiro ideal para artesãos, costureiros, artistas e empreendedores criativos. Ideias não faltam para esses profissionais, que transformam a natureza e os mais diferentes tipos de resíduos e materiais em lindos produtos funcionais.

Mas, como fazer destes projetos, da criatividade, um negócio? Para atender e capacitar esse público, o Sesc-SC (Serviço Social do Comércio de Santa Catarina) criou o projeto Envolva-se, realizado em 2019. Ao longo de quatro meses, 27 participantes tiverem encontros semanais que abordaram os temas sustentabilidade, design e empreendedorismo. Os participantes aprenderam e desenvolveram habilidades para criar produtos bonitos, conscientes e alinhados com as questões ambientais.

Da esq. para dir.: Carina Zagonel, Cristiani Jacobus Vieira, Vanessa Raduns Salles (técnica de Atividades Sesc-SC Prainha) e Patrícia Deporte de Andrade – Foto: Anderson Coelho/NDDa esq. para dir.: Carina Zagonel, Cristiani Jacobus Vieira, Vanessa Raduns Salles (técnica de Atividades Sesc-SC Prainha) e Patrícia Deporte de Andrade – Foto: Anderson Coelho/ND

O resultado surpreendeu tanto os participantes quantos os coordenadores e facilitadores da iniciativa. “Nós esperávamos bons resultados, mas superamos muito as expectativas. Na prática, o que observamos foi um forte empoderamento e aumento na autoestima das mulheres e também dos homens que frequentaram as oficinas, além da criação de um vínculo entre as pessoas, o que fortaleceu todo o grupo”, afirma Patrícia Deporte de Andrade, uma das assessoras do projeto. Ela também é designer, professora e empreendedora social à frente do duna.lab – laboratório criativo de design sustentável.

“Percebemos, durante esse tempo, que os participantes aram a ter confiança no seu trabalho, saber o valor do seu produto. Muita gente estava com os materiais parados em casa há muitos anos e não sabia como usar. É incrível o poder da união de um grupo para a melhoria da qualidade de vida”, acrescenta Carina Zagonel, empreendedora e artista do Atelier de Ideias, que tem 20 anos, e idealizadora do Movimento Social Armário Coletivo

Feira do Sesc-SC realizada no início de dezembro na unidade da Prainha – Foto: Divulgação/NDFeira do Sesc-SC realizada no início de dezembro na unidade da Prainha – Foto: Divulgação/ND

Rede colaborativa estimula produção

O Envolva-se é desenvolvido por meio de uma rede colaborativa solidária que promove a responsabilidade socioambiental e a cooperação entre os doadores de materiais e os grupos produtivos participantes. As empresas participantes destinam materiais que sobram de suas produções, para serem transformados em produtos artesanais pelos grupos produtivos locais.

Os integrantes dos grupos participam de encontros semanais e recebem capacitações gratuitas para desenvolver seus produtos e definir as estratégias de comercialização para geração de trabalho e renda, de acordo com os princípios da sustentabilidade e das novas economias.

É possível participar da ação como doador de materiais, voluntário nas capacitações ou como integrante dos grupos produtivos.

Pequenos pedaços de tecidos, antes descartados, ganham novas formas pelas mãos da aluna Marizete, com total aproveitamento de materiais – Foto: Divulgação/NDPequenos pedaços de tecidos, antes descartados, ganham novas formas pelas mãos da aluna Marizete, com total aproveitamento de materiais – Foto: Divulgação/ND

Desenvolvimento Sustentável

De acordo com o Sesc-SC, a atuação deste projeto segue as dimensões do desenvolvimento sustentável (social, ambiental e econômica), e visa a contribuir para alcance das metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas) , que são o trabalho decente e crescimento econômico; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; e consumo e produção responsáveis.

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“O artesão tem a criatividade, a capacidade de se estruturar, sair do padrão, aplicar novas ideias. Os participantes do curso vieram aqui para sair da caixa. Reamos referências de mercado nacionais, internacionais e trabalhamos tanto o produto quanto a embalagem durante as aulas”, destaca Patrícia.

“Alguns participantes chegaram aqui achando que não tinham criatividade suficiente e o que percebemos depois foi que houve um “up” na autoestima dessas pessoas, um verdadeiro sentido para a vida, um objetivo alcançado muito além do que esperávamos. As pessoas aram a entender que não devem esperar o trabalho chegar até elas, mas que têm o poder de mudar a sua realidade, com recursos à disposição, gratuitos, em todos os lugares”, acrescenta Carina.

Trindade dos S. Guimarães se dedica à produção de chaveiros e bijuterias, ao mesmo tempo que destaca a oportunidade de exercer o autoconhecimento – Foto: Divulgação/NDTrindade dos S. Guimarães se dedica à produção de chaveiros e bijuterias, ao mesmo tempo que destaca a oportunidade de exercer o autoconhecimento – Foto: Divulgação/ND

Trindade dos S. Guimarães, uma das mulheres que participaram do projeto, diz que as aulas foram uma oportunidade para o autoconhecimento e renovação de valores. “O projeto Envolva-se foi um manual de ‘coisas’ incríveis na minha vida! A partir desse período de convivência e compartilhamento de experiências, me sinto mais segura no desenvolvimento dos produtos que faço com resíduos eletrônicos (Upcycle)”.

Segundo Trindade, ela pode perceber que suas inseguranças em relação aos conhecimentos que não tinha falta foram superados, pois entende que sempre somos capazes de aprender e redescobrir o novo, “se estivermos abertos com o coração e o propósito voltados para a melhoria e o bem-estar do ‘todo’. Aprendi que podemos fazer moda com ética e sem agressão ambiental”.

“De tantas coisas grandiosas que levarei para minha vida em todos os sentidos, uma coisa que me marcou e me sensibiliza é o compartilhamento das abundâncias. Eu vejo que isso é amor sendo trazido, não apenas produtos. Vejo o interesse em cada um que vem ajudar e fazendo isso com prazer de ver o outro tendo possibilidades de ter material para desenvolver o seu trabalho. Isso é lindo. Essa capacitação proporcionou envolvimento e mudança de comportamento. Saímos não só melhores artesãos, mas muito mais envolvidos com o próximo”, afirma.

Simone criou a Ecofrida durante o projeto – Foto: Divulgação/NDSimone criou a Ecofrida durante o projeto – Foto: Divulgação/ND

Negócios criativos e sustentáveis

Simone de Brum aprendeu a fazer papel reciclado durante o período em que frequentou o projeto no Sesc de Florianópolis. Se apaixonou pela atividade e, logo, estava ministrando uma oficina para toda a turma. O resultado foi a criação de uma marca própria, a Eco. Frida, que utiliza resíduos descartados para toda a sua produção.

O processo diminui a quantidade de lixo na cidade e região, o consumo de energia, água e contribui para a preservação do meio ambiente. “Eu vivi a proposta da forma mais intensa possível. A cada segunda-feira, inúmeras trocas, a cada troca uma infinidade de aprendizagens. Desde o primeiro dia eu acreditei que seria um o muito importante para meu empreendimento, mas jamais imaginei que nasceria uma nova possibilidade. O curso me fez ver o mundo de forma diferente, comecei a enxergar a abundância em que vivemos e quis usar isso de forma positiva. A ‘EcoFrida’ foi gerada nesse projeto. Fazer papel reciclado nas oficinas é um aprendizado enorme. Resignificar nossos resíduos foi minha maior conquista”, afirma Simone.

Depois da primeira feira no Sesc-SC, Simone estuda e se atualiza ainda mais na atividade, para incrementar as próximas oficinas e os produtos da empresa. Neste mês, esteve em Buenos Aires, na Argentina, para aprender ainda mais sobre a arte em papel.

Amigos e hoje sócios, Paula Freitas e Jacson Malheiros, do Saúva Lab – Foto: Divulgação/NDAmigos e hoje sócios, Paula Freitas e Jacson Malheiros, do Saúva Lab – Foto: Divulgação/ND

Outro negócio que começou durante a ação foi o Saúva Lab, Laboratório de Experiências Criativas, dos agora empresários Paula Freitas e Jacson Malheiros. Eles aproveitam materiais compartilhados por meio dos armários coletivos, os transformam e agregam valor para a comercialização. Um negócio que reúne sustentabilidade, design de produto e empreendedorismo.

“O empreendimento já nasceu entre amigos. Durante quatro meses, pudemos viver as melhores segundas-feiras de 2019. Lá recebemos aulas que nortearam nossas habilidades para desenvolver esse espaço e produtos alinhados com o que já pulsava em nossos corações, a nossa responsabilidade positiva com o planeta e com as pessoas que nos cercam. Foi um despertar afetuoso sobre como ser mais ambientalmente corretos, uma forma divertida de dividir nossos sonhos profissionais e receber fraternalmente conselhos e s para que, finalmente, pudéssemos encarar nossa jornada”, afirmam os empreendedores.

Pelas mãos habilidosas de Paula e Jacson, do Saúva Lab, uma cafeteira estragada virou uma luminária – Foto: Divulgação/NDPelas mãos habilidosas de Paula e Jacson, do Saúva Lab, uma cafeteira estragada virou uma luminária – Foto: Divulgação/ND

Projeto continua em 2020

Cristiani Jacobus Vieira, analista do Sesc-SC, responsável pela ação, explica que esse foi um projeto-piloto, o primeiro desenvolvido no Estado e que a intenção é replicar a iniciativa para outras cidades catarinenses neste ano. A iniciativa é oferecida gratuitamente e desenvolvida pela área assistencial da entidade.

O  Envolva-se é um projeto nacional do Sesc. Em Santa Catarina, a metodologia e formatação do projeto foram elaboradas com referência nas ações desenvolvidas no Sesc Rio Grande do Sul e Sesc Minas Gerais.

“Nesse primeiro grupo formado, os resultados foram muito além do esperado. Isso demostra a necessidade urgente de promovermos oportunidades de desenvolvimento para essas pessoas que desejam fazer a diferença. Mais do que rear conteúdos, pretendemos inspirar, empoderar e conectar essas pessoas, seguindo os princípios da sustentabilidade e das novas economias. E expandir o olhar para a cultura da abundância e da colaboração. Como resultado final, a criação e desenvolvimento de soluções sustentáveis e criativas com reaproveitamento de resíduos disponíveis e que seriam descartados”, afirma a analista.

As delicadas bonecas criadas por Maria Augusta Pereira – Foto: Divulgação/NDAs delicadas bonecas criadas por Maria Augusta Pereira – Foto: Divulgação/ND

Todas as aulas tiveram lixo zero, os materiais foram completamente reaproveitados. “As pessoas saíram daqui com uma nova visão de mundo, com novos hábitos, que levaram para suas casas e famílias”, afirma Cristiane.

Para quem está em casa, tem vontade de empreender e não sabe por onde começar, ela dá algumas dicas. “O primeiro o é se conectar com outras pessoas, trocar experiências, se motivar e aprender junto com o outro como dividir. Depois procurar um programa de capacitação, para aprender a agregar valor ao produto, a fazer essa transformação e aprender como se tornar um empreendedor”, ensina.

Marília Rodrigues Batista posa orgulhosa com uma das bolsas que criou durante projeto – Foto: Divulgação/NDMarília Rodrigues Batista posa orgulhosa com uma das bolsas que criou durante projeto – Foto: Divulgação/ND

Em Florianópolis, as aulas devem começar entre os próximos meses de abril e maio. Mas os interessados já podem mandar e-mails para a pré-inscrição e seleção para o endereço [email protected].

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