A luta por direitos e espaços é uma constante na vida das mulheres em todos os segmentos da sociedade. No esporte, não é diferente e as atletas sentem a disparidade salarial, de visibilidade, de investimento todos os dias.

Vários são os pontos que mostram a discrepância. Uma delas é a diferença brutal nos salários entre atletas homens e mulheres. Na lista divulgada pela revista Forbes no início do ano a disparidade fica evidente. Dos 50 atletas mais bem pagos do mundo, há penas duas mulheres, as tenistas Naomi Osaka, na 12ª posição e Serena Williams na 28ª.
Ainda de acordo com a Forbes, as 10 mulheres atletas mais bem pagas do mundo somaram US$ 167 milhões em 2021. Nem a soma de todas elas chega ao que ganhou o lutador de MMA Connor McGregor no ano. Ele acumulou US$ 180 milhões em 2020.
O cenário é de disparidade, mas as mulheres seguem lutando por equidade, valorização, investimento e reconhecimento. Em ville. Jogadora de futebol há anos, Taninha olha para sua galeria pessoal de troféus e se orgulha da trajetória.
Campeã mundial, da Copa América, da Copa das Nações, titular da seleção feminina por anos, campeã mundial por clubes, da Liga das Américas…são inúmeras conquistas, mas ainda assim, ela não vive apenas do futebol.
Com um salário muito aquém, Taninha, que começou a jogar aos 11 anos de idade, precisa trabalhar com outras coisas para conseguir se manter, mas ainda assim, garante que continuará lutando para que as mulheres tenham cada vez mais espaço e sejam reconhecidas dentro e fora de campo.

“Agora que as coisas estão melhorando, estão começando a engatinhar, mas lá atrás era bem escasso. Lutamos muito, ainda lutamos para ter espaço dentro da modalidade. Sabemos da desigualdade enorme entre o masculino e o feminino e vou sempre lutar porque o mesmo sonho que eu tive lá atrás, muitas crianças ainda vão nascer e vão ter. Então, nunca vou parar. Posso parar minha carreira no futebol, mas vou dar sequência a essa luta com certeza”, fala.
Dos gramados para as quadras, Jheiny Batista de Araújo e Maite Pereira vivem todos os dias o amor pela bola laranja. Aos 16 anos, a ala Jhey saiu do Paraná para jogar em ville. “Desde pequena sempre tive o sonho de ser jogadora e conquistar os meus sonhos a partir dali. Graças a Deus tudo isso está se concluindo. Ainda há muita desvalorização, mas em Santa Catarina a modalidade está crescendo, no Brasil estão reconhecendo mais, mas tem muita caminhada ainda”, diz.
O sonho foi o que trouxe a armadora Maite Pereira para o Brasil. A uruguaia veio jogar em ville e apesar de enxergar a disparidade, fala que o país já traçou melhor o caminho da valorização feminina no esporte.
“Eu vivi duas realidades, no Brasil e no Uruguai e são realidades bem diferente. No Uruguai não temos tanta importância, quando cheguei ao Brasil, vi que a mulher tem mais valor, isso foi bem diferente. Mesmo que ainda falte muito para chegar ao nível do homem desportivamente. Há diferença de salário, de estrutura de quadra, mas aqui no Brasil a mulher tem mais espaço e valor”, diz.
O treinador Fabiano Borges ite que a diferença existe e que o preconceito ainda é uma barreira. “Com certeza existe diferença de salários, não só no basquete. Começamos a ficar atrás pelo preconceito que ainda existe com o esporte feminino”, finaliza.