A depender de Javier Milei, presidente eleito da Argentina, o fenômeno das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs), que aglutinou clubes no futebol brasileiro entre cases de sucesso e falhas grosseiras, serão regularizadas no país vizinho.
Por lá, a nova regularização daria possibilidade de agremiações associativas virarem Sociedads Anónimas Desportivas (SADs); muito a contragosto dos clubes argentinos.

Libertário, Milei planeja ampliar ao máximo possível as privatizações em todos os âmbitos da sociedade. Nisto, se inclui o futebol. Os clubes deixariam de serem vistos como associações sem fins lucrativos, com todo o enquadramento tributário que o entendimento engloba, e seriam tratados como empresas.
A oposição à decisão de Milei reúne em uníssono desde gigantes como River Plate e Boca Juniors até outras agremiações tradicionais como Independiente, Racing, San Lorenzo, Rosario Central, Newell’s, Huracán, Estudiantes, Arsenal, Banfield, Platense, Barracas, Unión, Lanús, Chacarita, Ferro Carril, Quilmes, entre outros.
Diversos deles se manifestaram no sábado (19), às vésperas das eleições.
O Boca, por exemplo, reafirmou o caráter de Associação Civil sem fins lucrativos dizendo que que “a premissa [é] de que o clube é de sua gente, sócios e sócias que o tornam cada dia maior”.
Por vez, o River Plate comunicou que segue “o espírito dos fundadores” e “rechaçava as sociedades anônimas no futebol argentino, como ratificado na Assembleia de 2016”.
A proposta de Milei 3w5x2l
No papel e na prática, o que defende Milei – e algo que é muito esquecido aqui no Brasil, a transformação em SAF significa que o clube tem dono, e este dono não é, necessariamente, ligado ao quadro de sócios ou tem quaisquer obrigações com o clube enquanto instituição, mas sim como empresa.
No Brasil, há exemplos positivos – como o Botafogo, que ou de quarta força carioca a um protagonismo no campeonato brasileiro deste ano. O Bahia, por vez, virou apêndice do grupo City – com direito à torcida comemorando a conquista de título do Manchester City em telão projetado na Arena Fonte Nova.

Exemplo local 5z4f
O Figueirense virou empresa em 2017. Em agosto daquele ano, a Elephant assinou com o alvinegro um contrato de 20 anos que não durou dois. Terminou com um dos clubes mais tradicionais do Estado não disputando divisão alguma do Campeonato Brasileiro.
A história começou bonita, com o clube sendo campeão catarinense em 2018, até que os salários começaram a ficar atrasados, a comida e transporte serem caloteados na base e jogadores indo à Justiça do Trabalho.
Com a rescisão contratual e todo o quebra-quebra que todos lembramos bem, o Figueirense encaminhou novamente a venda de 90% da SAF por R$ 120 milhões, para a Clave Capital, como nova esperança de reestruturação.
Neste primeiro momento, a instituição será uma credora do clube. Um “banco” de onde o alvinegro tirará fundos para operação, enquanto a gestão do clube permanece a mesma.
No entanto, há a opção de que, dados aportes substanciais, a Clave terá a opção de assumir a gestão da SAF do Figueira. Uma história que o torcedor não tem boas lembranças.