Em uma dos capítulos mais vergonhosos da história do futebol gaúcho, o Gre-Nal 435, que deveria ter acontecido a partir das 19h deste sábado, não pôde ser realizado. Pouco depois das 18h, quando chegava ao Beira-Rio, o ônibus com a delegação do Grêmio foi atacado a pedras, paus e pelo menos uma barra de ferro. Pelo menos três jogadores ficaram feridos. Às 20h04min, a Federação Gaúcha de Futebol confirmou o adiamento do jogo, em data a ser definida.

O paraguaio Villasanti, meio-campo do Grêmio, foi o mais ferido pela barbárie. De acordo com depoimentos de membros da comissão técnica que estavam no ônibus, ele foi atingido por pelo menos uma pedra e um pedaço de ferro e chegou a ficar desacordado. Já consciente, foi levado para o hospital Moinhos de Vento, a cerca de 7km do estádio. O colombiano Campaz e o paranaense Thiago Santos, também jogadores de meio-campo, também precisaram de atendimento médico, mas seus ferimentos foram mais leves.

O responsável pelo Comando de Policiamento da Capital, coronel Fernando Gralha Nunes, relatou que, quando o ônibus gremista estava nas proximidades do Beira-Rio, um grupo de pelo menos cem pessoas cercou o veículo, que vinha sendo escoltado pela Brigada Militar. Houve confronto entre policiais e torcedores. A ação teria durado poucos minutos e, até às 20h40min, nenhum dos criminosos havia sido identificado. Dois homens foram detidos já dentro do estádio, e a polícia investiga se tiveram participação no incidente.
Dirigentes de Inter e Grêmio, ainda na noite deste sábado, prestaram depoimento à Polícia Civil. O caso será investigado pela 2ª DP, que de acordo com a delegada Ana Luiza Caruso, tentará, com auxílio de câmeras e depoimentos de testemunhas, localizar os criminosos. Os autores podem ser indiciados por tentativa de homicídio – ainda que aleguem que não queriam matar alguém, os agressores sabiam que o risco que corriam ao atirar os objetos em direção ao ônibus.

Antes do anúncio da Federação Gaúcha, dirigentes da dupla Gre-Nal concordaram pelo adiamento do clássico. Mas trocaram farpas. Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Junior, em entrevista às rádios gaúchas, reclamou da segurança utilizada pelo Inter para o jogo e lembrou que “um jogador quase morreu aqui”. O presidente do Inter, Alessandro Barcelos, culpou todos o “ambiente do futebol, inclusive a imprensa”, por acirrar os ânimos da torcida.
Sem os demais resultados da nona rodada, o Inter é o terceiro colocado, com 12 pontos, e o Grêmio lidera o Gauchão, com 17.