A modalidade mais praticada do país e que exporta talentos para o mundo. É comum ver crianças jogando futsal em quadras de escolas, praças e projetos sociais, nas competições escolares, a modalidade é uma das que mais tem adesão e disputa, nos jogos universitários o cenário se repete.

Mas, ao que parece, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) não faz questão de desenvolver e fomentar o futsal entre os jovens. A decisão de exclusão da modalidade dos Jogos da Juventude, a maior competição de base do país, pegou a todos de surpresa. Por meio das redes sociais, o COB anunciou as novas modalidades para a edição deste ano: triatlo, esgrima, tiro com arco e águas abertas. E na mesma publicação fez o anúncio que sequer o Ministério do Esporte tinha conhecimento. “O futsal, por não ser um esporte olímpico, deixa o programa do evento”.
Imediatamente, uma enxurrada de manifestações de repúdio à decisão tomaram conta das redes sociais. Atletas, clubes e entidades criticaram a decisão, entre eles, o presidente da Abafs (Associação Brasileira dos Atletas de Futsal). O fixo Leco, jogador do Jaraguá Futsal, é conhecido por sua atuação na luta pela valorização e respeito à modalidade.
Leco ressaltou a surpresa com a decisão do COB, mas pontuou que a atuação do Comitê sempre foi de afastamento da modalidade.
“O COB nunca levantou um dedo para ajudar o futsal em nenhuma situação, nunca fez questão que o futsal fosse uma modalidade olímpica, nunca brigou por isso, nunca incentivou, nunca se envolveu em nada relacionado ao futsal. Agora, o COB simplesmente externou todo esse sentimento de desprezo que tem pelo futsal”, diz.
O presidente da Associação salienta, ainda, a importância da competição para fomentar ainda mais a modalidade, que já é a mais praticada do país.

“Sentimos um golpe muito duro porque é uma competição que envolve as categorias de base, é onde é fomentado o desenvolvimento, onde se perpetuam as modalidades através das categorias de base e o futsal, além de nunca ter tido ajuda nenhuma, agora ainda sai prejudicado pelo COB diante dessa situação”, reforça.
O Ministério do Esporte pediu explicações ao COB, uma vez que sequer foi informado da decisão. No documento enviado ao Comitê, a ministra Ana Moser salientou a maneira como soube da exclusão. “A notícia da decisão unilateral do COB chegou a este Ministério por meio de manifestações de terceiros em redes sociais, o que não consideramos a forma adequada para a comunicação de fato de tamanha relevância”, escreveu.
Além disso, salientou a presença da modalidade nos Jogos Olímpicos da Juventude Dakar 2026 e pedindo explicações sobre os critérios adotados para a tomada da decisão.
“Consideramos a exclusão dessa modalidade do programa dos Jogos da Juventude 2023 injustificável sob qualquer ponto de vista e solicitamos ao Comitê Olímpico do Brasil informar oficialmente a este Ministério os critérios adotados e a fundamentação da decisão de exclusão do futsal dos Jogos da Juventude 2023”, pediu.
Leco também reforçou a inconsistência da decisão, uma vez que o COI (Comitê Olímpico Internacional) mantém a modalidade. “O futsal vai sem ar pela etapa nacional, que é realizado pelo COB. Mais um contrassenso por parte deles em nos excluir totalmente dos programas olímpicos e não fazer questão nenhuma que o futsal esteja inserido nisso”, destaca.
Na carta de resposta ao Ministério, o COB pontua seis motivos, alegando a necessidade de ampliar a adesão de modalidades olímpicas e reforçando que o futsal não faz parte desse quadro. O Comitê ainda alega que “considerando a grandeza e representatividade do Futsal, o COB está convicto de que não haverá prejuízo ao esporte juvenil”.
O presidente da Associação dos Atletas ressalta que as entidades da modalidade continuarão lutando para reverter a decisão. Uma reunião estava marcada para esta quarta-feira (15), no entanto, foi adiada. “Vamos continuar brigando para que essa decisão seja revertida e o futsal volte a fazer parte do quadro dos Jogos da Juventude, que é uma competição muito importante do calendário brasileiro das categorias de base”, diz.
Ele ainda ressalta a falta de incentivo e amparo econômico para a modalidade no país.
“O futsal tem a grandeza que tem, a representatividade que tem sem depender de ninguém, pelo contrário, o COB recebe verbas institucionalizadas e faz esse ree sem que o futsal nunca tenha recebido esse dinheiro e não recebe de outra forma. Então, a desvantagem econômica do futsal diante de todas as outras modalidades esportivas do Brasil também é grande. Esperamos que a decisão de excluir o futsal seja revertida o mais rápido possível, vamos buscar ter o espaço de respeito que merecemos”, finaliza.
Veja algumas das manifestações de clubes e entidades após a publicação da exclusão da modalidade: