Moradores de São José estão indignados com problemas crônicos da cidade que, terminado o mandato de oito anos da prefeita Adeliana Dal Pont (PSD), continuam sem solução. Uma ação da prefeitura provocou ainda mais descontentamento diante de diversas questões, como ruas esburacadas e calçadas sem ibilidade.
O morador de um bairro tranquilo da cidade foi intimado a retirar da calçada uma casinha de cachorro. No local, há várias casinhas colocadas pelos moradores que cuidam de animais abandonados.

“Temos vários problemas aqui no loteamento, inclusive o abandono de animais. Estamos fazendo o trabalho da prefeitura, que não tem nenhuma política para o bem-estar animal”, disse Felipe Davi Rodrigues, o morador intimado.
Felipe mora no loteamento Jardim Botânico há menos de dois anos e adotou o Negão, um cão sem raça definida que mora na rua Carobá há pelo seis anos. “Acredito que ele tenha sido abandonado aqui e foi ficando durante a construção das casas. E ele só fica aqui nessa rua, não vai para outro lugar”, contou.
Felipe explicou que não adotou Negão porque um dos seus cães recusou a presença do estranho em casa. Mas Negão recebe alimento, água, vacinação e carinho.

“Eu faço isso porque gosto de animais e gostei do Negão logo de cara. Imagina, estou fazendo a coisa certa e a prefeitura, que não faz a parte dela, quer me multar”, reclamou.
A casinha do cachorro foi retirada da calçada e transferida para frente de um espaço verde, próximo à casa de Felipe.
Dona Arlete Correia também mantém casinhas na calçada para amparar os cães largados à própria sorte. “Quem deveria construir casas era a prefeitura e não nós. Mas quem gosta de animal se preocupa e cuida, agora o que não pode é querer prejudicar quem está certo”, disse. Recentemente ela adotou um cão, o Amarelinho, vítima de espancamento.
“Tantos casos de maus tratos, tantos animais precisando de socorro, doentes, idosos e a prefeitura piorando a situação. Gostaríamos de saber o que faz a Dibea (Diretoria de Bem-Estar Animal), além de distribuir 300 vales para castrações. Isso é nada diante de tanto problema”, disse Vanessa Gevaerd, protetora da causa animal.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Jardim Botânico, David Carrelas, a situação de abandono e maus-tratos já foi relatada à prefeitura, que não deu nenhuma importância, e ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), que no dia 4 ado solicitou esclarecimentos à prefeita Adeliana Dal Pont e deu o prazo de 20 dias para que indique as providências que já foram adotadas pela prefeitura.
Em nota, a Prefeitura de São José disse que a intimação está relacionada à obstrução ao eio público, o que é vedado pela legislação municipal e afronta às normas de ibilidade.
“Estamos esquecidos” 3y5w6a
Enquanto a fiscalização da prefeitura intima quem tenta fazer alguma coisa pela causa animal, no bairro Forquilhinhas moradores da rua Georgino Bernardino Neto sofrem com a dificuldade de chegar e sair de casa. A rua está quase que intransitável devido os buracos e as inúmeras lajotas soltas.
“Nós estamos esquecidos aqui, essa rua não existe no mapa da prefeitura. Já fizemos abaixo-assinado, reclamamos de todo jeito e nada é feito. Ficamos aqui quase isolados porque o Uber não quer entrar na rua, se recusa a subir e danificar o carro”, disse o vigilante Lucimar Rodrigues de Mello.

A esposa de Lucimar, Luana Mello, torceu o pé ao pisar em uma lajota solta e ficou dois meses sem poder andar e trabalhar. “Eu moro aqui há 26 anos e sempre foi desse jeito. É um total descaso com os moradores. É revoltante”, reclamou.
Quedas nas calçadas 4d1h4y
O desnível das calçadas, seja nos bairros periféricos ou nos mais centrais, é outro problema apontado por moradores de São José. A aposentada Cerli Thisen, de 72 anos, disse que já tropeçou nas calçadas.
Para ela, a situação no bairro Campinas é grave. “Uma amiga minha caiu e quebrou o braço. Infelizmente ela não processou a prefeitura, talvez assim resolvessem isso”, comentou dona Cerli.
O aposentado David Elias Horocaski, morador do bairro Real Parque, reclamou de não ter segurança alguma em andar pelos eios públicos de São José. Ele utiliza muletas há 30 anos para se locomover.

“Não é fácil ter essa dificuldade e ainda precisar se preocupar o tempo todo se vai cair ou não”, disse David, que ainda tem as marcas da última queda.
A promotora de vendas Márcia Santana resumiu em uma palavra a situação geral das calçadas: “Péssima”. Márcia, que mora no bairro Bela Vista, contou que caiu ao pisar numa calçada com desnível. Ela estava grávida de nove meses.
“Eu tive muita sorte. Na hora ava um ônibus e o motorista parou para me ajudar. Não sofri nada, minha filha nasceu bem, mas foi muita sorte. Só me arrependo de não ter feito nada para processar a Prefeitura”, disse.