A Operação Et pater filium teve novos desdobramentos no Planalto Norte catarinense. A pedido do Ministério Público de Santa Catarina, a Justiça levantou o sigilo da terceira fase da operação que já havia decretado as prisões do prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini, e do filho Marcus Vinicius Severgnini.
De acordo com as investigações do Ministério Público e da Polícia Civil, a família Severgnini movimentou mais de R$ 8,5 milhões entre 2012 e 2020.
Os valores ultraam muito os rendimentos normais que a família teria no período e, segundo as investigações, são decorrentes de lavagem de dinheiro, peculato e fraude a licitação, crimes investigados também nesta terceira fase da operação. O prefeito e o filho foram presos em agosto, quando a segunda fase foi deflagrada.
“À guisa de exemplo, a movimentação financeira da conta do investigado Orildo destoa completamente dos seus rendimentos. A remuneração de prefeito girou em torno de R$ 6.400,00, resultando em um recebimento anual – incluindo as férias e décimo terceiro salário – de R$ 85.120,00”, pontua o MPSC.
Prejuízos aos cofres públicos 6j6169
Além de demonstrar a movimentação financeira da família do prefeito de Major Vieira, a terceira fase cumpriu mandados de prisão preventiva de três empresários que estariam envolvidos no esquema contribuindo ativamente para os crimes de peculato, fraude a licitação e lavagem de dinheiro.
Entre as provas apontadas pelo Ministério Público, além das movimentações financeiras há, ainda, a quebra de sigilo telefônico e trechos de conversas apontando o esquema de transações financeiras de valores substanciais decorrentes de desvios de recursos públicos destinados a processos licitatórios. Foram cumpridos, também, oito mandados de busca e apreensão e um de suspensão de atividade empresarial em Major Vieira e Monte Castelo.
“Havia, no município de Major Vieira, uma organização criminosa voltada à fraude de licitações, pagamento de propina comandada pelo investigado Orildo e seu filho Marcus”, aponta o Ministério Público.
As investigações apontam que o prefeito e o filho, inicialmente, se associaram a empresários para fraudar os processos licitatórios e desviar recursos públicos. À época, Marcus Vinicius também era funcionário público e, depois, em março de 2019, pediu licença sem remuneração do cargo de agente de turismo e ou a desempenhar a atividade de empresário.
Com isso, os dois utilizavam laranjas e, sem o nome de Marcus vinculado diretamente às empresas, era contratado. “Foi com esse proceder que os investigados, incluíram novas pessoas nessa complexa organização criminosa, que aram a ajudá-los diretamente no desvio de valores e materiais do município de Major Vieira em seu favor”, conclui o MPSC.
Vale lembrar que na segunda fase da operação, quando o prefeito e o filho foram presos, foram encontrados mais de R$ 321 mil nas casas de Orildo e de Marcus. Para a investigação, as circunstâncias e os valores demonstram que o dinheiro era de origem ilícita decorrente da atuação da organização criminosa.
Sobre a Operação Et pater filium er4z
O nome Et pater filium remete ao fato de que os suspeitos seriam duas duplas de pai e filho: empresários, de um lado, e funcionários públicos, do outro.
As investigações são um trabalho conjunto da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC, por intermédio do GEAC (Grupo Especial Anticorrupção) e do Gaeco, com a Divisão de Investigação Criminal da Polícia Civil de Canoinhas.
A reportagem do ND+ entrou em contato com a defesa de Orildo e Marcus Vinicius que confirmou o encaminhamento de um posicionamento oficial. Porém, até o fechamento da reportagem, a nota não havia sido enviada.