O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados começam a ser julgados nesta terça-feira (25), às 9h30, no STF (Supremo Tribunal Federal). No julgamento de Bolsonaro, os ministros vão avaliar a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, que teria ocorrido após as eleições de 2022.

O ND Mais separou nove perguntas para entender melhor o julgamento de Bolsonaro, que está sob responsabilidade da Primeira Turma do STF. Se a maioria dos cinco ministros aceitar a denúncia da PGR, os oito investigados viram réus.
Confira 9 perguntas respondidas para entender o julgamento de Bolsonaro no STF 1l855
1. Por que Jair Bolsonaro está sendo julgado no STF? l2524
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ofereceu ao STF a denúncia contra 34 pessoas em 18 de fevereiro. O grupo é acusado de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito.

Segundo a PGR, as acusações se baseiam em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o esquema da suposta tentativa de golpe de Estado.
“A organização tinha como líderes o então presidente da República e o seu candidato a vice-presidente. Aliados a outras pessoas, dentre civis e militares, eles tentaram impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido”, detalhou a PGR.
Bolsonaro e aliados foram indiciados pela Polícia Federal em 21 de novembro de 2024. O inquérito constatou que a suposta organização criminosa planejou os assassinatos do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
2. Do que Bolsonaro é acusado? 5h50

- Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);
- Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos);
- Organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);
- Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).
3. Quem mais está sendo julgado com ele? 336a16

A denúncia da PGR foi dividida em cinco peças acusatórias. Nesta terça-feira, a Primeira Turma do STF vai analisar a denúncia contra o “núcleo 1”, considerado o principal da trama golpista.
- General Braga Netto: ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022;
- General Augusto Heleno: ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Alexandre Ramagem: ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Almir Garnier: ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira: general do Exército e ex-ministro da Defesa;
- Mauro Cid: delator de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
4. Qual o papel da Primeira Turma do STF no julgamento de Bolsonaro? 3fi4o

Neste primeiro momento, a Primeira Turma do STF é responsável por examinar se a denúncia da PGR atende aos requisitos legais, com a demonstração de fatos enquadrados como crimes e de indícios de que os denunciados foram os autores desses delitos.
O colegiado é formado pelos ministros Alexandre de Moraes (relator do caso), Cristiano Zanin (presidente da Primeira Turma), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Se a denúncia for rejeitada, o caso será arquivado. Se ao menos três dos cinco ministros votarem por aceitá-la, Bolsonaro e os sete demais investigados se tornam réus.
5. O que significa Bolsonaro se tornar réu? 1n4vh
No caso dos oito investigados se tornarem réus, am a responder por uma ação penal no STF. Eles terão a condição de acusados, não sendo considerados culpados ou inocentes até o fim do julgamento no plenário.
6. O que acontece depois do julgamento de Bolsonaro? 1814q

Após o julgamento da Primeira Turma, começa a fase de instrução do caso, em que a corte colhe provas e depoimentos de réus e testemunhas. Somente após essa etapa o caso vai a plenário, no qual os ministros arão a avaliar o mérito da denúncia da PGR.
Nesse segundo julgamento, ainda sem data prevista, as duas turmas do STF decidirão se os réus são culpados ou inocentes. Em caso de absolvição, o processo é arquivado. Se houver condenação no julgamento de Bolsonaro e seus aliados, cada um terá pena fixada de forma individual.
7. Bolsonaro pode ser preso se virar réu? y5i4d

Virar réu significa ser acusado de um crime e responder a um processo judicial, ainda sem ser declarado culpado ou inocente. Bolsonaro poderá ser preso se for condenado, a depender da sentença determinada pelo STF.
O advogado criminalista Matheus Menna explicou ao ND Mais que o ex-presidente e demais indiciados também podem ser presos antes mesmo do julgamento do processo.
“Existem duas hipóteses de prisão: prisão preventiva, se houver risco de fuga, coação à testemunha, ameaça a ordem pública, o STF pode, sim, decretar a prisão dele. E a outra é a condenação em definitiva ao final do processo”, esclarece.
8. O julgamento de Bolsonaro será transmitido ao vivo? 2v685s
Sim, o julgamento será transmitido pelo canal do STF no YouTube. Serão duas sessões nesta terça-feira, uma às 9h30 e outra às 14h. Se necessário, haverá outra sessão na quarta-feira (26), a partir das 9h30.
9. Qual a diferença entre o julgamento de Bolsonaro no STF e a decisão do TSE que o tornou inelegível? 1y4l18

O ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou inelegível por oito anos, até 2030, por determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em junho de 2023. A decisão, no entanto, não está relacionada à suposta tentativa de golpe de Estado julgada pelo STF.
Na ocasião, o TSE reconheceu a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros, em 18 de julho de 2022, meses antes das eleições presidenciais.
Bolsonaro usou a reunião para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. Sem provas, ele afirmou que o voto impresso seria mais seguro.
A apresentação do então presidente da República abordou um inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018 sobre a invasão de um hacker ao sistema do TSE. O o, porém, foi bloqueado e não interferiu nos resultados das eleições.
A suposta trama golpista que será julgada pelo STF só foi revelada com o inquérito da Polícia Federal, concluído em novembro de 2024. A denúncia da PGR aponta que a reunião de Bolsonaro com embaixadores em 2022 era parte do plano do golpe.