Um ano após a suposta compra irregular de 200 respiradores pulmonares no valor de R$ 33 milhões pelo governo do Estado, apenas 50 chegaram a Santa Catarina. Para piorar: somente nove estão aprovados para funcionamento e efetivamente sendo usados em hospitais. Os outros 41 foram reprovados para uso e continuam abandonados no depósito da Secretaria de Estado da Saúde.

Pareceres técnicos encaminhados pela superintendência dos Hospitais Públicos do Estado atestaram que os ventiladores entregues, modelo Shangrila 510s, não eram aptos para o atendimento de pacientes de Covid-19 e, portanto, não atendiam ao objeto da contratação.
Esses 50 respiradores chegaram, com mais de um mês de atraso após a compra, a Santa Catarina, trazidos pela Veigamed Material Médico e Hospitalar Ltda. Vale lembrar que o Shangrila 510s, era diferente do modelo inicialmente ofertado, o Medical C35. Quando chegaram, em maio de 2020, os ventiladores pulmonares acabaram retidos pela Receita Federal no aeroporto de Florianópolis. Os equipamentos não tinham licença de importação e nem AFE (Autorização de Funcionamento).
Além disso, a Veigamed não possuía registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercializar o produto. Em junho, a Receita Federal acabou doando os respiradores ao governo do Estado.
Em atendimento a um pedido feito pela promotora de Justiça Lara Peplau, integrante da força-tarefa que apura as irregularidades na compra dos 200 respiradores, a secretaria da Saúde contratou a empresa SLS Hospitalar para realizar testes de calibração dos ventiladores pulmonares e, para mais uma surpresa, apenas nove foram aprovados.
No relatório feito em agosto do ano ado, na qual a reportagem do ND teve o, apontou defeitos na válvula exalatoria e na calibração dos equipamentos.
Hospitais do Oeste e Norte estão usando aparelhos 39d6y
Segundo a secretaria de Estado da Saúde, os nove aparelhos aprovados foram encaminhados para hospitais em municípios do Oeste e Norte catarinense. Estudos clínicos e técnicos apontam que os equipamentos servem para uso primariamente em transporte de pacientes ou em outros usos de curta permanência, como recuperação pós-anestésica. Suas características não permitem que ele seja adequado como respirador de longa permanência, como em UTIs.
A SES não soube informar qual o destino será dado aos outros 41 respiradores que estão no depósito.
Os respiradores que estão na China 5xi40
Há ainda opiniões controversas quanto à quantidade de respiradores que se encontram em um galpão na China, que foram comprados pela Veigamed. A TS Eletronics do Brasil Indústria e Comércio Ltda (contratada pela Veigamed para a importação dos 200 aparelhos) informou, no início deste ano, que tinham 150 aparelhos no país asiático e a fabricante chinesa teria advertido que se os equipamentos não fossem retirados, iriam vender os aparelhos, devido ao custo de manutenção no depósito.
Segundo a TS, os 150 respiradores foram realocados em outro galpão, e que a mesma teria a intenção de vender no mercado internacional e rearia o dinheiro (retirando os custos dela) para o governo do Estado.
O procurador-geral do Estado, Luiz Dagoberto Corrêa Brião, discordou da informação reada pela TS. “Nos autos disse que estavam em posse de 50 respiradores em um depósito na China e tenta vendê-los para, posteriormente, depositar os valores nos autos”, contou.

As investigações apontam que a secretaria de Estado da Saúde, por meio de um suposto esquema fraudulento, pagou antecipadamente R$ 33 milhões à Veigamed e esta subcontratou a empresa TS Electronic para a aquisição dos 200 respiradores por meio de duas operações no valor de R$ 8.158.113,79 e R$ 8.066.184,26.
No início de abril do ano ado, por meio da procuradora do Estado Jocélia Aparecida Lulek (que em agosto foi substituída pela procuradora Jéssica Campos Savi), a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) entrou com uma ação e conseguiu um depósito judicial em torno de R$ 13,4 milhões.
As unidades que receberam os respiradores foram: 5x4r3t
- Hospital Bom Jesus de Irineópolis, em Irineópolis;
- Fundação Hospitalar Municipal Santo Antônio, em Itaiópolis;
- Município de Quilombo, em Quilombo;
- Hospital Beneficente São José, em Caibi;
- Fundação Hospitalar Caxambú, em Caxambu do Sul;
- Hospital Nossa Senhora da Saúde, Coronel Freitas;
- Associação Beneficente São Cristovão, em Faxinal dos Guedes;
- Hospital Santa Rita de Cássia, em Palma Sola;
- Hospital Nossa Senhora do Patrocínio, em Campo Belo do Sul.