O Ministério Público de Santa Catarina avalia um inquérito de violência doméstica contra o delegado Rodolfo Farah, que atua no Litoral Norte de Santa Catarina. Farah foi indiciado pela DPCAMI (Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso) de Brusque por agressões físicas e psicológicas contra a modelo Maiara Dallago, com quem teve uma união estável por quase dois anos.
De acordo com Maiara, as violências começaram após um ano de relacionamento. No entanto, o dia 10 de novembro do ano ado foi o estopim para que ela denunciasse o então marido. Durante uma discussão, a modelo conta que precisou fugir de casa para escapar das agressões.

No boletim de ocorrência Maiara detalha que, por volta das 21h, foi agredida após questionar sobre a abertura de uma conta bancária que o companheiro tinha feito e não a comunicou. Com o questionamento, Farah teria “explodido” e iniciado as agressões.
De acordo com o documento, ele começou a xingar e agredir a mulher com socos, chutes e enforcamento, como também bateu com a cabeça de Maiara na parede e no box do banheiro. Das agressões restaram lesionados os braços, boca, cabeça, pernas e nariz dela.

Maiara conseguiu se desvencilhar de Farah, que ameaçou quebrar o celular dela caso ela realmente fugisse do local. Diante disso, no momento em que Maiara estava saindo de casa, o delegado arremessou o celular dela na parede. A modelo conseguiu pegar o aparelho completamente danificado e fugiu de casa com o carro do casal.
Fora de casa, Maiara foi “implorando por socorro” até a casa de sua cunhada. As duas foram juntas para a delegacia de polícia para pedir ajuda. Durante o período em que buscavam por socorro, Farah começou uma série de xingamentos por mensagem, ordenando que Maiara voltasse para casa e confirmando que a agrediu.
Convivência conturbada 4f3qi
Em depoimento, Farah deu sua versão sobre o ocorrido. Começou contando que a relação com Maiara já estava conturbada há algum tempo. Ele afirmou que os dois têm temperamento forte e sempre brigavam, mas nunca chegaram a se agredir fisicamente.
Farah contou que Maiara retrucava dizendo que ele estava “diferente”, “alterado”, “cheio de ódio” e que parecia não amá-la mais. O delegado diz que reconheceu estar mudado, mas alegou que por conta da pressão no trabalho. Ainda disse que Maiara também não demonstrava mais amá-lo como antes, humilhando ele com palavras e situações.
Ainda de acordo com o depoimento, a relação de Maiara com o filho do delegado não era harmoniosa, o que contribuía para brigas e distanciamento do casal.

Farah continuou dando detalhes da relação, afirmando que o comportamento e cobranças de Maiara o levaram a um estado de depressão, sofrendo com crises de choro, pânico e ansiedade.
Ainda no depoimento, Farah afirmou que já teria sido agredido por Maiara. Ele detalhou que o episódio ocorreu em 26 de setembro do ano ado, quando os dois brigavam com ofensas mútuas até que Maiara o agrediu com um chute, tapas no rosto e arranhões.
Farah disse que não reagiu, abrigou-se no banheiro da casa e ligou aos prantos para uma amiga, pedindo socorro. Ele afirma que Maiara continuava a esmurrar a porta do banheiro, mas quando percebeu que Farah estava no telefone, se afastou.
O delegado disse que saiu do banheiro para ir embora, mas sofreu uma crise de ansiedade e aumento súbito de pressão, que o fez ar mal e cair no chão. Ele conta que momentos depois acordou com Maiara o sacodindo e chorando. Depois disso, ele afirma que os dois conversaram e fizeram as pazes.
A noite de 10 de novembro 6u5i66
A noite de 10 de novembro, que motivou o inquérito de agressões contra Maiara, é descrita com outra versão pelo delegado. Farah começa dizendo que a modelo entendeu “equivocadamente” uma conversa entre ele e um amigo.
Para o delegado, Maiara teria entendido que ele tinha “uma conta secreta” na qual depositava valores para o filho, o que “revoltou” a mulher e motivou a briga.

Naquela noite, Farah teria dito que não aceitaria mais ser tratado daquela forma, os dois se exaltaram e trocaram ofensas mútuas. A confusão se intensificou e Maiara teria dado uma “ombrada” no peito dele no intuito de tirá-lo do caminho, “mas foi repelida e se jogou no chão do banheiro chorando descontroladamente”.
Na versão do delegado, Maiara é quem teria “partido para cima dele” e ele “fugiu do confronto”. A modelo então teria pego as chaves da casa e do carro, trancado ele em casa e fugido com o carro dele.
Diferente do que foi apresentado por Maiara nas mensagens, no depoimento Farah negou as agressões e justificou que as marcas no corpo da mulher são “resultantes das práticas sexuais estabelecidas entre o casal, já que Maiara gosta de sexo violento”. O telefone da modelo destruído não foi comentado pelo delegado no depoimento.
Burocracia e medo e626q
Para Maiara, o processo é demorado e a fez ficar com medo do agora ex-marido. O processo corre em segredo de Justiça, como é de praxe dos casos envolvendo violência doméstica. Maiara também tem uma medida protetiva contra ele.
O delegado responsável pelo caso, Matusalém Machado, disse que não iria comentar o inquérito, já que os nomes dos envolvidos no processo se tornaram públicos. O Ministério Público também não comentou o processo por se tratar de segredo de Justiça.
O ND+ também entrou em contato com o delegado Rodolfo Farah, que não quis informar o telefone de seu advogado. Ele sustentou que não iniciou as agressões e que o caso está em segredo de Justiça.