
O Tribunal do Júri em Palhoça, na Grande Florianópolis, condenou nesta sexta-feira (23) os quatro homens envolvidos em um homicídio ocorrido no Natal de 2020. O crime teria sido motivado por “talaricagem”, expressão popular para alguém que se relaciona com a companheira de um amigo, em uma facção criminosa.
Os quatro acusados foram condenados por organização criminosa, sendo que dois envolvidos também vão cumprir pena por homicídio doloso qualificado.
As condenação são: 615dq
- Gustavo Jacinto (o “Maquinista”): 25 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por integrar organização criminosa e homicídio qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima);
- Geovane dos Santos Niches (o “Bomba”): 22 anos, 6 meses e 18 dias de prisão em regime fechado por integrar organização criminosa e homicídio qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima);
- Gustavo Rocha Menezes Salum (o “Dancinha) 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclusão, em regime inicial semiaberto, por integrar organização criminosa.
- Rafael Hack (o “Amaral”): 4 anos, 10 meses e 24 dias de reclusão, em regime inicial semiaberto, por integrar organização criminosa.
O grupo foi acusado de matar a tiros Wederson Benitz, integrante da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) conhecido como “Fuzil”, após descobrir que ele mantinha um relacionamento amoroso com a ex-namorada de Rafael Hack, outro membro chamado de “Amaral”.
O caso do assassinato por “talaricagem” aconteceu em 25 de dezembro de 2020, dia de Natal, no bairro Jardim Eldorado, em Palhoça.
Criminosos armaram emboscada para vítima devido a ‘talaricagem’ dentro de facção 5b3b35
Conforme a investigação da Polícia Civil, a mulher manteve, por dois anos, um relacionamento amoroso com Rafael Hack, (o “Amaral”), membro do PGC. Enquanto namoravam, ela descobriu que Rafael a traía com sua ex e, por isso, decidiu terminar a relação.
Aproximadamente sete meses após o término do relacionamento com Rafael, ela ou a se relacionar com Wederson Benitz (o “Fuzil”), outro integrante do PGC, que também estava preso e seria amigo de infância de Rafael.
Segundo a denúncia do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), Rafael não aceitou e reivindicou à cúpula do PGC a morte do casal, alegando “talaricagem” — o que é proibido pelas regras da organização.

A mulher, então, teria procurado a cúpula da facção para evitar represália, mas duas lideranças — Geovane Niches (o “Bomba”) e Gustavo Salum (o “Dancinha”), que estavam presos — expediram um “decreto” pela morte de Wederson. A denúncia não aponta para uma ordem de execução da mulher.
No dia 25 de dezembro de 2020, após cerca de um ano do envolvimento amoroso de Wederson com a mulher, Gustavo Jacinto (o “Maquinista”), que estava em liberdade, chamou Wederson para fazer uma ronda no Jardim Eldorado, onde moravam, sob alegação de que membros de uma facção rival estariam ameaçando o território.
A investigação, liderada na época pela delegada Raquel Freire, aponta que, após a ronda, ambos foram até a casa de Wederson. Ali, Gustavo, certificado de que Wederson estava desarmado, disparou várias vezes e o matou, cumprindo a ordem recebida pelo “decreto”.
No fim, o Tribunal do Júri entendeu que nem “Amaral”, nem “Dancinha”, estiveram envolvidos no assassinato de “Fuzil”, tendo a ordem sido emitida apenas por “Bomba” e executada por “Maquinista”.