O ex-prefeito de Major Vieira, réu da Operação Mensageiro, contou ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) como entrou no esquema e que usou o dinheiro da propina para construir uma casa de sítio. A NDTV teve o exclusivo ao depoimento dado após o político um acordo de delação premiada.

De acordo com o MPSC, ele e outros políticos são suspeitos de receber propina para favorecer a empresa de saneamento Serrana, atual Versa Engenharia, na prestação de serviços em diversos municípios.
A colaboração premiada foi firmada em junho de 2023, cerca de dois meses após a prisão dele, que ocorreu em 27 de abril. Em função do acordo, o nome do ex-prefeito não pode ser divulgado.
No depoimento para a Operação Mensageiro, o político confessou os crimes. O ex-prefeito contou que, em fevereiro de 2021 o então prefeito de Bela Vista do Toldo o indicou para participar do esquema. Então, em novembro de 2021, ele fez uma licitação em conluio com a Serrana.
Além de receber a propina, ele afirmou que queria substituir o caminhão utilizado na coleta de lixo da prefeitura, que estava em condições precárias.
No depoimento, ele explicou como foi feito o acordo, que garantiu ao ex-prefeito R$ 5 mil de propina mensais, que somadas, garantiram ao político R$ 20 mil.
“Pedi R$ 8 mil para eles, eles chegaram a R$ 5 mil só para mim. Disse que eu fazia a licitação então”, contou sobre a negociação com a empresa pivô da Mensageiro. “Esse é um dinheiro que eu realmente pedi para mim, porque estava precisado mesmo, doutor, então eu estou aí para contar a verdade”, completou.
Mensageiro não foi responsável por entregar a propina, conta ex-prefeito 406fs
Segundo o ex-prefeito, não foi o “Mensageiro” — homem designado para entrega de propinas no esquema — que realizou o pagamento. Ele explica que foi outro funcionário pivô da organização criminosa que entregou o dinheiro.
No depoimento, o político deu detalhes sobre o dia em que recebeu a propina.
“O [funcionário da Serrana] já tinha me dito que não era para falar por telefone, sobre dinheiro, porque estava sendo investigado. Daí eu fui lá, ele me alcançou um pacotinho desses do banco, com o dinheiro dentro e já se mandou. Eu peguei, só conferi o dinheiro, tinha R$ 20 mil dentro. E é isso que eu tenho a delatar sobre esse problema que eu criei para mim mesmo”.
Propina pagou casa no sítio de ex-prefeito 35xn
O ex-prefeito contou que o dinheiro que recebeu de propina já tinha destino certo. Segundo ele, a verba que saiu dos cofres públicos de Major Vieira foi destinada para uma obra particular no sítio do político.
“Eu ganhei um terreninho de herança do meu pai, já faz mais de 15 anos. E daí eu planto erva lá, e precisava fazer uma casa lá, não uma casona, uma casa de 60 metros quadrados, para a gente se esconder da chuva quando vai aos fins de semana para lá. Daí eu iniciei essa casa”.
O réu da Operação Mensageiro ainda detalhou para o que utilizou os R$ 20 mil ganhos em propina. Segundo ele, a verba pública foi gasta em materiais de construção como areia e cimento, além de pagamento da mão de obra para a construção da casa.
Acordo de delação faz ex-prefeito ser solto 4 meses após prisão 19662m
O acordo de delação premiada do ex-prefeito garantiu que o réu fosse solto no último sábado (26), quatro meses após a prisão do político, feita durante a 4ª fase da Operação Mensageiro.
Além disso, o acordo prevê “redução das penas privativas de liberdade de cada delito em 2/3 (dois terços), com condenação à pena total somada não superior a 10 (dez) anos de pena privativa de liberdade de reclusão”.
Após cumprir o regime semiaberto, onde precisa estar em casa todos os dias das 21h até as 6h, o acordo ainda determina que o político cumprirá o restante da pena em regime aberto e não precisa utilizar tornozeleira eletrônica.
O acordo também determina que o ex-prefeito precisará pagar R$ 32.217 em duas parcelas.