Uma planilha da Serrana Engenharia (atual Versa Engenharia) detalha o pagamento de propina aos agentes públicos de Lages investigados na Operação Mensageiro, segundo relato de um policial do Gaeco em audiência nesta terça-feira (27), no TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), em Florianópolis.
Os policiais informaram que o documento estava em um pen drive, que havia sido destruído pela empresa, mas foi recuperado pelas equipes de inteligência da Polícia Científica.

O policial informou em depoimento que no documento constava o valor de R$ 800 mil “ao prefeito” de Lages, Antônio Ceron. Já ao ex-secretário de Meio Ambiente de Lages, Eroni Delfes Rodrigues, o valor de propina destinado era de R$ 200 mil.
Entre detalhes do pagamento ilícito, os investigadores relataram que o primeiro encontro flagrado pela polícia entre o mensageiro, o pagador de propina da empresa Serrana, com um agente público foi realizado em Lages, em junho de 2022.
Além disso, o mensageiro teria feito ligações para vários agentes públicos de municípios catarinenses. O contato do pagador de propina estava salvo como “Marlene Curitiba” em vários telefones celulares, aponta a investigação, como forma de burlar a polícia para despistar as investigações.
Na casa do ex-secretário Delfes, por exemplo, os investigadores afirmam que encontraram a quantia de R$ 47 mil escondida no forro de seu apartamento, além de envelopes pardos que teriam sido usados para receber a propina, com a abreviação “LGS”, identificando que era Lages. Todos os objetos foram apreendidos.
Ofício cobra dívida da prefeitura 4p4h68
Um ofício da Serrana foi encontrado na sala do ex-secretário de istração de Lages, Antônio Arruda, no qual solicitava os pagamentos atrasados de serviços prestados em 2016. Segundo o documento, datado de 2017, a prefeitura estaria devendo R$ 1,3 milhão à empresa.
De acordo com o policial que participou da investigação, houve o pagamento dessa dívida em empenhos quitados pela prefeitura ao longo de 2017.
Em depoimento em maio, o proprietário da Serrana informou que as propinas foram pagas ao prefeito para manter contratos já existentes, fazendo aditivos e renovações, de forma a garantir os pagamentos em dia e os reajustes dentro da inflação, o que dialoga com esse ofício de 2017.
A empresa é investigada pela Operação Mensageiro pelo suposto pagamento de propina em troca de favorecimento em licitações de serviços públicos. Antônio Ceron, prefeito do município, segue preso em prisão domiciliar por suspeita de participação no esquema.