Testemunhas de defesa de presos pela Operação Mensageiro em Lages foram ouvidos em uma audiência do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) nesta segunda-feira (17). Todas são filiadas a partidos e algumas doaram para campanha do prefeito Antônio Ceron.
Na sessão acompanhada pela NDTV, advogados e o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) se debruçaram sobre os detalhes de processos licitatórios e a relação dos servidores com os réus da investigação.
Na audiência sobre a Operação Mensageiro desta segunda (17) o TJSC ouviu testemunhas da defesa de presos na investigação – Foto: NDTV/ Reprodução
A Operação Mensageiro investiga o esquema criminoso que teria ocorrido em diversas cidades catarinenses, em que agentes públicos são acusados de receber propina em troca de favorecimento em licitações de serviços na coleta de lixo.
A maioria das testemunhas ouvidas nesta sessão eram funcionários da prefeitura, servidores públicos concursados ou comissionados, boa parte ligados aos setores de istração, da fazenda e de licitações.
A audiências ocorreram no Fórum de Lages e foram acompanhadas por dois réus da Mensageiro: Antônio de Arruda, ex-secretário de istração e Fazenda de Lages, e Eroni Delfes Rodrigues, ex-secretário de Serviços Públicos de Meio Ambiente.
Arruda está em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica, já Delfes está preso no 4º BPM em Florianópolis.
Poderiam acompanhar a sessão o prefeito de Lages, Antônio Ceron, que está em prisão domiciliar pela operação, assim como outros réus da Versa Egenharia, antiga Serrana. No entanto, nenhum destes envolvidos quis comparecer na audiência.
As testemunhas ouvidas na sessão foram convocadas pela defesa de Arruda e Delfes. Na audiência, tanto advogados quanto o MPSC focaram em questões relacionadas aos contratos da prefeitura, processos licitatórios e a relação dos servidores públicos concursados e comissionados com os secretários e o próprio prefeito.
Rotina de pagamento de fornecedores era brecha para propinas, aponta MPSC 1b314h
O atual secretário de istração e Fazenda, Alexandre Dos Santos Martins, respondeu questões referentes ao pagamento dos serviços terceirizados. Segundo ele, de regra, os pagamentos são feitos 30 dias após o serviço prestado.
Mas o secretário explicou que os pagamentos têm atrasado.
“Em virtude do problema financeiro do município, algumas contas estão ando dos 35 dias. Mas isso a gente vem explicando aos fornecedores essa dificuldade do município, frente a queda da arrecadação, muitos compreendem e a gente vai sanando as obrigações financeiros dentro da possibilidade”, afirmou Martins.
No entanto, a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) apontou que a Serrana negociou a propina justamente no momento em que pagamentos atrasados do município de 2016 foram cobrados em 2017.
O gerente de licitações de Lages, Henrique Arruda Meneguelli, confirmou problemas de licitações apontados pelo TCE-SC (Tribunal de Contas do Estado). O servidor público também assegurou que a procuradoria do município alertou a Semasa (Secretaria Municipal de Águas e Saneamento) sobre as irregularidades.
Testemunhas já doaram para a campanha de prefeito Ceron f1m28
Nenhum dos ouvidos mencionou algo sobre supostos recebimento de propina, falaram apenas sobre os encontros de secretários com o dono da Serrana e outros integrantes da empresa.
Todas as testemunhas ouvidas nesta segunda (17) são filiadas a partidos políticos e algumas confirmaram ter doado dinheiro à campanha de Ceron, preso suspeito de participar da Operação Mensageiro.
Veja a matéria da NDTV sobre a audiência da Mensageiro 4ld4n
Réus da Mensageiro em Lages serão ouvidos nesta terça (18) 524u4j
Nesta terça-feira (18), réus da Operação Mensageiro em Lages irão depor ao TJSC. O prefeito Antônio Ceron, os ex-secretários Arruda e Delfes estarão presencialmente na Comarca de Lages para prestar depoimento.
Já os funcionários da Serrana com acordo de delação premiada irão participar da audiência por videoconferência. Parte destes envolvidos serão ouvidos de dentro de uma sala no Fórum de ville, enquanto os demais que estão presos prestarão depoimento da própria unidade prisional.
A sessão começa às 10h e devem seguir até o final da tarde.
