VÍDEO: ‘É desumano’, advogada fala sobre situação dos 22 trabalhadores demitidos em Gaspar 5yc2u

Trabalhadores que continuam na empresa estão com medo de entrar com processo trabalhista pois empresa faz ameaças, afirma advogada 1u5t1j

O caso da empresa Tabocas, de Belo Horizonte, que atua no ramo da construção de linhas de transmissão e subestações de energia e fez uma demissão em massa de trabalhadores de um canteiro de obras em Gaspar, no Vale do Itajaí, teve mais um capítulo.

Alojamento em que trabalhadores vivem está em condições precárias – Vídeo: Divulgação/Arquivo pessoal/ND

Isso porque os 22 trabalhadores que foram demitidos por justa causa conseguiram uma advogada para representá-los. A advogada trabalhista Letícia Zendron conta que chegou até os trabalhadores porque eles ligaram para diversos escritório em busca de apoio. Além disso, ela destaca que não concorda com a demissão por justa causa.

“Em relação a esses 22 que foram dispensados por justa causa, a empresa alega que eles fizeram uma greve ilegal. Eles tinham parado de trabalhar um ou dois dias e por isso demitiram os principais líderes para amedrontar os outros e eles começassem a trabalhar novamente. Eu entendo que essa dispensa foi ilegal porque eles não podiam ter dispensado sem antes ter dado uma advertência, uma suspensão”, afirma.

Zendron também ressalta que os outros trabalhadores que continuaram na empresa estão vivendo em uma situação deplorável. “Os demais que continuam trabalhando na empresa estão alegando más condições no alojamento e é uma situação deplorável. É bem sujo, eles dormem em 18 pessoas em um só quarto, os banheiros estão entupidos e eles também sabem que eles têm uma série de direitos que estão sendo violados pela empresa. Um deles, por exemplo, é o adicional de periculosidade, já que eles trabalham com energia e a empresa não paga, eu vi as folhas de pagamento. Eles também alegaram reajuste do sindicato entre outras circunstâncias”.

A advogada também destacou outra situação que lhe chamou atenção: o fato de todos os trabalhadores terem vindo do Nordeste do país e, com isso, estarem totalmente desamparados. “É uma situação bem complicada porque eu pude perceber que todos são do Nordeste, então, a empresa optou por contratá-los com a promessa de que eles teriam uma boa oportunidade, um bom alojamento. A empresa pagou a agem de todos eles para virem para cá. Só que todos eles estão em uma situação muito complicada porque eles simplesmente não têm para onde ir. Se eles pedem demissão eles não recebem seguro desemprego, não têm FGTS e nem o dinheiro para voltar para as suas casas”, ressalta.

Inclusive, os 22 trabalhadores que foram dispensados por justa causa foram proibidos de voltar ao alojamento. “Ou seja, a empresa dispensou e disse que eles não poderiam mais voltar lá, mas todas os pertences deles estavam no local. Esse é grande problema, eles não podem pedir demissão se não eles ficam sem nada, só que, por outro lado, a empresa não quer dispensar eles sem justa causa. Por isso que nós vamos entrar com um processo judicial para pedir outros direitos”, afirmou.

Para os 22 empregados que foram dispensados, a advogada já está negociando com a empresa para que a demissão por justa causa seja revertida. Além disso, a empresa custeou a agem de retorno dos trabalhadores para suas casas e um hotel para que eles pudessem ar a noite. “Eu encontrei o advogado da empresa naquele mesmo dia [28] e nós fizemos um acordo verbal, mas algumas partes do acordo a empresa já cumpriu. A maior parte desses nossos 22 clientes já estão retornando para casa. Com relação aos demais, a gente está com um problema porque parece que a empresa está ameaçando e muitos deles estão inseguros com o fato de entrar com um processo trabalhista”, relata.

Versão dos trabalhadores i692m

Um dos trabalhadores que foi demitido, Francisco Guimarães, contou que a paralisação foi pacífica e com a intenção de negociar. “A gente parou de forma pacífica, sem bagunça porque é a única forma de a gente chamar atenção, porque aqui a gente não tem apoio. Ficamos parados dois dias, só nós e Deus e eles chamaram a polícia, tentaram fazer a gente a justa causa com pressão psicológica. São pessoas que não têm conhecimento, que não tem estudo, muitas pessoas am a justa causa porque não sabem ler nem escrever”, disse.

O trabalhador ainda afirmou que os alojamentos estão precários e que os homens precisam dormir em 20 no mesmo quarto. “São condições precárias, é desumano. Você imagina ficar em um quarto com 20 pessoas? Cada um de um local diferente, de um cultura diferente. E nós tentamos ir atrás dos nossos diretos numa boa, na negociação e eles colocando pressão psicológica na gente para fazer o que eles queriam”.

Ele ainda agradeceu a ajuda da advogada Letícia Zendron. “A advogada foi um anjo que caiu do céu. Eu não sei nem como agradecer essa mulher. Graças a ela nós estamos aqui, porque se não fosse por ela e pela justiça eu garanto que não tinha um peão aqui, um nordestino colocando o pé num hotel desse aqui”, finalizou.

Parte dos trabalhadores que foram demitidos por justa causa no hotel em que aram a noite – Foto: Marco Aurélio Júnior/NDParte dos trabalhadores que foram demitidos por justa causa no hotel em que aram a noite – Foto: Marco Aurélio Júnior/ND

O Siticom (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário de Blumenau) informou que recebeu a denúncia e fez o que estava dentro das suas possibilidades, porém, desde o início a empresa se recusou a enviar documentos alegando não se enquadrar na categoria.

O caso u3w1e

A demissão aconteceu após os funcionários fazerem uma paralisação reivindicando por melhores condições de trabalho. Entre os pedidos estavam reajuste salarial, vale-alimentação, melhorias nos alojamentos e na alimentação e padronização do tempo de folga para voltar para casa, já que a maioria dos trabalhadores não são da região.

A empresa tem cerca 280 trabalhadores no canteiro de obras localizado em Gaspar. A ampliação da subestação energia elétrica é uma obra pública federal, de responsabilidade do Ministério de Minas e Energias, e que vai de Rio do Sul a Navegantes.

Canteiro de obra é a ampliação da subestação de Gaspar – Foto: Marco Aurélio Júnior/NDCanteiro de obra é a ampliação da subestação de Gaspar – Foto: Marco Aurélio Júnior/ND

*Contribuiu o repórter Marco Aurélio Júnior.

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