VÍDEO: Vereador é acusado de xenofobia por fala em caso de trabalho escravo 1x1126

Caso aconteceu nesta terça-feira (28), quando o vereador pediu para que não contratassem mais "aquela gente lá de cima” e ainda afirmou que a cultura baiana é resumida em "apenas tocar tambor" 4944i

O vereador Sandro Fantinel (Patriota), de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, foi acusado de xenofobia nesta terça-feira (28). Ele teria usado a tribuna e questionado a repercussão do caso dos mais de 200 trabalhadores resgatados em situação de escravidão nas vinícolas de Bento Gonçalves.

Vereador de Caxias do Sul é acusado de xenofobia contra trabalhadores bahianos – Foto: TV Câmara Caxias/Reprodução/NDVereador de Caxias do Sul é acusado de xenofobia contra trabalhadores bahianos – Foto: TV Câmara Caxias/Reprodução/ND

Em fala, o parlamentar pede que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, em referência aos trabalhadores vindos da Bahia. Fatinel ainda sugere que se dê preferência a empregados vindos da Argentina, que segundo ele, seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.

Segundo o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), dos 207 empregados resgatados do alojamento em Bento Gonçalves, 194 eram baianos. Os funcionários afirmaram serem extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e spray de pimenta.

Os trabalhadores foram contratados pela Fênix Serviços istrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região.

Confira o momento da fala:

Vereador pede para que produtores “não contratem mais aquela gente lá de cima” – Vídeo: TV Câmara Caxias/Reprodução/ND

Repercussão 4r5a6j

O deputado estadual Leonel Radde (PT) afirmou, em suas redes sociais, que foi registrado um Boletim de Ocorrência contra o vereador. “Acabamos de registrar um novo BO contra a fala racista do vereador de Caxias do Sul/RS, Sandro Fantinel, que declarou que ‘baianos são sujos e sabem apenas tocar tambor e dançar’”.

Ele ainda complementa dizendo que “o Rio Grande do Sul e o Brasil não são lugares para racistas, escravocratas!”.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também se manifestou contra o “discurso xenofóbico e nojento de vereador de Caxias”: “não representa o povo do RS. Não itiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade. Os gaúchos estão de braços abertos para todos, sempre”.

Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia, se manifestou no Twitter sobre o caso: “eu repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que tratem nenhum nordestino ou baiano com preconceito ou rancor”.

Ele ainda complementa dizendo que “é desumano, vergonhoso e inissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana” e adotou medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado por sua fala.

Expulsão do partido 1f6w6

Confira a íntegra da nota do partido:

“Exmo. Sr.  SANDRO LUIZ FANTINEL Vereador eleito pelo PATRIOTA

Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS

Em 28/02/2023 veio a público o pronunciamento desrespeitoso e inaceitável feito por Vossa Excelência na tribuna da Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS, acerca de investigação envolvendo 200 trabalhadores de vinícolas em Bento Gonçalves/RS, encontrados pelas autoridades em situação análoga à de escravidão.

As palavras de Vossa Excelência, no uso da tribuna parlamentar e no exercício do cargo de vereador pelo PATRIOTA, abaixo degravadas, foram as seguintes: “…agora o patrão vai ter que pagar empregada pra fazer limpeza todo dia pros bonitos  também? É isso que tem que acontecer? Temos que botar eles no hotel cinco estrelas pra não ter problemas com o Ministério do Trabalho? É isso que nós temos que fazer? Gente, eu só vou dar um conselho: agricultores, produtores, empresas agrícolas que estão neste momento me acompanhando, eu vou dar um conselho pra vocês: não contratem mais  aquela gente lá de cima…conversem comigo, vamos criar uma linha e vamos contratar os  argentinos. Porque todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje, só batem  palmas. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem horário, mantém a casa limpa e no  dia de ir embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que  receberam. Em nenhum lugar no Estado, na agricultura, teve um problema com um  argentino ou com um grupo de argentinos.

Agora, com os baianos, que a única cultura que  eles tem é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema.  Então eu quero dizer, óh, deixem de lado, deixem de lado, que isso sirva de lição. Deixem de  lado aquele povo que é acostumado com carnaval e festa, pra vocês não se incomodar  novamente. E vou mais longe, e vou mais longe. O problema, senhoras e senhores, ele foi  tão grave, mas foi tão grave, foi uma escravidão tão grave, que além dos caras voltar  bêbados para o trabalho, né, teve vários, teve vários, desse mesmo grupo, que não quiseram  ir embora, que quiseram permanecer em Bento, que quiseram permanecer na empresa e  continuar trabalhando. Ué! Mas se estava tão ruim, Sr. Presidente, se estava tão ruim a  escravidão, como é que alguns do próprio grupo, não quiseram ir embora, quiseram  permanecer trabalhando na empresa. Ué! Se estava tão ruim, a situação teria que ser  unânime. Todos deveriam querer ir embora. Então vamos abrir o olho, povo que me assiste,  tá (?) quando falam de análogo à escravidão, porque eu conheço bem como fuciona essa  escravidão […] pra concluir, Sr. Presidente, pra concluir, a intenção é trabalhar 10, 15, 20  dias, e receber 60 mais os direitos, essa é a intenção, obrigado Sr. Presidente.”O discurso está maculado por grave desrespeito a princípios e direitos constitucionalmente assegurados, à dignidade humana, à igualdade, ao decoro, à ordem, ao trabalho, já que se referem de forma vil a seres humanos tristemente encontrados em situação degradante. Esta situação torna inconciliável sua permanência nas fileiras do PATRIOTA, partido que  prima pelo respeito às leis, à vida e à equidade.

Diante disso, o PATRIOTA NACIONAL vem comunicar Vossa Excelência, Exmo. Sr. SANDRO LUIZ FANTINEL, vereador de Caxias do Sul/RS que fez uso desabonador da tribuna no exercício do mandato, quanto à sua expulsão das fileiras do partido na  data de hoje. Esta decisão foi oficiada à Vossa Excelência, à Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS, à Justiça Eleitoral, à imprensa e ao público”.

O que diz o vereador 366m1d

A reportagem do ND+ entrou em contato com o vereador Sandro Fantinel por meio de WhatsApp, nesta quarta-feira (1º), e o parlamentar afirmou que “no momento de calor” falou algumas “coisas erradas” e pediu desculpas pelo erro.

“Falei algumas palavras em um momento de calor, em um momento de discussão na tribuna que a gente, na política, é acostumado. (…) Eu reconheci o erro e pedi pra retirarem dos canais da casa, porque eu eu vi que aquilo não era correto. Não condiz comigo, pedi desculpa para os colegas vereadores por aquela fala lá e assim foi. (…)

E o que quero dizer, de uma parte da história, é que a minha pauta quando fui para tribuna era referente sobre uma situação que está acontecendo esporadicamente aqui na região de Caxias do Sul, de grupos que vem trabalhar no interior. Não é uma coisa contínua. Eles vêm e pedem para trabalhar, se alojam e trabalham quinze, vinte dias e depois eles sujam tudo o ambiente, o alojamento onde eles ficam, chamam a imprensa e chamam os fiscais e dizem que estão análogos a escravidão. Então eles estão dando esse tipo de golpe no agricultor daqui. Por que tem poucos registros? Tem poucos registros porque a maioria desses golpes que acontece e são grupinhos pequenos de cinco, seis pessoas. Eles chegam para o agricultor e dizem, ó, nós fotografamos aqui o alojamento, se o senhor não der tanto para nós, nós denunciamos o senhor como  escravagista. O agricultor entrou em pânico né? Sabe que se contestar perde e daí paga para eles aquilo que eles querem. Aí eles pegam vão embora e está tudo certo. Entende? Então está acontecendo isso aí.

Só que como essa era a minha pauta para o povo entender o que é que na minha fala, eu toquei no assunto de Bento Gonçalves sobre baianos. Mas eu simplesmente toquei naquele assunto lá para as pessoas entenderem qual era o contexto da minha fala. (…)

E outra coisa, falei dos baiano e te digo assim ó, se em vez de trabalhadores baianos fossem trabalhadores aqui do Rio Grande do Sul, da fronteira do Rio Grande do Sul, eu teria dito, teria falado gaúchos, se tivesse sido de Santa Catarina, do Paraná, enfim, eu teria dito da onde era”, explica o vereador.

Ainda segundo Fantinel, ele não tem nada contra a Bahia.

“Então não significa que eu me pontuei sobre a Bahia. Jamais! Eu não tenho nada contra a Bahia, pelo amor de Deus, conheço aquele lugar lá, conheço aquelas praias maravilhosas, aquele povo maravilhoso que não se pode falar nada, claro que sempre tem as maçãs podres, mas são poucas, né?

Então o que eu quero dizer é o seguinte, que eu só toquei no nome Bahia, porque eram trabalhadores da Bahia que faziam parte do processo de Bento Gonçalves. Inclusive eu quero relatar aqui que eu sou totalmente contra, eu abomino o que aconteceu em Bento. Porque em Bento Gonçalves foi realmente um pessoal lá olhar e me disse que realmente era escravidão inclusive e que as pessoas sofriam ameaças. E isso nenhum animal merece esse tipo de coisa. Eu abomino esse tipo de coisa”, afirma.

Fantinel se mostrou arrependido pela fala e pediu desculpas.

“Pelo amor de Deus, me desculpem os baianos que me entenderam mal, se levaram mal, não tenho nada contra aquele povo, muito pelo contrário Foi simplesmente uma forma de falar, não muito correta. Só que reconheci que eu tinha errado na mesma hora”, explica.

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